Quando António Loureiro, do restaurante A Cozinha por António Loureiro de Guimarães foi chamado a vestir a jaleca com a estrela vermelha, os aplausos mudaram de intensidade. Mas quando no ecrã surgiram as letras que diziam G Restaurante, a casa quase foi abaixo. Pela primeira vez, nos últimos anos, os premiados do guia Michelin saiam dos grandes centros ou de perto deles e chegavam a Bragança, no coração de Trás-os-Montes.

Quando se diz que tudo mudou no G Restaurante da Pousada de Bragança, quer-se dizer que a cozinha e o serviço de sala atingiram a idade adulta, que a confiança tomou conta da criatividade de Óscar Gonçalves e que as escolhas de António Gonçalves, na sala, estão mais aprimoradas e seletas. Significa ainda que a coreografia do serviço está mais perfeita, que a sala está ainda mais bonita com uma vista deslumbrante para o castelo e que o rumo a seguir está decidido, planeado e consistente. Depois, diz-se que tudo ficou na mesma, o que também é verdade. Manteve-se o amor pelos produtos regionais, manteve-se a intenção de dar a conhecer os pequenos produtores da região e, principalmente, a vontade de manter Bragança como destino gastronómico nacional, mostrando em todos os gestos, até nos mais despercebidos, o orgulho de levar a cidade e a região aos quatro cantos do mundo.
Neste dia 20 de novembro, o G Restaurante deverá confirmar que continua a fazer parte da elite da cozinha ibérica, entrando no segundo ano com estrela Michelin. Até porque, basta fazer a viagem por Trás-os-Montes à mesa que a carta propõe, para se perceber que é ali que pertencem. Ao provar o “Carabineiro e Princípios de Alheira de Caça” entende-se que Óscar Gonçalves criou um prato inesquecível, como já o tinha feito com a “Bola de Berlim com Presunto e Queijo Terrincho”, ou com o “Rocher de Alheira de Vinhais”, incontornáveis nas entradas.
A refeição continua no G Restaurante, com “Cavaca, Castanha e Aipo”, segue com o “Goraz, Carolino das Lezírias e Lingueirão da Ria Formosa”, numa clara inclusão do resto do país na carta, e segue com um magnífico “Pregado, Cherovia e Cenoura Roxa”. O “Javali, Escorcioneira, Feijão Papo de Rola” são o prato que se segue, tradicional e intenso, mas aqui apresentado de forma extremamente subtil e elegante. Os pratos principais terminam com “Galo capão, Figo e Nozes”, apresentados com tamanho requinte, que comprovam a idade adulta da cozinha de Óscar Geadas. Termina tudo com “Maça e Hibiscus” e com “Abóbora e Especiarias”, uma espécie de leite creme que é também uma surpresa de sabor e aspeto.
O G Restaurante (Pousada de São Bartolomeu, Estrada do Turismo, Bragança. Tel. 273 331 493), não encerra, tem um custo médio por refeição de €90 e recomenda-se reserva antecipada.
Fernando Brandão
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