A apicultura está a ajudar carpintarias de todo o país a superar a crise na construção civil, com um número crescente destes estabelecimentos a dedicarem-se à construção de colmeias, revelou hoje a federação do setor.
"Grande parte das carpintarias que estavam a trabalhar na construção civil, neste momento, no país, estão a trabalhar no fabrico de colmeias", avançou à Lusa o presidente da Federação Nacional dos Apicultores de Portugal (FNAP), Manuel Gonçalves.
O dirigente garantiu que os números comprovam a constatação, tendo em conta que em Portugal havia "uns 10 construtores oficiais" de colmeias "e, neste momento há cerca de 30 a 35".
Manuel Gonçalves exemplificou com a zona centro do país, com "12 fabricantes onde só havia um".
"É um indicador que diz que na verdade o setor apícola está a crescer", sustentou.
O aparecimento destas unidades de fabrico de material agrícola é também, segundo o dirigente, revelador do crescimento do setor que conta atualmente com perto de 700 mil colmeias e com um ritmo de instalação que perspetiva chegar "brevemente a um milhão".
A federação antecipa 2015 como "um ano normal" para a produção nacional de mel que supera as nove mil toneladas e que deverá refletir o aumento do efetivo apícola entre 10 a 12 por cento, quase o triplo da média dos últimos anos,
O presidente da FNAP acredita que 2015 será "um ano de um salto maior" para o setor que tem vindo sempre a crescer e com mais potencial de expansão com a procura a superar em 40 por cento a oferta.
O preço pago ao produtor cresceu nos últimos três anos na ordem dos 15 por cento e nos últimos cinco anos, o que cada apicultor produz quase duplicou.
Manuel Gonçalves indicou ainda que "enquanto a nível europeu o número de colmeias por apicultor é de 150", em Portugal "nenhum apicultor profissional tem menos de 350 colmeias".
O valor do setor apícola na economia portuguesa está avaliado em mais de 50 milhões de euros e o próximo desafio da federação é criar uma estrutura como uma intersindical que explora a mais-valia atualmente perdida na venda a granel, que representa cerca de 70 por cento das exportações nacionais de mel.
A prioridade da FNAP é conseguir agregar os agrupamentos e produtores para fazer chegar ao mercado externo este produto com a marca Mel Portugal, sem prejuízo para os méis certificados existentes no país, nomeadamente os com Denominação de Origem Protegida (DOP) que fazem parte de outro nicho de mercado, como explicou o dirigente.
Para os novos desafios o setor conta agora também com o recém-criado Centro de Competências da Apicultura e da Biodiversidade instalado em Castelo Branco.
HFI // MSP
Lusa/fim
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