segunda-feira, 25 de novembro de 2019

Memorial Sefardita de Bragança vai ser "recheado" com histórias e vai ter plataforma online

“Rechear” o memorial sefardita de Bragança é o próximo passo a ser dado depois do “positivo” impacto nacional e internacional causado pelas duas edições do “Bragança, Terras de Sefarad”.
A ideia é que sejam partilhadas memórias e histórias judaicas, que vão estar presentes no arquivo como também na plataforma online, avança

“O arquivo de memórias tem duas facetas, uma faceta material que está no edifício do Memorial Sefardita e onde se pretende que as pessoas que têm materiais ou objectos que queiram doar, eles possam estar ali, e tem também um espaço dedicado à investigação. Mas este arquivo tem uma componente online, um site que vai estar online daqui a poucos dias, com entrevistas de pessoas que se assumem como judeus ou a sua família tem raízes judaicas”, explicou o coordenador cientifico, Paulo Pinto.

Até há quatro anos as pessoas tinham receio e medo de falar da sua memória judaica. Por isso, Paulo Pinto conta que o próximo passo é a normalização do assunto e que um dia se possa tornar conversa de café.

“A tomada de consciência desta herança judaica ser algo de normal, ser algo que faça parte daquilo que as pessoas assumem como a sua identidade. Já se fala cada vez mais, mas ainda não é conversa de café, quando passar a ser conversa de café nós vamos para casa e a nossa tarefa está concluída”, disse.

Outro dos desafios é introduzir o passado judaico na educação dos mais novos.

“Pretendemos montar um projecto educativo, estamos no início de o pensar, mas queremos todos nós, quer a Cátedra de Estudos Sefarditas, quer a Ideias Imergentes e especialmente a câmara queremos montar um instrumento que chegue de forma eficaz às escolas e possamos começar a trabalhar com os jovens”, acrescentou Paulo Pinto.

Todos estes avanços são consequências do projecto “Bragança, Terras de Sefarad” que tem como objectivo incentivar a comunidade judaica a dar a conhecer a sua cultura, que ainda está presente em Bragança.

“Começámos por provocar consciências e pessoas que têm alguma proximidade ou ligação judaica e as pessoas deixaram de se silenciar. O povo brigantino e transmontano continua com algumas características e atitudes comuns à comunidade judaica, nomeadamente o empreendedorismo e o dinamismo”, referiu a vereadora de Bragança, Fernanda Silva.

A terceira edição do “Bragança, Terras de Sefarad” voltará em 2021 e há a possibilidade de que o evento venha a acontecer, não só na cidade, mas também noutros municípios.

Escrito por Brigantia
Jornalista: Ângela Pais

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