Ao que parece, a fundação de Caçarelhos está relacionada com fidalgos leoneses que, no século XII, foram encarregados de povoar um território que estava completamente despovoado. A paróquia já é referida no «Catálogo das Igrejas do Reino», ordenado por D. Dinis em 1320. No caso de Caçarelhos, a paróquia foi taxada em vinte libras, uma quantia que, comparada com as suas congéneres, é relativamente importante.
O abade de Caçarelhos era apresentado pelo bispo de Miranda do Douro. Dava-lhe de rendimento anual a extraordinária quantia de seiscentos e cinquenta mil réis. Por sua vez, o abade da freguesia apresentava uma paróquia anexa, a de S. Joanico. Na segunda metade do século XIX, em 1865, Camilo Castelo Branco referiu-se à freguesia na sua obra «A Queda de um Anjo», situando aqui o nascimento do protagonista do romance, Calisto Elói, o morgado que havia de se tornar Deputado em Lisboa. «"Calisto Elói de Silos e Benevides de Barbuda, morgado de Agra de Freimas, tem hoje quarenta e nove anos, por ter nascido em 1815, na aldeia de Caçarelhos, termo de Miranda.» Em "Viagem a Portugal", José Saramago elegeu esta freguesia como uma das poucas que lhe deveriam merecer uma referência e, em parte, por causa de Camilo.
"Duas léguas adiante está Caçarelhos. Aqui diz Camilo que nasceu o seu Calisto Elói de Silos e Benavides de Barbuda, morgado de Agra de Freimas, herói patego e patusco da Queda de um Anjo, novela de muito riso e alguma melancolia.
Considera o viajante que o dito Camilo não escapa à censura que acidamente desferiu contra Francisco Manuel do Nascimento, acusando este de galhofar com a Samardã, como outros tinham chalaceado com as Maçãs de D. Maria, Ranhados ou Cucujães. Juntando Elói a Caçarelhos tornou Caçarelhos risível, ou será isto defeito do nosso espírito, como se tivéssemos de acreditar ser a culpa das terras e não por maldade do torrão. Fique então dito que esta aldeia não sofre de pior maleita que a distância, aqui nestes cabos de mundo, nem provavelmente tem o seu nome que ver com o que no Minho se diz: caçarelho é fulano tagarela, incapaz de guardar um segredo.» Em termos de património edificado, merece destaque a Igreja Paroquial de S. Pedro. Construída em inícios do século XVII, apresenta características barrocas.
É uma igreja de planta longitudinal, composta por nave única, capela-mor, anexo e sacristia rectangulares. Realcem-se os retábulos de talha dourada e policromada, maneiristas e barrocos, e as pinturas murais na nave, de produção setecentista. Ainda uma referência para uma capela e um cruzeiro. A ermida é um exemplo das riquezas que se podem encontrar nesta freguesia. Construída no século XVI, conforme a inscrição "1577" aposta na fachada, é muito pequena e em granito aparelhado.
População: 271 habitantes
Património cultural edificado: Igreja Matriz, Capelas de S. Bartolomeu, de S. José, de Stª Luzia, Cruzeiro, Fontes, Moinhos de Água Comunitários, Cabanais
Feiras: Feira Anual do Pão no Domingo de Ramos, Feira Mensal ao dia 19 de cada mês
Festas e Romarias: Festas de Nossa Senhora da Assunção, de Stª Luzia, de S. Sebastião, de Stª Bárbara
Gastronomia: Fumeiro, Folar de Carne, Súplicas, Pão-de-Ló, Rosquilha, Económico, Pão
Locais de lazer: Parque de Merendas, Polidesportivo
Espaços lúdicos: Museu Etnográfico
Artesanato: Tapeçaria, Cobertas de Lã, Tapetes de Lã, Rendas e Bordados, Cestaria
Lenda: Lenda da Fraga da Moura
Turismo rural: Turismo Rural Casa de Caçarelhos
Orago: S. Pedro
Principais actividades económicas: Agricultura, Pecuária, Pequeno Comércio
Colectividades: Associação de Caça e Pesca, Associação Cultural Recreativo e Desportivo de Caçarelhos.
Retratos e Recantos
Um bom contributo para melhor conhecimento das terras de Caçarelhos e também, para quem ande mais distraído, a chamada de atenção para o livro de Camilo Catelo Branco a Queda de um Anjo, que tem uma actualidade evidente.
ResponderEliminar