D. Frei José Lencastre – Carmelita descalço, depois carmelita da antiga observância, onde foi provincial e comissário geral da ordem, bispo de Miranda, depois de Leiria, inquisidor geral e capelão-mor do rei D. Pedro II e do seu conselho de Estado.
Nasceu em Lisboa em 1620 e ali morreu a 13 de Setembro de 1705 e jaz na capela do convento dos Remédios dessa cidade. Era irmão do cardeal D. Veríssimo de Lencastre, inquisidor geral, ambos da mais esclarecida nobreza de Portugal, como quartos netos do rei D. João II, filhos de D. Francisco Luís de Lancastre, comendador-mor de Avis e de sua mulher D. Filipa de Mendonça.
Faria (122) não concorda exactamente com o autor do Anno Historico de onde tiramos as notícias referentes a este bispo, pois diz que era filho de D. Luís de Lencastre e de D. Filipa de Vilhena. O Portugal – Dicionário Histórico, etc., artigo «Lencastre», diz que nasceu em Lisboa a 19 de Março de 1621.
Professou o hábito dos carmelitas descalços no convento dos Remédios, em Lisboa, onde viveu sete anos e dois meses, mas, sobrevindo-lhe padecimentos que punham em perigo a sua vida, passou com breve do Papa para os carmelitas da observância, entre os quais esteve quase trinta e dois anos, sendo seu provincial e comissário geral.
Nasceu em Lisboa em 1620 e ali morreu a 13 de Setembro de 1705 e jaz na capela do convento dos Remédios dessa cidade. Era irmão do cardeal D. Veríssimo de Lencastre, inquisidor geral, ambos da mais esclarecida nobreza de Portugal, como quartos netos do rei D. João II, filhos de D. Francisco Luís de Lancastre, comendador-mor de Avis e de sua mulher D. Filipa de Mendonça.
Faria (122) não concorda exactamente com o autor do Anno Historico de onde tiramos as notícias referentes a este bispo, pois diz que era filho de D. Luís de Lencastre e de D. Filipa de Vilhena. O Portugal – Dicionário Histórico, etc., artigo «Lencastre», diz que nasceu em Lisboa a 19 de Março de 1621.
Professou o hábito dos carmelitas descalços no convento dos Remédios, em Lisboa, onde viveu sete anos e dois meses, mas, sobrevindo-lhe padecimentos que punham em perigo a sua vida, passou com breve do Papa para os carmelitas da observância, entre os quais esteve quase trinta e dois anos, sendo seu provincial e comissário geral.
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(122) FARIA,Manuel Severim de – Notícias de Portugal, tomo II, p. 255. Igual apelido dá à mãe Frei José de Jesus Maria na Crónica da Santa Província de Santa Maria da Arrábida, parte II, livro III, cap. XXIV, n.º 659.
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Eleito bispo de Miranda a 22 de Outubro de 1676, foi confirmado em Roma a 26 de Abril do ano seguinte e sagrado em Lisboa por seu irmão D. Veríssimo de Lencastre a 25 de Julho de 1677. Em 1681 foi transferido para a Sé de Leiria (123).
Este bispo estabeleceu em Miranda um colégio do título de S. José com renda para o sustento de doze colegiais e com reitor, vice-reitor e mestre de latim (124). E estando já em Leiria, a seu pedido «fez um religioso leigo de S. Bernardo, o transito de S. Francisco que está na portaria do convento dos franciscanos de Alcantara e á sua custa mandou conduzir as imagens e collocá-las onde estão e fazem uma representação tanto ao vivo da morte de S. Francisco, que muitos que sem prevenção chegam á portaria o admiram com susto, julgando serem frades vivos que assistem a um moribundo» (125).
Também mandou gravar sobre a lápide da sepultura de seu irmão, o cardeal D. Veríssimo de Lancastre, no alpendre do convento franciscano de S. Pedro de Alcântara o seu epitáfio, que se pode ver na citada Chronica, e construir por conta da fazenda do mesmo cardeal, de quem ficou testamenteiro, a capela com porta para o mesmo alpendre dedicando-a aos três irmãos mártires de Lisboa – Veríssimo,Máxima e Júlia – que é obra «de singular arquitectura toda lavrada de embutidos de pedra» (126).
No Portugal Antigo e Moderno, artigo «Lisboa», pág. 274, lê-se que a D. João de Sousa, sumilher da cortina do rei D. Pedro II, doutorado em cânones e nascido em Lisboa em 1647, da família dos senhores de Gouveia de Riba-Tâmega, chefe dos Sousas, condes de Redondo, lhe foi oferecido o bispado de Miranda, que não aceitou, mas sim, em 1684, o do Porto, de onde foi promovido a arcebispo de Braga e depois da Sé de Lisboa.
Como ignoramos em que época lhe foi oferecido o nosso bispado, aqui deixamos esta notícia (127). Também pelas mesmas razões mencionamos aqui Miguel Soares Pereira, lente da Universidade de Coimbra, magistral de Lamego em 1615 (História Eclesiástica desta diocese,
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(123) SÁ,Manuel de, Frei – Memórias Históricas dos Ilustríssimos arcebispos, bispos e escritores portugueses da Ordem de Nossa Senhora do Carmo..., 1734, p. 262 e seg. Portugal – Dicionário histórico.
(124) SANTA MARIA, Francisco de, Fr. – Ano Histórico, vol. III, p. 5., CONCEIÇÃO, Cláudio da, Frei – Gabinete Histórico…tomo VII, p. 248. Portugal Antigo e Moderno, artigo «Miranda do Douro».
(125) JESUS MARIA, José de, Frei – Crónica da Santa Província de Santa Maria da Arrábida, parte II, livro III, cap. XXIII, n.º 655.
(126) Ibidem, cap. XXlV, n.ºs 667 e 668.
(127) CASTRO, João Baptista de, no Mapa de Portugal, tomo III, p. 154, refere esta mesma notícia. FONSECA, Francisco da – Évora Gloriosa, tomo I, p. 330.
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pág. 266), deputado da inquisição, doutoral na Sé do Porto, chantre na de Braga, que no Summario da Biblioteca Lusitana vem mencionado como autor de seis postilas de direito, e bispo eleito de Miranda. Igualmente na História Eclesiástica de Lamego, pág. 92, encontramos eleito para o bispado de Miranda, pelos anos de 1677, D. José de Meneses, o que não teve efeito, indo logo reger a diocese do Algarve e depois a de Lamego.
Eis como o Ano Histórico descreve as qualidades morais do bispo D. Frei José Lancastre: em todas as dignidades «se portou, diz este autor, sempre como religioso; os seus vestidos eram de lã; os interiores e os que lhe acharam na sua morte eram não só velhos mas remendados; os aposentos do seu palacio em nada se distinguiam da pobreza das cellas da mais estreita religião.
Comia em tinelo com religião espiritual, tratos e costumes religiosos e sempre com um pobre a quem punha á sua mão direita e lhe fazia e ministrava os pratos e então com maior alegria quando o pobre era mais asqueroso.
Na sua meza não entravam talheres nem peças algumas de prata; todas eram de latão e estanho.
Nos dias de Nossa Senhora ministrava por suas mãos o sustento a doze mulheres e nos dos apostolos a doze homens.
Repartia quantiosas esmolas e singularmente as empregava em pessoas nobres e pobres e a muitas de um e outro sexo deu estado decente em que fazia tão largos dispendios que parecia excediam as suas rendas aos que não reparavam na grande moderação com que se tratava.
A pensão de quatro mil cruzados que tinha no bispado de Leiria lá se repartia em esmolas. O ordenado de administrador da igreja de Nossa Senhora do Cabo ou lá ficava ou para lá tornava com augmento.
Foi muito amante da justiça, dos virtuosos e dos sabios; muito prudente, pio e moderado» (128).
Camilo Castelo Branco diz que este bispo teve um filho, mas não declara se foi antes ou depois de entrado na ordem eclesiástica (129).
Em 1656 havia sido enviado a Roma para tratar da beatificação do condestável D. Nuno Álvares Pereira, de onde só voltou em 1669.
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(128) SANTA MARIA, Francisco de – Ano Histórico, vol. III, p. 5.
(129) CASTELO BRANCO, Camilo – O Judeu, parte II, cap. I, p. 129.
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Sucedeu a seu irmão D. Veríssimo de Lencastre no cargo de inquisidor geral.
Em 1692 foi nomeado capelão-mor e em 1694 conselheiro de Estado (130).
Vagando o bispado de Leiria, foi nomeado para ele num dos últimos meses do ano de 1678; recebeu esta notícia estando em visita pastoral na cidade de Bragança. A 13 de Dezembro do mesmo ano expediram-se da secretaria de Estado as ordens para a concessão das bulas para o novo bispado, do qual tomou posse a 21 de Agosto de 1681 (131).
Além do colégio de S. José, que estabeleceu no Paço em Miranda, também «em beneficio dos moradores da mesma cidade de Miranda mandou a Coimbra buscar um sacerdote secular insigne nas latinidades, que em classe publica dentro no seu palacio ensinava aos que queriam aproveitar-se dos seus documentos». Pregava na Sé no primeiro domingo do Advento e na quarta-feira de Cinzas e em muitos dias administrava a penitência (132).
O retrato deste prelado está em tela no Paço Episcopal de Bragança e nela a legenda: D. Fr. Josephus de Lancas / tro natus Ulyssipone reli / giosus reformati ordinis / carmeli poste a translatus / ad ecclesiam Calliponemsem (sic) / regiae majestatis creatus sa / crificus maximus et inqui / sitor generalis, obiit Ulyssipo / ne, ubi jacet.
Num livro de brasões de armas vimos as deste prelado, que constavam das quinas do reino com a orla dos castelos.
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(130) Portugal – Dicionário histórico, artigo «Lencastre», ao tratar do seu nome.
(131) SÁ, Manuel de – Memórias Históricas dos Ilustríssimos arcebispos, bispos e escritores portugueses da Ordem de Nossa Senhora do Carmo..., p. 262.
(132) Ibidem.
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MEMÓRIAS ARQUEOLÓGICO-HISTÓRICAS DO DISTRITO DE BRAGANÇA
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