O município diz que esta é uma forma de controlar os desperdícios de água no concelho. As pessoas até entendem, mas não concordam que tenham que ser elas a pagar a mudança do contador.
“O contador está dentro de casa há trinta e tal anos. Pôr os contadores na rua, concordo, não é preciso andarem a bater às portas. Mas as despesas da obra deviam ser da câmara”, disse um morador.
“Não concordo sermos nós a pagar. Da maneira como está tudo como vamos aguentar? É para a água, é para a luz, é para a renda, acho que é difícil para nós”, referiu outro morador.
A concelhia do PSD de Macedo de Cavaleiros já veio criticar a actuação do município. O presidente, José Madalena, disse que os gastos têm que ser suportados pela câmara, já que deu autorização para que os contadores ficassem instalados dentro das casas.
“Deverá ser a câmara municipal a suportar na íntegra as alterações exigidas, pois foi da sua responsabilidade o ter permitido ao longo dos anos que as construções se fizessem sem cumprir o que estava estipulado no decreto-lei 23/95 e no próprio regulamento de abastecimento de água de Macedo de Cavaleiros, que data de 2007. Aliás já na vigência do actual executivo, nos anos mais recentes, se fizeram construções em Macedo que não cumprem com estas normas”, afirmou.
Para o presidente da câmara, Benjamim Rodrigues, o PSD devia ter tido em consideração os anos que esteve à frente da autarquia e com perdas de água acima dos 80%.
“Isso é uma falsa argumentação. O PSD esteve a gerir o município durante 16 anos, com perdas que chegaram aos 84%, isso é que é grave. Deviam ter esse cuidado e não estar a criticar o que estamos a fazer agora correctamente”, disse.
O autarca explicou que esta é uma exigência de lei e que os gastos não são muito elevados e que em casos de famílias carenciadas, a câmara suporta a despesa.
“Nós estamos a falar de investimentos muito pequenos, eu acredito que possa ser um investimento de cada pessoa na ordem dos 30 ou 40 euros. Em famílias que tenham dificuldades nós suportaremos. Temos que ver que há muitas pessoas que têm capacidade financeira e com gestão do seu próprio orçamento familiar que é elevadíssimo não quer dizer que têm que onerar o município com mais encargos quando o município tem grandes dificuldades em assistir a todas as pessoas”, frisou.
O PCP de Macedo de Cavaleiros já se tinha manifestado sobre esta medida do executivo, acusando-o de intimidação aos munícipes por dizer que havia consequências para quem não mudasse o contador. Fátima Bento disse que o município afirmava que teriam que ser as pessoas a pagar todas as obras, mas depois da intervenção do PCP o discurso mudou.
“O Partido Comunista denunciou a situação e sensibilizou a população a tempo de eles ainda recuarem, contudo já houve situações de pessoas que pagar essas alterações e ninguém lhes disse que era a câmara municipal que fazia o resto das obras”, criticou.
Macedo de Cavaleiros já foi o concelho do país com mais perdas de água. Segundo o município, há cinco anos as perdas rondavam os 81%, mas agora são de 57%, o que permite uma poupança anual na ordem dos 200 mil euros.
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