Trata-se do sistema de telegestão da rede de rega da barragem da Camba, que vai ser inaugurado na sexta-feira e que se diferencia de outros já existentes na região por permitir um controlo individualizado por parte dos beneficiários e da entidade gestora, a Junta de Agricultores da Camba.
O presidente desta organização, Luís Jerónimo, explicou à Lusa que o sistema resultou de um investimento de 300 mil euros e está inserido numa intervenção iniciada em 2018, que começou pela reabilitação de todo o regadio da Camba, desde a adutora a ramais, com um custo total de 6,5 milhões de euros.
Enquanto noutros sistemas apenas a entidade gestora pode intervir, na tecnologia instalada na barragem da Camba os cerca de 130 regantes desta zona do distrito de Bragança vão ter contadores próprios da água que consomem a que podem aceder através de computador ou telemóvel, e fazer o fecho, a abertura a programação da rega ou leitura de consumos em tempo real.
A explicação é da Junta de Agricultores da Camba, que gere e monitoriza com capacidade para agir quando for necessário, segundo o presidente, que adiantou que o sistema está também preparado para lançar alertas e intervir, se houver alteração do caudal da albufeira.
A barragem da Camba rega um perímetro superior a 300 hectares e fornece também água a mais 500 hectares de terrenos dos chamados regantes precários, aqueles que são abastecidos pela descarga de superfície, ou seja, quando o empreendimento está na cota máxima.
O regadio da Camba destina-se essencialmente a áreas do concelho de Alfândega da Fé com olival, amendoal, milho e hortícolas.
Em anos de seca como o de 2022, estes regantes deixam de ser prioritários porque a barragem tem a dupla função de regadio e abastecimento humano, segundo disse o presidente.
No ano passado, a Camba esteve a abastecer desde maio as populações de algumas aldeias do concelho de Alfândega da Fé e está projetada para, se necessário, garantir também água a aldeias dos concelhos vizinhos de Macedo de Cavaleiros e Mogadouro.
Este ano a barragem está cheia e com o novo sistema de telegestão da rega os responsáveis acreditam que irá permitir um uso mais eficiente da água.
O presidente da Junta de Agricultores da Camba acredita também que os investimentos feitos e a modernização dos sistemas disponíveis para a prática agrícola serão motivo de “interesse para chamar jovens para a agricultura”.
O concelho de Alfândega da Fé tem apostado no reforço do regadio e, segundo disse à Lusa o presidente da Câmara, Eduardo Tavares, há ainda outros projetos para concretizar no município e para os quais são aguardados apoios financeiros ou reforço dos financiamentos previstos.
O concurso para a construção da barragem de Gebelim, que servirá Vila Chão e Parada, termina na quinta-feira e o autarca espera que apareçam interessados em executar a obra.
Outra ambição local é o reforço do regadio do Vale da Vilariça, nomeadamente o alteamento da barragem da Burga e o aumento da área de rega do bloco norte, projetos que estão a ser desenvolvidos em parceria entre os municípios de Alfândega da Fé e Vila Flor.
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