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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 16 de agosto de 2023

EMIGRANTES VIERAM EM MENOR FORÇA E JÁ NÃO GASTAM (A)GOSTO

 Empresários de Bragança dizem que há menos emigrantes e que os que vieram estão a gastar menos dinheiro que noutros anos


Os emigrantes ainda devem andar “loucos” por regressar à terra natal, como canta Dino Meira, no “Meu Querido Mês de Agosto”, mas há muitos que, este ano, estão a falhar, em Bragança, no mês mais emblemático para as férias em Portugal.

Por cá a situação não é a melhor, o dinheiro no bolso da maioria dos portugueses pesa menos, e em França, onde vivem várias centenas de pessoas do distrito, que foram à procura de uma vida melhor, o cenário também não é o mais animador e, por isso, há, igualmente, menos dinheiro disponível para gastar.

Os restaurantes, cafés, as lojas de roupa e de calçado, as ourivesarias, os cabeleireiros e as esteticistas, bem como o restante comércio, em Bragança, que muito sorri com a vinda dos emigrantes, este ano queixa-se de um mês mais triste. Os empresários dizem que há menos filhos da terra nesta primeira quinzena de Agosto, quando comparado com 2022, ou até com outros anos. Acreditam que alguns não vieram por terem menos possibilidades financeiras para o fazer e que muitos dos que rumaram a Portugal foram, nos primeiros dias, de férias para as praias portuguesas, um hábito que, vários, têm vindo a criar, há alguns anos. Além disso, queixam-se de que os que vieram estão a gastar bem menos que noutros anos.

Emigrantes gastam menos nos restaurantes

Vítor Cordeiro é proprietário, há 23 anos, do restaurante Emiclau, localizado no centro histórico da cidade, e é um dos empresários que diz que “há menos emigrantes” e que os que há “gastam menos”.

O dono da casa, conhecida pela comida tradicional transmontana, diz que “é preciso ser-se positivo” porque muitos dos que vieram para Portugal “foram, nestes primeiros dias para as praias, mas estão a chegar, aos poucos”. Ainda assim, mesmo confirmando que há menos gente e que isso mesmo se percebe percorrendo-se a cidade, Vítor Cordeiro assume que está a “trabalhar bem”.

Apesar de o restaurante estar com boa parte das mesas cheias, quer ao almoço, quer ao jantar, Vítor Cordeiro nota que, ainda que os emigrantes, por estarem de férias, não se importem assim tanto como os portugueses com os gastos, este ano estão mais contidos. “Os emigrantes estão mais limitados. Perguntam quanto é ou quanto não é. Fazem mais contas. Por cá a situação está má, mas por lá também. O mal toca a todos”, vincou o empresário, que fez questão de frisar que “este é um mês de luxo, seja como for”. “É o que nos põe de pé”, rematou.

Vítor cordeiro espera que ao longo desta semana haja mais emigrantes na cidade, “que a afluência seja grande” e que o pessoal entre os 50/60 anos, que são “os que têm mais dinheiro”, venham das praias e ajudem a dinamizar o comércio e restauração brigantinos.

Poder de compra dos emigrantes caiu

Laura Vaz é proprietária da loja Mango, também no coração da cidade de Bragança. Esta “casa” de roupa tem visto, este ano, menos emigrantes entrar para experimentar peças e comprá-las. “Há uma queda muito grande quando se fala de emigrantes. Há muito menos gente na cidade”, referiu a empresária, que disse ainda “se há menos emigrantes há também menos dinheiro a encaixar”.

Na opinião de Laura Vaz, os emigrantes que vieram fazem menos compras. “Compram muito menos. Penso que não trazem tanto dinheiro como os mais velhos, noutros tempos traziam”, referiu, dizendo que os filhos da terra acabam por trocar algumas impressões com quem por ali trabalha e dizem que “a situação, por lá, não está famosa”. “Eles abrem-se connosco e dizem que têm vontade de comprar, mas não têm tanto poder de compra”, assinalou.

Laura Vaz diz que há uma diferença de cinco a dez euros em cada peça de roupa, quando comparando Portugal com França, por exemplo, e que, por isso, noutros tempos, os emigrantes “aproveitavam e compravam muito” mas “agora só vão aos saldos”.

Emigrantes “habituais” e brigantinos ajudam lojas

Jorge Afonso é proprietário de uma loja de roupa desportiva e de calçado, em plena Avenida Sá Carneiro, e também confirma o óbvio: “há menos emigrantes”. Ainda assim, “a loja está a facturar ainda mais do que no ano passado”. “O mês de Agosto está a ser bom”, vincou o empresário.

A loja está a passar dias felizes mas isso fica, praticamente, a dever-se aos portugueses, que continuam a comprar, e a alguns emigrantes que já conhecem o espaço e acabaram por se tornar clientes habituais. “São menos emigrantes são, há menos, mesmo pela cidade pode ver-se que há menos a passear pela rua”, rematou Jorge Afonso, que acredita que muitos dos que vieram “fugiram para as praias”.

Com esta recém tendência de os emigrantes irem para o litoral do país e só depois é que vêm para cá uns dias o que se criou foi uma perda de dinheiro significativa para alguns comerciantes. Jorge Afonso não tem muitas queixas, mas assume que “noutros tempos não era assim, estavam cá todo o mês, praticamente, e, claro, gastavam mais”.

O empresário vincou ainda que, no que toca a preços, os emigrantes “não reclamam muito” e, por isso, “têm comprado igual”. “Creio que o calçado seja ligeiramente mais barato em Portugal do que na França. Portanto vale a pena aproveitar e é isso que eles fazem”, terminou.

Brigantinos não deixam faltar trabalho

Cristela Martins é esteticista. Por espaço, também ele na Avenida Sá Carneiro, que oferece manicure, pedicure, extensão e lifting de pestanas, depilação, limpeza de pele, microblading e hidatração de lábios, têm passado menos emigrantes que nos outros verões passados. “Este ano há menos clientes emigrantes. A afluência tem sido muito menor”, esclareceu a empresária, que também acredita que a falta deles se deve ao facto de irem, nos primeiros dias, para a praia e, depois, “voltam, a meio do mês, para as festinhas da aldeia”.

Ainda que haja menos estrangeiros a passar pelo espaço, Cristela Martins não se queixa com a falta de trabalho. “O facto de serem menos não representa menos facturação porque as minhas clientes habituais continuam a vir também no Verão e até fazem mais qualquer coisinha. Além de manicure fazem também, muitas delas, pedicure”, assinalou a empresária, que rematou que “aquele extra que se ganhava nos anos anteriores já não se nota tanto” mas “isso não significa, de forma nenhuma, um rombo no negócio”.

Além de haver menos emigrantes, Cristela Martins diz que algumas clientes “já não gastam tanto”, que fazem “só a mão ou o pé”, apesar de em França ser “bastante mais caro”.

Jornalista: Carina Alves

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