Os agricultores todos os anos se queixam do ataque do veado e dos gastos na replantação de castanheiros.
Na Aveleda, Adriano Fernandes ficou com 150 castanheiros destruídos, que vai ter que replantar. Vai dar a conhecer a situação ao ICNF. “Quando cheguei à propriedade, que está vedada, os veados saltaram e arrancaram dois postes e tombaram a rede, entraram para dentro da propriedade e destruíram aproximadamente 150 castanheiros, com idade entre os 7 e os 10 anos. Nós queríamos que o ICNF arranjasse mecanismos, como fazer semeadas para os veados, recuperar os lameiros que estão perdidos na aldeia para os veados, que é para eles não descerem tanto para a aldeia, porque o problema é o veado não ter comida na montanha”, disse.
Em Cova de Lua vários agricultores se queixam do mesmo. Pedro Santos é um dos lesados. “Este ano, destruiu-me 15 castanheiros replantados e agora, segundo informações que me transmitiram, nas últimas três noites destruíram-me cerca de 30 castanheiros. Daqui a nada não ganhamos para repor. Tem de ser o Parque Natural de Montesinho a ver o prejuízo que o veado nos está a causar aos agricultores desta zona, criar batidas a veados e corsos para as conseguir controlar, porque senão vai ser impossível manter o castanheiro. Nem que fosse doar os castanheiros estragos ou pagar na totalidade os prejuízos”, apontou.
Outro dos agricultores afectados é Marcolino Pires. Numa visita ao terreno percebeu que o veado tinha voltado a fazer estragos. Uma vez que a aldeia está no Parque Natural de Montesinho, o produtor pede que o Instituto de Conservação da Natureza e Florestas, responsável pela co-gestão da área protegida, ajude a minimizar os prejuízos. “Deviam vir ao terreno e ver o que está feito, os prejuízos que temos, para nos compensarem. Só o castanheiro custa 10 euros, fora o transporte e depois pô-lo com a máquina acaba por ficar em 20 euros. O problema é o atraso, porque mesmo que plante outro castanheiro, o atraso que eles têm para dar os quilos de castanha outra vez”, referiu.
Os produtores começam a fazer contas aos prejuízos. David Fernandes, outro dos lesados, prevê que podem ser superiores a dois mil euros.
Devido aos ataques recorrentes do veado, o jovem agricultor quer que o ICNF tome medidas e tenha em consideração a vulnerabilidade daquela zona. “Fomos afectados há dois anos pelo incêndio que houve em Vilarinho, que afastou os veados para a zona de Cova de Lua. Este ano o incêndio que já houve em Rabal voltou a empurrar os veados para ali. Numa estratégia da co-gestão e os municípios vão ter de dedicar tempo a esta questão, vão ter de declarar aquilo como uma zona especial, com vulnerabilidade para estes ataques e vai ter de haver o assumir de custos por ICNF e dos municípios, não sei, mas dos responsáveis pela co-gestão”, defendeu.
O Instituto de Conservação da Natureza e Florestas paga por cada castanheiro destruído, cerca de 3 euros. Os agricultores gastam, apenas pela árvore, cerca de 10 euros.
Contactado o ICNF sobre os ataques e os prejuízos causados, remeteu esclarecimentos para mais tarde.
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