A Barragem do Baixo Sabor já começou a encher mas as contrapartidas ainda não estão asseguradas. Em Felgar, no concelho de Torre de Moncorvo, os habitantes queixam-se de terem os acessos condicionados. Antigamente passavam facilmente de uma margem para a outra do rio Sabor mas agora ficaram isolados.
Além de terem de se cingir a uma margem do rio, agora albufeira, há agricultores que se queixam de não terem acessos para os seus terrenos.
Alguns produtores de azeitona e amêndoa, deixaram de poder apanhar estes frutos por não terem acesso para os seus terrenos, tal como garantiu a EDP.
É o caso de Francisco Dias, de 77 anos. Vendeu 8 mil metros de amedoal à EDP, que já ficaram submersos e fixou com um hectare, sem acessos. Este ano deixou cerca de 30 sacas de amêndoa por apanhar. “Eu tive prejuízo. Tenho 1 hectare de amendoal, estou a receber subsídio e é preciso tratá-lo. Não tenho caminho, só se for de avioneta ou helicóptero. Para fazer eu outro caminho tinha que atravessar terrenos de outras pessoas”, constata o agricultor.
A pesca desportiva também está a ser prejudicada pela construção da barragem .
Luís Bento chegou a pescar dois quilos de peixe numa manhã, agora cinge-se a 200 gramas. Uma situação causada pelo lançamento de peixes à albufeira, que está a favorecer a pesca de rede e não permite a reprodução dos peixes. Dantes, numa manhã tirava 2 quilogramas de peixes e hoje em dia retiro cerca de 200 gramas. Temos pescadores de redes que não são da aldeia nem nunca pescaram cá e que agora apanham o peixe todo, quando haviam de ter proibido a pesca para haver mais repovoamento das espécies de barbo, boga e carpa”, lamenta o pescador de Felgar.
Contactada, a EDP, garante que “as medidas ambientais e sociais no terreno se encontram numa fase de conclusão a implementação”, estando já “numa fase de retorno dessas mesmas medidas”.
Relativamente aos acessos, a EDP refere que “há uma série de caminhos principais que estão concluídos e vários caminhos rurais em fase de licenciamento, que vão ser posteriormente concluídos”. Para assegurar algumas das medidas compensatórias a nível ambiental, a EDP está a colaborar com o grupo Nordeste, fundado em 2012 e constituído por três associações ambientais e de protecção dos animais do distrito de Bragança. “Estamos a cooperar nas medidas em que temos mais conhecimento, nomeadamente a protecção de habitats prioritário", refere Miguel Nóvoa, o representante do grupo.
A Barragem do Sabor é o tema de uma reportagem que pode ler na edição desta semana do Jornal NORDESTE.
Escrito por Brigantia
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