Vista geral de Alcanices, a 4 km. da fronteira |
O nome desta fronteira deve-se ao facto de existir uma série de marcos fronteiriços na zona de passagem que delimitam a Raia. A linha da fronteira decorre nesta região que separa a Terra de Miranda da região zamorana de Aliste normalmente pelos cumes das pequenas elevações que nunca foram um entrave para as comunicações se exceptuarmos o caso de Villarino Tras la Sierra e Vale de Frades, onde a aldeia espanhola fica do lado de aquém, isto é «isolada» do resto das aldeias espanholas vizinhas. Estas pequenas serras não atingem uma altitude importante. Enquanto as aldeias ficam, no geral, num planalto que oscila entre os 750 e os 780 metros, tanto do lado do Planalto Mirandês como da região alistana, as colinas que servem de limite não costumam ultrapassar os 900 metros. Serve de separação física e até psicológica de um país e outro mas realmente não nas comunicações que, entretanto, sempre foram muito intensas ao longo da História. Famosas são as estórias ligadas ao contrabando e a emigração nas décadas de quarenta até setenta. Um facto que mostra que as relações de um lado e do outro da fronteira é a recente celebração da romaria de Nossa Senhora da Luz, da qual teremos ocasião de falar mais adiante.
Esta fronteira é uma fronteira local muito transitada. Do lado português, permite chegar à estrada espanhola N-122 e chegar facilmente até Bragança, visto que somente há duas opções sem passar por Espanha pela N218 via Carção e Argozelo até Rio Frio, onde se apanha o IP4 ou pela N218-2 por Pinelo, que são estradas cheias de curvas nomeadamente nas arribas do rio Maçãs. Relativamente à população residente, Vimioso e Alcanices têm mais ou menos a mesma população, ao redor dos 1 200 habitantes e as aldeias envolventes ficam entre os 200 e 300 habitantes no melhor dos casos, existindo mais aldeias do lado transmontano do que do lado alistano.
A estação melhor para uma visita à região seja talvez a Primavera ou o Outono porque o Inverno pode ser duro e frio, com nevões que não são infrequentes e temperaturas em geral muito baixas. No Verão as temperaturas podem atingir perfeitamente os 35ºC e às vezes até os 40ºC no fundo dos rios, se bem as aldeias costumam estar mais cheias de vida pelas férias dos emigrantes que voltam para a terra pelo que as romarias, jantaradas em família lá em casa ou nos restaurantes são habituais. Fora dessa estação a vantagem é que, mesmo com menos pessoas, o contacto humano faz-se com os naturais da região e é mais frequente travar conversa com as pessoas.
A cozinha da região, pelas duras condições climatéricas, costuma ser contundente. O destaque vai, sem dúvida, para a posta mirandesa, um belo naco de vitela que para os amantes da boa carne (vegans abster-se), grelhadinho e mal passado com os sucos naturais da carne a saírem com cada corte no prato é de chorar por mais. E uma sobremesa de papas de milho com compotas é um belo final nesta experiência gastronómica ímpar. Do lado da região alistana, a carne de vitela também não desmerece, designadamente na aldeia de San Vitero onde dizem que preparam as melhores da região.
Sem dúvida, uma muito boa escolha de fim-de-semana ou de até mais dias para quem quiser usufruir da tranquilidade e o sossego sem (quase) sair lá de casa.
in:historiasdaraia.blogspot.pt
O topónimo Três Marras resulta da convergência das marras de três localidades e municípios de Portugal e Espanha: Avelanoso (concelho de Vimioso), de S. Martinho de Angueira (concelho de Miranda do Douro) e de Alcanices (município de Alcanices - Espanha). A pouca distância das Três Marras (cerca de 2 kms), em "Cruç Branca", convergem também três marras que separam os concelhos de Vimioso e de Miranda do Douro: a de Angueira (Vimioso), a de Avelanoso (concelho de Vimioso) e a de S. Martinho de Angueira (concelho de Miranda do Douro).
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