Por: Paula Freire
(colaboradora do Memórias...e outras coisas...)
No momento em que dou início a esta crónica, levanto o olhar, num mero acaso, em direção à janela da sala. Avisto a beleza fascinante de um horizonte magenta, com aquela mistura certa de azul e vermelho capaz de transformar qualquer pôr do sol numa incomparável e pura obra-prima, pincelada pela divina natureza.
Admiráveis e, simultaneamente, surpreendentes estes insólitos ocasos de cor e luz que o mês de janeiro nos pode proporcionar. Tempo de dias cinzentos, num dos meses mais frios do ano, principalmente no norte do país, em que o corpo pede o calor da lareira e, tantas vezes, o semblante nos divaga, melancólico, pela chuva que vai caindo sem cessar.
Singular contraste de atípicos céus luminares de inverno com a rotina desenfreada que vamos vivendo. Enquanto esta luz do céu de janeiro se vai espalhando em matizes de ouro e rubro em muitos nasceres e términos dos dias, acompanhamos uma sociedade mergulhada em sentimentos depressivos e de ansiedade, num panorama pouco esperançoso e impeditivo de alternativas para se reinventar, de modo a seguir em frente.
Incongruências de um universo tão soberbamente organizado que, sem bater à porta ou pedir autorização, nos oferece aquela bofetada sem mão e abana as estruturas deste nosso pequenino mundo, do qual sempre nos fomos considerando, cada um e todos juntos, senhores e reis.
Entretanto, continuamos a construir novos percursos, deitados nesta cama de incertezas sobre os contornos de batalhas que desejamos vencer. Talvez porque confiar é tudo o que nos resta na procura desse equilíbrio tão fundamental à nossa existência.
Encontrar a disponibilidade de um momento, ainda que fugaz, para pousar o olhar sobre o harmonioso e acolhedor cenário artisticamente pintado com estas inusitadas cores de janeiro, poderá, afinal, neste frio inverno da vida, ser simplesmente esse agasalho confortável com sabor de uma verdadeira canja de galinha para nos aquecer a alma.
Em jeito de despedida, hoje, dir-vos-ia, como a compositora e cantora polaca, Hania Rani, na sua canção ‘Leaving’ (tema que apresenta no álbum, Home):
Admiráveis e, simultaneamente, surpreendentes estes insólitos ocasos de cor e luz que o mês de janeiro nos pode proporcionar. Tempo de dias cinzentos, num dos meses mais frios do ano, principalmente no norte do país, em que o corpo pede o calor da lareira e, tantas vezes, o semblante nos divaga, melancólico, pela chuva que vai caindo sem cessar.
Singular contraste de atípicos céus luminares de inverno com a rotina desenfreada que vamos vivendo. Enquanto esta luz do céu de janeiro se vai espalhando em matizes de ouro e rubro em muitos nasceres e términos dos dias, acompanhamos uma sociedade mergulhada em sentimentos depressivos e de ansiedade, num panorama pouco esperançoso e impeditivo de alternativas para se reinventar, de modo a seguir em frente.
Incongruências de um universo tão soberbamente organizado que, sem bater à porta ou pedir autorização, nos oferece aquela bofetada sem mão e abana as estruturas deste nosso pequenino mundo, do qual sempre nos fomos considerando, cada um e todos juntos, senhores e reis.
Entretanto, continuamos a construir novos percursos, deitados nesta cama de incertezas sobre os contornos de batalhas que desejamos vencer. Talvez porque confiar é tudo o que nos resta na procura desse equilíbrio tão fundamental à nossa existência.
Encontrar a disponibilidade de um momento, ainda que fugaz, para pousar o olhar sobre o harmonioso e acolhedor cenário artisticamente pintado com estas inusitadas cores de janeiro, poderá, afinal, neste frio inverno da vida, ser simplesmente esse agasalho confortável com sabor de uma verdadeira canja de galinha para nos aquecer a alma.
Em jeito de despedida, hoje, dir-vos-ia, como a compositora e cantora polaca, Hania Rani, na sua canção ‘Leaving’ (tema que apresenta no álbum, Home):
“Are you leaving?
(…)
The doors are open, remember to take care”…
Paula Freire - Natural de Lourenço Marques, Moçambique, reside atualmente em Vila Nova de Gaia, Portugal.
Com formação académica em Psicologia e especialização em Psicoterapia, dedicou vários anos do seu percurso profissional à formação de adultos, nas áreas do Desenvolvimento Pessoal e do Autoconhecimento, bem como à prática de clínica privada.
Filha de gentes e terras alentejanas por parte materna e com o coração em Trás-os-Montes pelo elo matrimonial, desde muito cedo desenvolveu o gosto pela leitura e pela escrita, onde se descobre nas vivências sugeridas pelos olhares daqueles com quem se cruza nos caminhos da vida, e onde se arrisca a descobrir mistérios escondidos e silenciosas confissões. Um manancial de emoções e sentimentos tão humanos, que lhe foram permitindo colaborar em meios de comunicação da imprensa local com publicações de textos, crónicas e poesias.
O desenho foi sempre outra das suas paixões, sendo autora das imagens de capa de duas obras lançadas pela Editora Imagem e Publicações em 2021: Cultura sem Fronteiras (coletânea de literatura e artes) e Nunca é Tarde (poesia).
Prefaciadora do romance Amor Pecador, de Tchiza (Mar Morto Editora, Angola, 2021) e da obra poética Pedaços de Mim, de Reis Silva (Editora Imagem e Publicações, 2021).
Autora do livro de poesia Lírio: Flor-de-Lis (Editora Imagem e Publicações, 2022).
Em setembro de 2021, a convite da Casa da Beira Alta, realizou, na cidade do Porto, uma exposição de fotografia sob o título: "Um Outono no Feminino: de Amor e de Ser Mulher".
Atualmente, é colaboradora regular do blogue "Memórias... e outras coisas..."-Bragança, da Revista HeliMagazine e da Revista Vicejar (Brasil).
Há alguns anos, descobriu-se no seu amor pela arte da fotografia onde, de forma autodidata, aprecia retratar, em particular, a beleza feminina e a dimensão artística dos elementos da natureza, sendo administradora da página de poesia e fotografia, Flor De Lyz.
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