“Em princípio teremos cá o senhor secretário de Estado das Florestas [Rui Ladeira] para se inteirar exatamente dos prejuízos e daquilo que foi desbastado no PNM, e aí podemos conversar de outra maneira e ver o que se pode fazer tendo em conta uma putativa ajuda aos nossos agricultores”, explicou Paulo Xavier, ressalvando que tudo irá depender das áreas e montantes das perdas relatadas.
“Foi um incêndio de grande densidade. Estamos a falar de uma área ardida na ordem dos 500 hectares. Em termos de prejuízo, ainda está a ser feito o levantamento. Pedi logo a colaboração dos presidentes de junta. Aliás, estive com eles nestes dois dias de incêndio intenso”, disse Paulo Xavier.
O autarca acrescentou que depois de terminado o levantamento em cada uma das três freguesias afetadas - Carragosa, Rabal e França - o mesmo será enviado para as entidades competentes.
Em Rabal, Carlos Gonçalves perdeu um dos 17 apiários, a mais de 1000 metros de altitude, outros ficaram parcialmente queimados.
“Perdi 48 colmeias. Aproximadamente de prejuízo, entre produção, colmeias, enxames e material apícola, são cerca de 17.600 euros”, lançou contas o apicultor.
Para Carlos Gonçalves, os prejuízos poderiam ter sido evitados se houvesse “um bocadinho de prevenção” por parte das entidades competentes na gestão da área protegida.
“Uma pessoa tem de andar a ziguezaguear giestas e estevas porque o Estado limita-se a observar, tem uma atitude passiva. Multam pequenos agricultores e pessoas com reformas muito pequenas, que não lhes chega para pagar a limpeza dos terrenos, mas o Estado não cumpre. Tem tudo ao abandono. No PNM está tudo abandonado - casas [da floresta], caminhos, sinalética e o parque de campismo”, criticou o apicultor, que garantiu que mantinha todos os seus apiários limpos.
Na sexta-feira assinala-se o Dia do Parque Natural de Montesinho e está convidada para as ações calendarizadas, além do secretário de Estado das Florestas, a ministra do Ambiente, Maria da Graça Carvalho.
O programa das comemorações dos 45 anos foi divulgado esta manhã pela autarquia, com início ao princípio da tarde em Vilarinho de Cova de Lua e término com a inauguração do Centro Interpretativo do PNM, na aldeia de Montesinho.
Paulo Xavier, que acumula o cargo da presidência da cogestão do PNM, reforçou que considera necessária a revisão do plano contra incêndios na zona.
“Acho que é importante preservar o parque mas fazer uma área de contenção à volta da população para que nada possa acontecer. E depois, dentro do que é possível e do que os técnicos dirão, tornar os caminhos com acesso mais fáceis (…)”, reiterou o autarca brigantino, que logo após o fogo tinha defendido ser preciso discutir no âmbito da cogestão do PNM temas como a vigilância, prevenção e ordenamento deste território para evitar incêndios florestais e rurais.
O Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) tinha referido à Lusa que os procedimentos após um incêndio ser dado como extinto são “os trabalhos de recuperação da área ardida, incluindo a elaboração do relatório de estabilização de emergência, com a identificação das medidas urgentes a tomar e de um programa para a sua implementação”.
A Lusa solicitou à Guarda Nacional Republicana (GNR), a entidade responsável por esse departamento, o total da área ardida neste incêndio, mas até ao momento ainda não obteve resposta.
O PNM foi reconhecido a 30 de agosto de 1979. Tem cerca de 75 mil hectares nos concelhos de Bragança e Vinhais, a Terra Fria Transmontana, e inclui 92 aldeias.
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