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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

domingo, 5 de agosto de 2018

Notícias da aldeia...ou quase poema

Por: Fernando Calado
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")
Na Ferradosa havia um ribeiro…agriões…hortas…e as rãs que toda a tarde estavam à soalheira para animar o correr da água…e cantavam…num cantochão dolente…sonoro como o Verão…coisas de rãs!
A Ferradosa era o mistério…das minas de ferro…de mouras encantadas em grutas nunca vistas…e que na lonjura do tempo se pressentiam em noites de São João tecendo em teares de ouro… aguardando…sem pressa…nem hora …o sentir de outras histórias de vida… de amor... tão reais como a água fresca da fonte…onde a boca se dá no beijo que tarda.
…na outra fonte da Ferradosa…a água saía do ventre da terra onde o ferro permanece e brotava por entre quatro pedras fazendo-se fonte…a mais fresca e mágica de todo o povoado.
A Ferradosa tinha maçãs do cedo…malápias doces como os olhos de mãe …e tinha o sonho da merenda…comida sem pressa…para que o tempo durasse…e ficasse!...e havia muito sol!...e mais e mais…
…A Ferradosa…mudou…o parque de merendas…é a novidade…a piscina é estranha…ao ribeiro que afagava o linho…mas é um sinal do progresso…e da qualidade de vida…que leva as nossas memórias…doutro tempo…doutras pobrezas…doutras fomes.
…claro que a fonte já não é a minha fonte!
…mas é esta a fonte onde eu bebo…e onde molhamos os pés descalços como quem dança nas águas do ribeiro!
…e daqui a muitos anos…esta fonte será a minha fonte!
…e vou, para sempre, ouvir o som da água fresca amaciada pelo coração da terra…
…e há uma ponte…um ribeiro…um rouxinol que canta…e o velho castanheiro que resiste..e diz que não tem medo do tempo!
…e as memórias estão tão perto!

Fernando Calado nasceu em 1951, em Milhão, Bragança. É licenciado em Filosofia pela Universidade do Porto e foi professor de Filosofia na Escola Secundária Abade de Baçal em Bragança. Curriculares do doutoramento na Universidade de Valladolid. Foi ainda professor na Escola Superior de Saúde de Bragança e no Instituto Jean Piaget de Macedo de Cavaleiros. Exerceu os cargos de Delegado dos Assuntos Consulares, Coordenador do Centro da Área Educativa e de Diretor do Centro de Formação Profissional do IEFP em Bragança. 
Publicou com assiduidade artigos de opinião e literários em vários Jornais. Foi diretor da revista cultural e etnográfica “Amigos de Bragança”.

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