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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2023

LÉRIAS NÃO ADUBAM SOPAS

Por: Maria dos Reis Gomes
(colaboradora do Memórias...e outras coisas...)

Recentemente a ouvir a rádio, e depois daquelas entrevistas repetitivas sobre “casos e casinhos”, houve um intervalo no programa a sugerir uma visita a um qualquer lugar no interior do país. Aí um habitante, com um sotaque bem acentuado de quem vive há muito tempo “para lá dos montes”, dizia:
“Lérias não adubam sopas”.
Não ouvi mais nada. Aquela frase sintetizava tudo o que tenho pensado sobre o que vai no mundo e, sobretudo, no nosso país. Revi-me de volta à aldeia dos meus avós onde passei tantas férias de Verão. E chega-me a memória do silêncio das pessoas centradas, sobretudo, no seu trabalho árduo; da forma como se ajudavam mutuamente no trabalho da ceifa e, depois, da malha do centeio; da forma como respeitavam a pouca água que lhe era destinada na ”hora da rega” para refrescar a horta. Eram pouco “palavrosas”, mas muito eficientes. Gente séria, justa, de palavra e de princípios. E é esta seriedade e justeza que não vejo nos dias de hoje. Sobretudo dos exemplos que vêm de cima. E o que é menos mau acaba por ser “sufocado” por tanta anormalidade.
Não sou saudosista. Mas gosto de recordar as pequenas coisas que me fizeram feliz e quem sou. Sinto um orgulho enorme do lugar de onde venho, de ter vivido com os exemplos dessa gente que moldou a minha forma de estar e de ser.
Fico ofendida quando vejo as “deslumbradas” e os “deslumbrados” que viveram como eu a realidade que descrevi e hoje se aproveitam dos “tachos” que lhes são oferecidos (ou que mendigam, tanto dá) para aumentar o seu espólio
Inscrevem-se no Partido não para defenderem os valores proclamados nos seus princípios. Acredito mesmo que a maioria nunca os leu. Nada sabem sobre a sua fundamentação ideológica. Preocupam-se apenas com as leis que podem ajudar nos seus “arranjinhos”.
Sim, estou zangada com o meu país. Zangada com a descrença, zangada com as extorsões. Com um país onde uma grande parte dos governantes ou candidatos a governantes falam muito e fazem pouco, atrapalham-se nas suas confusões e perdem o norte. Quem passa o tempo a gerir conflitos ou a orquestrar a melhor forma de “passar a perna” ao outro não tem tempo para servir o povo que prometeu proteger.
Enquanto tudo isso, espera o SNS com hospitais e centros de saúde a precisarem de obras e equipamentos actualizados bem como o pessoal competente e comprometido com as suas obrigações, que devia ser pago com um preço justo; Espera a Escola Pública a viver, se não o pior, um dos seus piores tempos, com programas desajustados que tornam os alunos desinteressados, com turmas enormes e burocracias que cansam e fazem desistir professores mal remunerados e desclassificados 
Enquanto isso, esperamos a concretização das promessas com as quais se iludiram os portugueses a quem foi “anunciada” uma habitação condigna e uma vida longe da fome e da pobreza que se cola ao corpo; Esperamos pelos lares condignos, ou qualquer outro modelo de apoio, a preços acessíveis, que respeite os velhos isolados e abandonados. 
Podia continuar a elencar tudo que já sabemos e nos deixa na cauda da Europa. Merecemos mais e melhor.
Como “Lérias não adubam sopas” talvez precisemos de voltar à rua e gritar a nossa indignação…
Tal como dizia Zeca Afonso, "Não me obriguem a vir para rua gritar".

6 de Janeiro de 2023

Maria dos Reis Gomes
, nascida e criada em Bragança. Estudou na Escola do Magistério em Bragança, no Instituto António Aurélio da Costa Ferreira em Lisboa e na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação no Porto, onde reside.
Sempre focada no ensino e na aprendizagem de crianças com NEE (Necessidades Educativas Específicas) deu aulas no CEE (Centro de Educação Especial em Bragança). Já no Porto integrou o Departamento de Educação Especial da DREN trabalhando numa perspetiva de “ escola para todos, com todos na escola). Deu aulas na ESE Jean Piaget e ESE Paula Frassinetti. No Porto. A escola, a educação e a qualidade destas realidades, são os mundos que me fazem gravitar. 
Acredito que, tal como afirmou Epicteto “ Só a educação liberta”. Os meus escritos procuram reflectir esta ideia filosófica.

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