(colaborador do Memórias...e outras coisas...)
Os anjos levantam-se cedo e vão à sua vida... às vezes quase os pressinto pousados nos beirais. Conversam. Sorriem. Às vezes ficam muito tristes. Ouve -se uma música em gregoriano conventual.
... o meu café de bairro... e Bragança no café da manhã... nas tristezas e solidões... conversas... o Benfica no seu melhor... Fátima a pé... Santiago de Compostela... e o medo dos comunistas devoradores de criancinhas ao pequeno almoço...
...Não te rias anjo da minha companhia... anjo da Santa paciência!
...que pão tão bonito!... fiz tantas fornadas! Quanto custará um pão?! O anjo da pobreza ficou muito triste... a mulher pobre... andrajosa, carregando anos e desgostos sorriu... o anjo amaciou os seus cabelos...sorriu...
...quanto custará um pão?!
...cravos vermelhos de Abril...perderam o vermelho... cuidado que o país está na miséria... e os ricos cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais longe de saberem quanto custa um pão...
...por favor não nos façam de parvos! O comunismo ataca!.. e o rico mais rico do povoado encomendou um trintário ... trinta missas no combate ao comunismo...os pobres assistem piedosamente...
...ouvem-se ladainhas... esconjuros... ouve-se o chicote do Santo Ofício e da ignorância... eu só consigo ouvir:... Quanto custará um pão?!... um anjo chora lágrimas de chuva... o meu café arrefeceu...
...e sinto frio na serena manhã bragançana.
Publicou com assiduidade artigos de opinião e literários em vários Jornais. Foi diretor da revista cultural e etnográfica “Amigos de Bragança”.

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