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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2023

Na noite de cantar os Reis...

 Por: Luís Abel Carvalho
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)

Na noite de cantar os Reis, geladas e escuras de Janeiro, saíam os 
garotos com uma taleiga cada e cantavam afinados, principalmente às casa mais ricas. 
Algumas destas quadras foram inventadas, outras eram de tradição:



“ Ind´ágora aqui tchiguei,
 pus o pé nesta escada
 logo o meu coração disse
 qu´aqui mora gente honrada.”

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“ Quem diremos nós que biba,
 Num ramo de salsa crua
 É a menina Julinha
 Qu´alumia toda a rua “.

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“ Ó Senhora qu´está lá dentro
 Assentada à lareira
 Deite os olhos ó fumeiro
 E bote pra cá um´alheira.”

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“ Ó Senhora qu´está lá dentro
 Assentada ó fogão
 Deite os olhos ó fumeiro
 E bote pra cá um salpicão.”

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“ Senhores qu´estão lá dentro
 Desta casa munto tcheia
 Deitem os olhos ó fumeiro
 e botem pra cá uma tabafeia.”

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“ Ó Senhora qu´está la dentro
 A quem nada mete medo
 Deite os olhos ó fumeiro
 e bote pra cá um azedo.”

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“ Esta casa é tão limpinha
 Nem sequer um aranhiço.
 Deitem os os olhos ó fumeiro
 E botem pra cá um tchouriço”.

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“ Esta casa é bem alta,
 Forrada a papelão,
 O Senhor que nela mora,
 É um grande cidadão “.

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“ Se nos querem dar os Reis,
 não estejam a demorar,
 somos peregrinos de longe
 e temos munto pr´ándar “.

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“ As Janeiras que nos derem,
 Deus le pague ó pecador
 Deus queira que pró ano
 Nos façam o mesmo fabor “.

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“ Alebante-se lá, Sr. José
 Desse banco de cortiça.
 Banha-nos dar os Reis,
 Uma morcela ou uma tchouriça “.

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“ Ó qu´istrela tão brilhante
 Que nos bem alumiar.
 É a Senhora da casa
 Que nos bai combidar pra entrar “.

Fontes de Carvalho
, pseudónimo de Luís Abel Carvalho, nasceu no Larinho, uma aldeia transmontana do Concelho de Torre de Moncorvo, Distrito de Bragança. É o filho do meio de três irmãos.
Estudou em Moncorvo, Bragança e no Porto, onde se formou em Engenharia Geotécnica. É casado e Pai de três filhos.
Viveu no Brasil, onde passou por momentos dolorosos e de terror, a nível económico e psicológico. Chegou a viver das vendas de artesanato nas ruas e a dormir debaixo de Viadutos.
No ano de 1980 e 1981 foi Professor de Matemática em Angola, na Província de Kwanza Sul, em Wuaku-Kungo. Aí aprendeu a desmistificar certos mitos e viveu uma realidade muito diferente da propagandeada.
Em Portugal deu aulas de Matemática em diversas cidades, nomeadamente em São Pedro da Cova, Ponte de Lima, Cascais (na Escola de Alcabideche, onde deu aulas aos presos da cadeia do Linhó), Alcácer do Sal, Escola Francisco Arruda e Luís de Gusmão, em Lisboa. Frequentou durante quatro anos, como trabalhador-estudante, o curso de Engenharia Rural, no Instituto Superior de Agronomia.
Em 1995 fundou a empresa Bioprimática – Reciclagem de Consumíveis de Informática, onde trabalha até hoje como sócio-gerente.

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