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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 26 de novembro de 2019

A HISTÓRIA DA TORRE DE BILORNA (QUEM LÁ VAI NÃO TORNA)

Uma vez um homem foi à pesca com a rede para o mar, lançou a rede e logo à primeira pescou o rei dos peixes, ao puxar o rei para cima este falou-lhe:
- Lança-me de novo ao mar com a rede e verás quando a puxares novamente que a rede trará tantos peixes quantos buracos ela tem. E assim foi, regressando a casa com uma grande quantidade de peixe. A mulher abismada com tanto peixe perguntou como aquilo tinha acontecido, o marido contou-lhe, então, que tinha apanhado um peixe com certas características que lhe fez uma proposta que o pescador aceitou. A mulher estava grávida e teve o desejo de comer aquele peixe, mandando o marido ao mar para o pescar. O marido assim o fez, ao lançar a rede pescou logo o rei dos peixes, que lhe fez as mesmas recomendações. Só que desta vez o homem não obedeceu ao peixe, dando-lhe a desculpa de que a mulher o queria comer. Então, o peixe cedeu mas recomendou:
- Tu não me comerás, levas-me e dás três partes à tua mulher, três à tua cadela e outras três enterras no quintal.
Ele foi para casa e fez o que o peixe recomendou, passado algum tempo a esposa deu à luz três gigantes, a cadela pariu três leões e no quintal nasceram três espadas.
Os meninos cresceram e tomaram cada um a sua espada e o seu leão. Um belo dia combinaram sair e conhecer mundo, saíram cada um munido com a sua espada e o seu leão, seguiram por uma estrada que em determinado ponto abria em três, parando ali. Decidiram cada um tomar a sua estrada, mas deixaram uma garrafa que turvava se algum deles tinha um pecado ou uma fatalidade, partindo depois à aventura. Um deles avistou uma cidade e entrou por ela a fora, passou por uma casa em cuja varanda havia uma donzela com a qual meteu conversa. Conversaram durante um tempo, até que ela o convidou a entrar, combinando encontrar-se, novamente, ao outro dia, sendo a atracção tal que marcaram casamento. Um dia os dois na varanda avistaram uma determinada torre e ele perguntou:
- Que torre tão imponente é aquela?
- É a torre de Bilorna, quem lá vai já não torna.
O rapaz curioso e valentão retorquiu:
- Hei-de lá ir e hei-de voltar.
Tomou a sua espada e o companheiro leão, atrevendo-se a procurar a torre. Ao chegar à entrada da torre veio uma velhinha que o cumprimentou e o convidou a entrar, sugerindo que prendesse o seu amigo numa das argolas de ferro da parede da torre. Ela, num gesto rápido, arranca um cabelo da sua cabeça e dá ao rapaz, para que com ele prenda o leão. Os dois dentro da torre foram admirando o interior, até que a velhinha convidou o rapaz para uma luta, visto que, este trazia uma espada consigo. Ele aceitou e os dois começaram a lutar, ficando depois o rapaz em desvantagem, procurando, então, chamar pelo leão:
- Avança leão!
- Avançará ou não que do meu cabelo cordas de ferro se farão!
O leão não foi ao seu socorro e o rapaz foi vencido, sendo preso nas masmorras da torre.
Um dos irmãos, ao regressar ao cruzamento, viu a água da garrafa daquele lado turva, pensando que o irmão se estava a sentir mal tomou o mesmo caminho para ir a seu socorro. Ao entrar à cidade encontrou a donzela (sua cunhada) com quem simpatizou de imediato, ela cumprimentou-o pensando que era o marido. No entanto, o rapaz não revelou a verdade, pensando que assim descobria o que se tinha passado com o seu irmão, indo, depois, descansar com a donzela como esposo dela. Na cama o rapaz põe a espada entre ele e ela o que a faz desconfiar:
- Então somos casados e fazes isto?
- Deixa lá não te aflijas é porque venho muito maçado … amanhã tudo estará normal.
Ao outro dia estando os dois na varanda, o rapaz avistou a torre de Bilorna, perguntando:
- Não vez que é a torre de Bilorna, quem lá vai não torna, mas tu foste e voltaste.
O rapaz ficou calado vincando a ideia de que o irmão estava naquele sítio:
- Pois eu hei-de lá ir e voltar!
- És herói porque já lá foste e voltaste
O rapaz tomou o leão e a espada, dirigindo-se a torre. Ao chegar recebeu a mesma velhinha a qual o recebeu com a mesma simpatia que ao irmão, convidando-o para entrar. No entanto, ao ver o leão preso à torre, o rapaz só pensava em salvar o irmão. A velha arrancou um cabelo e deu-o ao rapaz que prendeu o leão como o irmão tinha feito. Dentro da torre a velhinha convida também este para um duelo, mas na luta o rapaz perde e chama o leão para o salvar, ouvindo da velha a mesma resposta:
- Avançará ou não que do meu cabelo cordas de ferro se farão!
E de facto os acontecimentos repetiram-se e o segundo irmão teve o mesmo destino que o primeiro. O terceiro irmão ao ver a água turva no cruzamento foi de socorro aos irmãos, ao chegar à cidade foi, também ele, calorosamente recebido pela cunhada que o via como o esposo. Este teve fez os mesmos procedimentos na cama que o segundo irmão, levando a donzela a fazer a mesma observação. Na varanda avistou a torre, perguntando o mesmo que os dois outros irmão, levando a rapariga a reparar na sua valentia, pois o marido já lá tinha estado duas vezes retornando sempre e ainda queria lá ir uma terceira:
- Eu hei-de lá ir e voltar.
Ao chegar à torre, encontra a mesma velhinha simpática, que lhe dá um cabelo para prender o leão, mas o rapaz ao ver os outros leões presos atirou o cabelo para perto deles fazendo com que fossem libertados. Entretanto, aceitou o convite da velhinha para lutar e quando estava em apuros chamou o leão, ela respondeu do mesmo modo, mas desta vez estavam os leões todos soltos e avançaram sobre ela.
A velha ao ver que o seu plano tinha falhado implorou ao rapaz que ordenasse aos leões que não a matassem. Ele acalmou os leões, fazendo um acordo com a velha:
- Não deixo que os leões te matem, mas liberta já os meus irmãos.
Depois deste ultimato, ela não teve alternativa e libertou os dois irmãos, abraçaram-se os três, seguindo caminho para a casa do primeiro irmão. Depois de contarem tudo o que se tinha passado ao primeiro irmão, de como iludiram a sua esposa para o salvar, fizeram uma grande festa. Seguiram mais tarde cada um o seu caminho, sendo muito feliz o primeiro irmão com a sua esposa.

RECOLHA 2005 SCMB, CASIMIRO PARENTE, Idade: 66.
Localização geográfica: PAÇO DAS MÓS – ORIGEM + 60 anos.

FICHA TÉCNICA:
Título: CANCIONEIRO TRANSMONTANO 2005
Autor do projecto: CHRYS CHRYSTELLO
Fotografia e design: LUÍS CANOTILHO
Pintura: HELENA CANOTILHO (capa e início dos capítulos)
Edição: SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE BRAGANÇA
Recolha de textos 2005: EDUARDO ALVES E SANDRA ROCHA
Recolha de textos 1985: BELARMINO AUGUSTO AFONSO
Na edição de 1985: ilustrações de José Amaro
Edição de 1985: DELEGAÇÃO DA JUNTA CENTRAL DAS CASAS DO POVO DE
BRAGANÇA, ELEUTÉRIO ALVES e NARCISO GOMES
Transcrição musical 1985: ALBERTO ANÍBAL FERREIRA
Iimpressão e acabamento: ROCHA ARTES GRÁFICAS, V. N. GAIA

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