“Tem a particularidade de ser feito com os bailarinos da companhia e a outra metade por pessoas da comunidade local”, explicou Olga Roriz ao Mensageiro, vincando que escolheu este texto “porque queria trabalhar com a comunidade”.
A peça estreou em Lisboa, mas já passou por Loulé, Portalegre e agora Bragança, e ainda vai ser encenada em mais 10 cidades nacionais.
“É um trabalho muito exigente, mas muito bonito. Não tens a sensação que está a repetir o espetáculo, que estás a trambalhar para espetáculo ficar melhor. É sempre uma estreia. São 15 ou 20 pessoas que vão estrear. Neste caso pessoas não profissionais. Tenho aqui três alunos de dança, um jovem mais preparado, duas jovens ainda muito novinhas e uma professora de Educação Física, em que se nota a sua capacidade física. O interessante é trabalhar nas capacidades de cada um e escolher o personagem certo para cada um”, referiu. “A mistura e a diversidade é muito importante para o espetáculo”, acrescentou.
Um dia na vida de uma praça
‘O detonador da peça foi uma tarde de vários anos atrás. Tinha passado o dia inteiro numa pequena praça em Muggia, perto de Trieste. Sentei-me no terraço de um café e vi a vida a passar. Entrei num verdadeiro estado de observação, talvez isto tenha sido ajudado um pouco pelo vinho. Cada pequena coisa tornou-se significativa (sem ser simbólica). Os procedimentos mais minúsculos pareciam significativos do mundo.’ escreveu Peter Handke, dramaturgo austriaco galardoado com o prémio Nobel em 2019. Encenar a peça representou um desafio para Olga Roriz, principalmente por incluir tantos personagens. “É uma peça que ele [Peter Handke] escreveu numa esplanada, em Itália, mas o que ele viu pode ser em vários países do mundo. Ele escreveu sobre a vida que passava à sua frente, sobretudo, os transeuntes que estavam a passar naquela praça. Não tem diálogos. O risco, o que é interessante, é a quantidade de personagens, que são o equivale a outros tantos figurinos e adereços”, explicou a encenadora.
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