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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

sexta-feira, 15 de setembro de 2023

A borboleta-carnaval, um ícone alado da Península Ibérica

 Todos os anos, esta borboleta enche de cor os prados e as colinas de Portugal e Espanha. As alterações climáticas estão a colocá-la em perigo.

FOTO: GILLES SAN MARTIN

Com a chegada da Primavera, os campos tornam-se verdejantes com o despertar dos raios solares, perdendo a timidez dos meses de Inverno. O ciclo da vida prepara-se para o fim de um ciclo necessário de dormência.

Em países como Portugal, a Primavera marca a chegada do espectáculo anual em que a natureza faz o seu caminho sem oposição. Os ramos vazios dão lugar a uma explosão de verde vivo, a vegetação de folha caduca veste-se e espécies como o urso pardo, o lince ibérico ou a borboleta-carnaval dão o ar da sua graça. 

Esta última espécie, endémica da Península Ibérica e do Sul de França, antecipa a sua chegada de todas as Primaveras e fá-lo por obrigação: o aquecimento global está a afectar o seu ciclo de crescimento.

FOTO: CORDON PRESS

O padrão dorsal da borboleta-carnaval

Com um padrão dorsal inconfundível, a borboleta-carnaval (Zerynthia rumina) é uma das espécies animais mais carismáticas da Península Ibérica. Endémica desta região do planeta, a utilização de pesticidas e a destruição do seu habitat estão a afectar as suas populações, que se organizam em pequenos grupos familiares.

O seu padrão mosqueado torna-se único quando se aproxima das extremidades das suas asas, exibindo uma variedade de ondas sinuosas entrelaçadas que dão a esta borboleta um traje natural único. Para além disso, a combinação das cores vermelha, preta e amarela fazem dela um ícone inconfundível das florestas ibéricas.

Uma das joias da coroa da fauna ibérica

A borboleta-carnaval é uma das espécies que está a sofrer mais intensamente com o aumento anual das temperaturas, pois é a temperatura que marca o ciclo de crescimento dos exemplares.

Com o impacto das alterações climáticas, este processo tem vindo a ser gradualmente antecipado, já que por cada grau que o planeta sobe, estas borboletas eclodem em média 2,4 dias mais cedo do que eclodiriam em condições óptimas, se o ciclo ambiental natural não fosse alterado.

CORDON PRESS

As etapas que conduzem à metamorfose

Com a subida global das temperaturas a afectar a espécie, a borboleta-carnaval antecipa todos os anos a sua metamorfose com a chegada da Primavera, libertando-se da sua crisálida para exibir a sua beleza carismática.

No quadriculado das suas asas, tão cativante quanto enigmático, a cor vermelha dá o seu toque de paixão a uma borboleta que é uma das joias da coroa da fauna ibérica.

ISTOCK

Um traje inconfundível

Sendo uma espécie sedentária, só ocorre em zonas próximas de plantas do género Aristolochia, das quais as suas lagartas se alimentam e que contêm alcalóides tóxicos. No entanto, esta exclusividade exige grandes esforços de conservação: para manter as populações de borboletas-carnaval a um nível longe da extinção, é necessário controlar o seu período de voo nas áreas mais propensas ao seu aparecimento.

Em 2019, foi detectado um período de voo mais precoce. A borboleta-carnaval saiu da sua dormência no norte de Espanha em Fevereiro, quando normalmente o faz em Abril e Junho. Não significa que a espécie se tenha tornado madrugadora, mas antes que as temperaturas no seu ambiente exigiram que saísse. As alterações climáticas têm um rasto muito longo que atinge todos os cantos do planeta e a borboleta-carnaval não é excepção.

CORDON PRESS

Uma família pequena e unida

Há uma característica destes lepidópteros que faz com que a sua relação em comunidade atinja extremos quase românticos: apesar de estarem amplamente distribuídos pelo território, formam sempre populações isoladas de poucos indivíduos que requerem um habitat muito específico para o seu desenvolvimento. Em suma, a sua família é pequena e muito unida.

FOTO: DIDIER DESCOUENS / CC

Um exemplar adulto ao pormenor

A exibição de cor e a resiliência perante a adversidade, aliadas à sua fidelidade às plantas do género Aristolochia, valeram-lhe o prémio de Borboleta do Ano 2020, atribuído pela Associação Zerynthia. No entanto, devido às condições delicadas de que necessita para se estabelecer no seu habitat, poderá estar a caminho da extinção se as temperaturas globais continuarem a aumentar.

As alterações climáticas, a destruição do seu habitat, o uso descontrolado de pesticidas e a existência de grupos tão pequenos são os principais obstáculos à sobrevivência desta espécie.

Em Portugal, pode encontrar-se as borboletas-carnaval, por exemplo, no Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, na Reserva Natural do Estuário do Sado, no Parque Natural do Vale do Guadiana e no Parque Natural da Serra de São Mamede, de acordo com o Museu Virtual da Biodiversidade da Universidade de Évora.

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