Quando António Loureiro, do restaurante A Cozinha por António Loureiro de Guimarães foi chamado a vestir a jaleca com a estrela vermelha, os aplausos mudaram de intensidade. Mas quando no ecrã surgiram as letras que diziam G Restaurante, a casa quase foi abaixo. Pela primeira vez, nos últimos anos, os premiados do guia Michelin saiam dos grandes centros ou de perto deles e chegavam a Bragança, no coração de Trás-os-Montes.
Os telefones não pararam de tocar na Pousada de São Bartolomeu em Bragança, quer para felicitar os vencedores, quer para saber se havia datas disponíveis para fazer uma refeição no restaurante. Reconhecido pelo guia Boa Cama Boa Mesa, Garfo de Ouro em 2019 e desde 2015, com a distinção da Michelin atingia o estatuto internacional de estrela e, nada ficou como dantes. Na última semana o Boa Cama Boa Mesa visitou o G Restaurante e comprovou que tudo mudou, e que tudo ficou na mesma.
Quando se diz que tudo mudou no G Restaurante da Pousada de Bragança, quer-se dizer que a cozinha e o serviço de sala atingiram a idade adulta, que a confiança tomou conta da criatividade de Óscar Gonçalves e que as escolhas de António Gonçalves, na sala, estão mais aprimoradas e seletas. Significa ainda que a coreografia do serviço está mais perfeita, que a sala está ainda mais bonita com uma vista deslumbrante para o castelo e que o rumo a seguir está decidido, planeado e consistente. Depois, diz-se que tudo ficou na mesma, o que também é verdade. Manteve-se o amor pelos produtos regionais, manteve-se a intenção de dar a conhecer os pequenos produtores da região e, principalmente, a vontade de manter Bragança como destino gastronómico nacional, mostrando em todos os gestos, até nos mais despercebidos, o orgulho de levar a cidade e a região aos quatro cantos do mundo.
Neste dia 20 de novembro, o G Restaurante deverá confirmar que continua a fazer parte da elite da cozinha ibérica, entrando no segundo ano com estrela Michelin. Até porque, basta fazer a viagem por Trás-os-Montes à mesa que a carta propõe, para se perceber que é ali que pertencem. Ao provar o “Carabineiro e Princípios de Alheira de Caça” entende-se que Óscar Gonçalves criou um prato inesquecível, como já o tinha feito com a “Bola de Berlim com Presunto e Queijo Terrincho”, ou com o “Rocher de Alheira de Vinhais”, incontornáveis nas entradas.
A refeição continua no G Restaurante, com “Cavaca, Castanha e Aipo”, segue com o “Goraz, Carolino das Lezírias e Lingueirão da Ria Formosa”, numa clara inclusão do resto do país na carta, e segue com um magnífico “Pregado, Cherovia e Cenoura Roxa”. O “Javali, Escorcioneira, Feijão Papo de Rola” são o prato que se segue, tradicional e intenso, mas aqui apresentado de forma extremamente subtil e elegante. Os pratos principais terminam com “Galo capão, Figo e Nozes”, apresentados com tamanho requinte, que comprovam a idade adulta da cozinha de Óscar Geadas. Termina tudo com “Maça e Hibiscus” e com “Abóbora e Especiarias”, uma espécie de leite creme que é também uma surpresa de sabor e aspeto.
O G Restaurante (Pousada de São Bartolomeu, Estrada do Turismo, Bragança. Tel. 273 331 493), não encerra, tem um custo médio por refeição de €90 e recomenda-se reserva antecipada.
Fernando Brandão
Sem comentários:
Enviar um comentário