Provavelmente terão conhecimento de que existência tiveram os Condes de Vimioso. E de que foram insignes figuras da nossa História de Portugal. Mas já lá irei…
Para os enófilos, ou bons apreciadores “d’ua boa pinga”, deverão ser familiares alguns vinhos que ostentam o nome de títulos nobres. Talvez os mais conhecidos sejam, passe a publicidade, o «Duque de Viseu» ou o «Marquês de Borba», outros havendo. Há uns “bôs” anos, deparei-me com um «Conde Vimioso». Na altura, adquiri-o apenas porque fiquei todo “contcho” por ver um «conde» das minhas terras a dar nome a “ua pinga”. Sem saber, porém, quem teria sido o Conde de Vimioso...
E lá fui consultar o insuspeito Abade de Baçal, para saber quem teriam sido os ditos Condes de Vimioso. Dizendo-nos o tão nosso ilustre autor, que «esta família é estranha à genealogia do distrito de Bragança por não ter nele residido». Esta segunda parte é verdadeira. Mas a primeira não! Que o nosso grande Abade, limitado pelos meios que tinha à disposição há 100 anos, algo de monumental nos deixou, não sem, como normal será, ter cometido os seus equívocos. Porque os Condes de Vimioso, afinal, não são estranhos à genealogia do distrito de Bragança. Antes pelo contrário, também são «Bragançãos», e um “cibinho” mais… “Querim bêre”?
Não irei aqui deslindar as suas façanhas e a sua importância, que ao caso não vêm. Limitando-me a menção fazer ao primeiro que tomou esse título, D. Francisco de Portugal, 1º Conde de Vimioso. Título que os abundantes estudiosos e especialistas na biografia de Luís de Camões conhecerão de sobremaneira. Porque já deverão ter lido, algures, na imensa bibliografia disponível, anotações a aludir ao parentesco entre Camões, por via da sua mãe, D. Ana de Sá de Macedo, aos tais ilustres Condes de Vimioso. “Pur’i, digo ou, já que m’ássim”...
Regressando ao 1º Conde de Vimioso, o “home” até era bisneto do 1º Duque de Bragança e da sua mulher, filha única que foi de D. Nuno Álvares Pereira. Sendo o Condestável o seu trisavô, tal como o rei D. João I, pai do dito Duque de Bragança, o foi. Mas isto era pela via paterna, a de D. Afonso de Portugal, o «malandro» Bispo de Évora que andou por caminhos que não devia. Porque se deixou tomar de amores por uma «moçoila» que era uma… «de Macedo»! Como tal, D. Filipa de Macedo, assim se chamava a mãe do 1º Conde de Vimioso, era bisneta do nosso herói de Aljubarrota, que era um Braganção «de Macedo», o tal que está sepultado no Mosteiro da Batalha, que já por aqui trouxe.
Regressando à mãe de Camões, a tal que também era uma «de Macedo» e, como tal, uma «Bragançã», dizem-nos alguns biógrafos do poeta que a referida mãe era de «ascendência fidalga», porque «era aparentada com os Condes de Vimioso». “É berdade, sim senhôre”! Porque D. Filipa de Macedo, a tal que se envolveu com o Bispo de Évora, relação da qual sairia o 1º Conde de Vimioso, era tia-avó da mãe de Luís de Camões. Ou seja, era tia do pai de D. Ana de Sá de Macedo, isto é, do avô materno do Grande Poeta d’«Os Lusíadas».
Como tal, a dita «fidalguia» da mãe de Luís de Camões, muito mais do que ser «aparentada com os Condes de Vimioso», figuras de proa na época do também «nosso» poeta, do qual eram primos, vinha, bem antes disso, dos «de Macedo» e, por consequência, dos «de Bragança», os tão célebres Bragançãos. Já agora, por mera curiosidade, Almeida Garrett jamais teria tido motivos para escrever a sua grande peça teatral, por muitas conhecida, «Frei Luís de Sousa», se os Condes de Vimioso existência não tivessem tido...
“Ou bem no digo, sim sangue bragançano, métade da Stória dez’te paíse num era ó que é. Num se fintam?”…
(Foto: Largo dos Remédios – Vimioso, «surripiada» aqui das «Memórias de Bragança»)


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