Por: José Mário Leite
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)
As exéquias fúnebres respeitaram a sua vontade, tanto quanto foi possível. “Quero uma cerimónia simples e sem grandes manifestações de pesar”. Era impossível conter a comoção e tristeza de quantos estiveram na igreja matriz de Vila Flor, para um último adeus e a simplicidade das cerimónias religiosas não ultrapassaram a necessária solenidade da presença dos seus pares presididos pelos bispo auxiliar e arcebispo de Braga, D. Delfim Gomes e D. José Cordeiro. “Quero cânticos alegres, na hora da minha partida”.
Com a direção do pároco, Francisco Pimparel, o coro, que tantas vezes orientou, entoou dez cânticos, quatro deles musicados por si. “Não pretendo grandes arranjos florais. Coisa simples e do quotidiano”.
Com a direção do pároco, Francisco Pimparel, o coro, que tantas vezes orientou, entoou dez cânticos, quatro deles musicados por si. “Não pretendo grandes arranjos florais. Coisa simples e do quotidiano”.
À riqueza arquitetónica do templo, nada de faustoso foi acrescentado. Junto da urna, pousada diretamente no solo, coisas simples, do quotidiano, onde sobressaía uma cruz de madeira rústica com o rosto de Cristo pintado, em singela alegoria a uma vida dedicada ao serviço da Igreja e, sobretudo, a todos quantos procuraram conforto, auxílio, orientação ou apoio moral e religioso.
“Se calhar é uma pretensão descabida, um capricho despropositado, mas gostava de levar, na mão, uma rosa amarela”. Não, não é. Podia ser uma açucena trazida da Ermida da Senhora do Castelo, a cuja proteção se entregou, há tantos anos, sobretudo nos períodos mais críticos das várias doenças que ao longo da vida o afligiram e atormentaram; podia ser uma flor silvestre colhida nas encostas do Santuário da Senhora da Assunção a quem foi consagrado no batismo e de quem colheu o nome; podia ser um ramo verde originário das redondezas da capela da Senhora dos Anúncios que o protegeu durante a meninice, nas suas caminhadas para a escola distante; ou uma rosa qualquer vinda da Vilariça, da Senhora da Rosa, em Sampaio, de onde se podia ver a Santa Cruz... uma rosa sim, mas especial, sobretudo na cor: amarela, como homenagem a todas elas (afinal “TODAS AS NOSSAS SENHORAS SÃO A MESMA MÃE DE DEUS”) na figura tutelar da sua mãe, Felicidade do Céu, que, de todas as flores, preferia as rosas amarelas.
Uma rosa, também como tributo a Vila Flor, terra que o viu nascer e que calorosamente o acolheu e que, segundo ele, deverá juntar à Flor de Lis, as rosas que se abrigam no regaço da Rainha Santa, recordada em estátua na Praça da República e a que o padre Joaquim da Assunção Leite quis dar vida e cujo projeto há de ser continuado e levado a cabo, com o apoio da Câmara Municipal de acordo com o compromisso assumido pelo seu presidente.
José Mário Leite, Nasceu na Junqueira da Vilariça, Torre de Moncorvo, estudou em Bragança e no Porto e casou em Brunhoso, Mogadouro.
Colaborador regular de jornais e revistas do nordeste, (Voz do Nordeste, Mensageiro de Bragança, MAS, Nordeste e CEPIHS) publicou Cravo na Boca (Teatro), Pedra Flor (Poesia) e A Morte de Germano Trancoso (Romance), Canto d'Encantos (Contos) tendo sido coautor nas seguintes antologias; Terra de Duas Línguas I e II; 40 Poetas Transmontanos de Hoje; Liderança, Desenvolvimento Empresarial; Gestão de Talentos (a editar brevemente).
Foi Administrador Delegado da Associação de Municípios da Terra Quente Transmontana, vereador na Câmara e Presidente da Assembleia Municipal de Torre de Moncorvo.
Foi vice-presidente da Academia de Letras de Trás-os-Montes.
É Diretor-Adjunto na Fundação Calouste Gulbenkian, Gestor de Ciência e Consultor do Conselho de Administração na Fundação Champalimaud.
É membro da Direção do PEN Clube Português.
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