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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Domus Municipalis (Bragança) - uma eloquente homenagem à água

Domus Municipalis - Cachoro
Pensa-se na vetusta Bragança e vem logo à lembrança este monumento magnífico que é a Domus Municipalis, quiçá o ex-libris turístico da cidade.
O que atrai tanta a gente a vista-lo é por ser um singular e misterioso monumento na Península Ibérica que homenageia esse bem agora tão raro-a água e ainda o poder municipal. O nome de Domus Municipalis terá surgido no século XIX, e significa “Casa Municipal” em latim.
Está inserida na cidadela de Bragança a onde se incluem outros monumentos notáveis como a Torre de Menagem ou a ursa do pelourinho.
É muito rara a existência de edifícios românicos civis em Portugal, no entanto esta obra para além da sua singularidade atinge dimensão monumental e é nas suas linhas arquitetónicas um espaço perfeito. Em alvenaria de granito muito bem aparelhado. Exteriormente tem a forma de um pentágono desigual. A face mais extensa tem 14 metros e a mais pequena com pouco mais de três.
A data da sua edificação é enigmática. Podia ser ter sido construído nos séculos XII ou XIII em pleno período do estilo românico ou então ser coetâneo da edificação da Torre de Menagem no primeiro terço de quatrocentos; deste modo a construção seria efetuada em “românico” embora o estilo já estivesse muito em desuso.
Todos nós cremos no Abade de Abaçal e este refere a existência de um sinete heráldico, de dom Sancho I, num dos cachorros internos do edifício, o que permite concluir que a sua construção talvez tenha sido levada a efeito na primeira metade do século XIII. Mas onde é que estará tão furtivo sinal? Confiemos no magnífico Abade, senhores, pois toda a região deveria ter o seu.
A iluminação da Domus Municipalis é efetuada por uma enfiada ininterrupta de janelas de arco de volta perfeita, ao longo de todas as faces da construção. Todas as janelas têm moldura lisa, expecto as sete colocadas a este, que possuem, interiormente, uma arquivolta com ornatos estrelados.
A Domus Municipalis tinha uma dupla função
A parte subterrânea da Domus Municipalis forma uma cisterna e mostram que os objetivos que presidiram a sua construção teriam sido de ordem utilitária. Esta cisterna recolhia águas pluviais e de nascentes. Ao longo da cornija corre uma caleira, destinada a acolher a água da chuva, conduzida até à cisterna.
Relembro que a água na Idade Média era um bem parco e essencial, nomeadamente nos tempos de guerra, quando Bragança tinha que ser um baluarte de defesa auto-suficiente em transes de assédio.
Existem outras cisternas com alguma similitude a Domus Municipalis em alguns castelos da Baixa Idade Média como Algoso, Lamego ou Marvão, mas o facto de sobre a cisterna abobadada ter sido construído um segundo piso coberto destinado a acolher o conselho municipal, confere-lhe o especto e as características de espécime único.
O extra-dorso da abóbada de berço, que cobre a cisterna, forma o pavimento lajeado do salão, no qual se encontram três aberturas quadrangulares, que fazem a ligação entre os dois pisos que foram tapados com grades para a sua proteção.
Este é um espaço magnífico constituído por um salão único fenestrado com uma bancada corrida ao longo de todas as paredes, em pedra, para assento dos membros do conselho municipal.
A cornija exterior assenta em 64 cachorros e a cornija interior tem 53, alguns dos quais historiados que prendem a nossa atenção e que deveriam ser minuciosamente estudados.
“‘Para aprender não basta só ouvir por fora, é necessário entender por dentro”, assim dizia sabiamente o nosso padre António Vieira porque aqui entrando o amigo sentirá algo solene a apelar ao medievalismo com o seu espaço interior amplo, unificado, fresco, mesmo sob a canícula transmontana de verão com as suas ventanas a amestrarem jogos de luzes no pavimento da Domus Municipalis.

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