O abrandamento das obras na Barragem de Foz Tua manter-se-á até às conclusões do relatório que será feito pela nova missão da UNESCO, que se vai deslocar ao Douro em finais de Julho, disse o embaixador português.
Durante a reunião do Comité do Património Mundial da UNESCO, que decorre em São Petersburgo, Rússia, foi rejeitada uma proposta do Centro do Património Mundial que previa a imediata suspensão dos trabalhos de construção da Barragem de Foz Tua por causa dos impactos «graves» e «irreversíveis» que vai provocar no Alto Douro Vinhateiro (ADV).
De acordo com esta proposta, a construção da barragem, entre os concelhos de Alijó e Carrazeda de Ansiães, poderia colocar em causa o estatuto do ADV como Património Mundial.
Os membros do comité votaram, por unanimidade, a proposta do Governo português, em alternativa à suspensão, que tem em vista um «abrandamento significativo» das obras.
O embaixador português na UNESCO, Francisco Seixas da Costa, disse à agência Lusa que esse ritmo de trabalhos se vai manter até à apresentação do relatório de uma nova missão, que já foi solicitada por Portugal em Abril.
Esta visita ao Douro está agendada para finais de Julho e será composta por especialistas internacionais indicados pelo Centro do Património Mundial da UNESCO.
O relatório final deverá ser apresentado, segundo Francisco Seixas da Costa, ainda em 2012.
«O que procurámos explicar foi que não tinha qualquer sentido estarmos a suspender a obra, podendo embora aceitar uma redução do ritmo dos trabalhos, porque já no próximo mês de Julho há uma nova missão, que nós pedimos, e que vai ter em consideração tudo aquilo que são os aspectos de revisão do projecto que foram feitos pela EDP», salientou.
Aos especialistas será apresentado o projecto do arquitecto Souto Moura que tem em vista a compatibilização da central hidroeléctrica, inserida na área classificada, com a paisagem.
O projecto pretende enterrar toda a central. Será ainda feito um pequeno reajuste do ângulo da própria barragem que pretende diminuir o impacto visual da mesma.
Segundo o embaixador, vão ainda ser apresentados planos de desenvolvimento regional, planos de reconversão de áreas turísticas e alguns projectos de natureza económica que pretendem travar o despovoamento da zona.
Durante a realização desta nova missão, Portugal espera poder convencer, em definitivo, a UNESCO sobre a plena compatibilidade da construção da barragem no Tua, nos seus novos moldes, com a classificação do Douro como Património Mundial.
Durante a reunião em São Petersburgo, não chegou a ser discutida qualquer hipótese de inclusão do ADV na lista do «património em risco».
Ao pedido de reacção a este assunto, fonte do Ministério da Agricultura, Mar, Ambiente e Ordenamento do Território disse à Lusa que «o governo continua empenhado em demonstrar que barragem e património são compatíveis», acrescentando que considera «muito positivo a UNESCO ter-se mostrado receptiva a ouvir os argumentos de Portugal e a conhecer as alterações introduzidas para minimizar os impactos da construção da barragem».
O Douro foi distinguido como Património Mundial da Humanidade em 2001.
A barragem, cujas obras arrancaram há 15 meses, vai ocupar 2,9 hectares do ADV, o que representa 0,001 por cento do total da área classificada.
Lusa
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