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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

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COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite, Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues, João Cameira e Rui Rendeiro Sousa.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 29 de outubro de 2025

Os Bragançãos – uma Grande e Ilustríssima família de «bragançanos»

Por: Rui Rendeiro Sousa
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")


 Ontem, nesta minha insana carolice, por aqui trouxe uns descendentes dos «Bragançãos», os Condes de Vimioso. Espanto meu, num dos comentários deixados, surgia, literalmente, esta pergunta: «Será que esses tais «Bragançãos» seriam os mafiosos denunciados nas Inquirições de 1258?»…

Para os que, eventualmente, não consigam identificar a imagem que acompanha esta publicação, é referente a um painel de azulejos existente na mais icónica fonte da Minha terra. Um painel no qual estão representados dois Bragançãos! Duas ilustres figuras, uma mais do que a outra, as principais responsáveis para que essa tal de Minha terra passasse a ostentar um «dos Cavalleyros» no seu nome, o qual evoluiria, por um erro administrativo oriundo das reformas do século XIX, para «de Cavaleiros». 

À custa desse painel de azulejos, há trinta anos que tento perceber a História dessa tal de Minha terra e, inevitavelmente, a dos tais «mafiosos» Bragançãos. Afinal, parece terem sido dois deles que a fundaram… Aproveito para transmitir, àqueles que paciência têm para acompanhar estas incursões, que muita “proa” tenho no tanto que estas terras, aí incluídos os doze concelhos que delas fazem parte, contêm. Mas é mesmo tanto! Nomeadamente, os tais de «mafiosos» Bragançãos…

Um tanto que, de mentalidade “piquerrutcha”, parece que procuramos, a todo o custo, renegar. Sem sabermos que mais de metade da História de Portugal, como a conhecemos, não teria existido sem os tais de… «mafiosos» Bragançãos. Tudo começa porque, especialmente no tempo da «velha senhora», nos impingiram um balofo conceito de «pátria», pátria que muito tardou a existir. Conceito no qual quiseram fazer de nós Lusitanos, quando Lusitanos, aqui, nunca fomos... Ou onde inventam «heróis portugueses», como Viriato, que «portugueses» nunca foram... Ou onde nos incluem no Condado Portucalense, do qual nunca fizemos parte… Ou onde, na epopeia dos Portugueses e de Portugal, tudo apenas parece ter-se passado no eixo litoral, de Guimarães e Braga ao Porto e a Coimbra, de Santarém a Lisboa, de Alcácer do Sal ao Algarve… Bragança, «nicles, pataticles»... 

Bragança, para lá das designações «Duque de Bragança» ou, à custa disso, «Dinastia de Bragança», raramente ou nunca aparece nos manuais escolares a versarem sobre História de Portugal. Só que… Sem Bragança não teria havido Portugal! Nem teria acontecido Aljubarrota, nem Restauração da Independência, nem Revolução Liberal, nem Implantação da República, nem 25 de Abril… Nem tantas outras coisas! Tudo isto, muito à custa dos tais de «mafiosos» Bragançãos… Que até ocuparam cargos de relevo, nos dois lados da fronteira...

Uns «mafiosos» que nunca deixaram «isto» fazer parte dos «únicos» Condados que nos vendem, o Portucalense ou o Conimbricense. Para os que duvidarem, façam o favor de disponibilizar o seu tempo e o seu dinheiro, para “scarafuntcharim” a enormíssima quantidade de arquivos espanhóis, ou de universidades americanas ou canadianas, onde se encontra muita mais informação sobre a nossa região do que em arquivos portugueses. Arquivos estrangeiros esses onde, por exemplo, se encontra uma clara distinção entre «portugalenses» e «bragançanos», como se de dois povos distintos se tratasse, lá pelos séculos XII a XIII… 

Para os que tal desconheçam, uma parte destas terras só passou para mão régia porque D. Afonso Henriques foi “guitcho” e tratou de casar a irmã com o efectivo Senhor destas ditas terras. Por isso houve um Foral outorgado a Bragança pelo sobrinho da dita esposa do tal Senhor destas terras… Que fazia parte do dote, ou das «arras», que o dito Senhor, Fernão Mendes de Bragança, «o Bravo», teve de «pagar» pelo tal casamento. Como não houve filhos, pimba! Passaram as ditas «arras» para o património régio… Porém, a esmagadora maioria das restantes terras, as de Lampaças, Ledra, Vinhais, Miranda, Vilariça, e outras, ou permaneceram nas mãos dos descendentes Bragançãos, ou nas daqueles a que estes tinham feito valorosas doações. Aí incluídas, especialmente, ordens religiosas, como os Beneditinos, os Templários ou os Hospitalários. Ordens às quais não foram os reis, como nos impingem os manuais, a fazer as doações. Quem as fez, como, por exemplo, Mogadouro ou Penas Róias, aos Templários, foram os… Bragançãos! E também havia as famílias com ligações, directas ou indirectas, aos ditos Bragançãos, aqui salientando as originárias do Meu concelho, os «de Chacim», os «de Macedo», os «de Morais» e os «de Bornes»... 

Para isto não se prolongar muito, D. Afonso II bem tentou “botar as manápulas” a isto, mas não passou de Abreiro. Por sua vez, o seu filho, D. Afonso III, também o tentou fazer. Mas logo percebeu que quem aqui ainda mandava era o «último Braganção», D. Nuno Martins de Chacim. Por isso, logo tratou de o convidar para seu Meirinho-mor e, mais importante do que isso, para Aio do infante D. Dinis! Isto é, quem educou o maior rei medieval português, foi um «mafioso» Braganção… Do qual até seria Mordomo-mor, uma espécie de «primeiro-ministro» da época. Nada de mais… Ah! O tal de D. Dinis seria o monarca que integraria, definitivamente, o território de Bragança na esfera régia. Mas só após 1284, ano no qual o seu Aio e Mordomo-mor passou para outra dimensão. Que, até lá, o «respeitinho» era muito bonito e ninguém tocava nas terras do Mordomo-mor… 

Já agora, só para espicaçar, no próximo dia 1 de Dezembro será Feriado Nacional… Feriado que não existiria sem… os «mafiosos» Bragançãos! Mas, sobre isso, já cá virei brevemente… A não ser que os «sabetudólogos», doutorados em «sabetudologia» adquirida na Wikipédia, me constranjam a abandonar a carolice. Coisa de que duvido, não apenas porque alguns meus conterrâneos tal não mereciam, mas especialmente pelo Senhor que administra esta página, ao qual tiro o “tchapéu”, pelo tanto que aprendo com ele. E porque há mais anos também tenho a “tchabaz’quice” de procurar entender a “língua tcharra”, um dos nossos maiores tesouros, despeço-me com um “zculpim qualquera cousinha, ós que num goz’tarim, que scupam”…


Rui Rendeiro Sousa
– Doutorado «em amor à terra», com mestrado «em essência», pós-graduações «em tcharro falar», e licenciatura «em genuinidade». É professor de «inusitada paixão» ao bragançano distrito, em particular, a Macedo de Cavaleiros, terra que o viu nascer e crescer. 
Investigador das nossas terras, das suas história, linguística, etnografia, etnologia, genética, e de tudo mais o que houver, há mais de três décadas. 
Colabora, há bastantes anos, com jornais e revistas, bem como com canais televisivos, nos quais já participou em diversos programas, sendo autor de alguns, sempre tendo como mote a região bragançana. 
É autor de mais de quatro dezenas de livros sobre a história das freguesias do concelho de Macedo de Cavaleiros. 
E mais “alguas cousas que num são pr’áqui tchamadas”.

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