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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

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COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite, Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues, João Cameira e Rui Rendeiro Sousa.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 29 de outubro de 2025

Um «esquecido herói bragançano» da Revolução Liberal

Por: Rui Rendeiro Sousa
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")


 Neste último fim-de-semana, tive o privilégio de apresentar mais um “libreco”, na Amendoeira, uma terra que, muitos talvez o desconheçam, tem uma umbilical ligação aos Sepúlveda. E lá tive de “botare faladura” sobre tão ilustre família, que por lá teve uma quinta, em vínculo de morgadio, o Morgadio da Amendoeira. Quinta essa onde viveram e morreram uns quantos Sepúlveda... Dessa passagem, entre outras coisas, subsiste uma imagem do «nosso» Santo António, «nosso» por também ser um Braganção, oferecida pelo célebre General Sepúlveda, assim como por lá permanece a icónica «Fonte dos Sepúlveda», imagem que acompanha este texto. 

Assim como o acompanha uma imagem do painel de azulejos constante na Igreja de São Vicente, em Bragança. Mas não vim aqui por causa do General Sepúlveda, herói bragançano na História de Portugal, e na do Brasil. Por isso existe uma «Avenida Sepúlveda» em Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, que tanto deve ao nosso herói bragançano. Constando, igualmente, o seu nome na toponímia bragançana, nas imediações da referida igreja. Também não vim aqui para relevar as suas espanholas origens, existindo, que eu conheça, três localidades em Espanha a ostentar o nome «Sepúlveda». Por curiosidade, uma delas, a cerca de uma hora de Madrid, por isso a visitei, é o paradigma de como deveríamos preservar as nossas terras. Aconselho a visita a um, oficialmente integrante, de «Los pueblos más bonitos de España». É encantadora, Sepúlveda! Adiante…

O que aqui me traz é uma das ilustres figuras da prole do General Sepúlveda: Bernardo Correia de Castro e Sepúlveda. Abreviando o nome para Bernardo Sepúlveda, esquecida personagem, das muitas «bragançanas» sem as quais não teria havido Revolução Liberal para ninguém! Muito menos teria existido a primeira Constituição Portuguesa, a célebre Constituição de 1822! E, com toda a probabilidade, também não existiria o, por muitos conhecido, «Campo 24 de Agosto», na Invicta Cidade, aquele onde se «apanham as carreiras pra bire pra Bragança». Porque foi nesse campo, à época designado por «Campo de Santo Ovídio», que o nosso Bernardo liderou o Regimento de Infantaria 18, que início daria, a 24 de Agosto de 1820, à tal de Revolução Liberal. E onde proclamou uma fantástica… proclamação!

O nosso Bernardo seria uma figura de proa na Revolução Liberal, sendo um dos treze membros de uma «sociedade secreta», um tal de «Sinédrio», expressão com a qual «somos massacrados» nas aulas de História, e sobre a qual nunca ninguém nos disse que por lá consta o nome de um Grande bragançano. Aliás, nunca ninguém nos disse que, não fosse um conjunto de ilustres bragançanos, as «ditatoriais» regras do «Antigo Regime», mais a «Monarquia Absoluta» ao mesmo associada, se teriam prolongado no tempo, favorecendo as classes privilegiadas, o Povo atormentado sendo. Aliás, ainda, para quem leia as diversas Histórias de Portugal que há, parece que Bragança e o seu distrito foram tardiamente plantados neste país… E nada tivemos a ver com a História do mesmo...

Todavia, aqueles que conheçam, minimamente, os desenvolvimentos e o desenrolar de muitos eventos, e neste caso particular, da Revolução Liberal, rapidamente perceberão que… sem bragançanos não teria havido «Monarquia Constitucional»! E não foi só o nosso Bernardo, que “ó depeis abariaria da cabeça”, a contribuir, decisivamente, para tal… Outros houve, mas já os irei, ao longo do tempo, trazendo por aqui, se me der na “catchimónia”. 

O que hoje pretendo relevar, à custa da apresentação do tal “libreco”, é mais um pedaço do tanto que temos, e do tão pouco que fazemos com esse tanto que temos. E do tão pouco que honramos os que nos antecederam… “C’mu quera, alguém le pegue, pur’i”…


Rui Rendeiro Sousa
– Doutorado «em amor à terra», com mestrado «em essência», pós-graduações «em tcharro falar», e licenciatura «em genuinidade». É professor de «inusitada paixão» ao bragançano distrito, em particular, a Macedo de Cavaleiros, terra que o viu nascer e crescer. 
Investigador das nossas terras, das suas história, linguística, etnografia, etnologia, genética, e de tudo mais o que houver, há mais de três décadas. 
Colabora, há bastantes anos, com jornais e revistas, bem como com canais televisivos, nos quais já participou em diversos programas, sendo autor de alguns, sempre tendo como mote a região bragançana. 
É autor de mais de quatro dezenas de livros sobre a história das freguesias do concelho de Macedo de Cavaleiros. 
E mais “alguas cousas que num são pr’áqui tchamadas”.

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