O calendário não pára e já estamos a cerca de um mês do Natal e a 31 dias do ano vinte vinte.
O céu continua roto e, por vezes, com remendos mal feitos. Durante os próximos dias a chuva continua a prometer cair, mas temos de fazer como os de Caravela, como o tio Lita, que diz que quando chove “deixa chover”. O primo Marcelo, de Ousilhão (Vinhais), disse-nos “deixe chover, tio João! Tem mais ela onde cair do que eu onde semear pão”. Esta chuva e o sol que por vezes vai aparecendo, têm feito com que seja um bom ano de cogumelos por toda a região, como nos disse a tia Virgínia Neves, de Bragança, com 82 anos de idade, “olhe agora com esta idade para o que me deu: ando aos rapazinhos!”.
Há dois ou três anos ainda se ouvia falar em andar ao rebusco da castanha. Em algumas terras até os sinos tocavam a rebusco para abrir a época, noutras a data estava estipulada a partir do dia de S. Martinho. Este ano bem falei em rebusco no programa, mas ninguém me disse nada. Quem anda à chuva molha-se! E quem anda à azeitona tem apanhado algumas grandes molhas.
Cada vez temos mais camiões autorizados a transportar por toda a Europa a maior família do mundo. Continuamos a ter novas apresentações de camionistas e de pessoas que trabalham ao som da família.
No passado fim-de-semana, um grupo de cerca de 85 pessoas da nossa família fez mais uma excursão a Fátima e à Serra de Santo António, onde se encontram as grutas com o mesmo nome.
A aldeia de Caravela (Bragança) está de luto com grande dor, pois um filho da terra, Bruno Cavaleiro, emigrado na França com os seus pais, perdeu a vida aos 27 anos, quando jogava à bola. Quem também nos deixou nos últimos dias foi a nossa tia Belmirinha, de Nuzedo de Cima (Vinhais), que fez parte durante muitos anos do Rancho Folclórico da Mãe de Água de Bragança e foi um grande pilar na formação da Família do Tio João. Faleceu também o tio Francisco, de Castelãos (Macedo de Cavaleiros), o marido da tia Maria da Perna Gorda. Os sentimentos às famílias enlutadas e que as suas almas descansem em paz.
Festejaram a vida connosco por mais um aniversário Victor Telmo (52), de Zava (Mogadouro); António Romão (74), de S. Julião (Bragança); Conceição Costa (63), Celeirós (Valpaços); Luís Silva (55), de Vinhais e Marco (38), de Estorãos (Valpaços). Muitas felicidades para todos, com saúde e paz, que o resto a gente faz.
Agora vamos conhecer melhor o tio Filinto, de Vila Boa de Carçãozinho (Bragança), o homem que faz caretas.
Nos próximos dias de 28 de Novembro a 5 de Dezembro, decorrerá em Bragança a IX Bienal da Máscara – Mascararte. Como estamos em tempo de máscaras e mascarados, lembrei-me de vos apresentar o tio Filinto José Morais, que faz artesanalmente máscaras de madeira de amieiro e de lata.
O tio Filinto nasceu em Vila Boa de Carçãozinho (Bragança), no ano de 1948, onde se criou até aos 19 anos, altura em que emigrou para La Rochelle (França). Desde criança que conhece e vive as tradições das máscaras e dos caretos, com raízes muito fortes na aldeia vizinha de Salsas. Há cerca de 20 anos, por influência do seu tio Fontenete, que já fabricava máscaras há muitos anos, e depois de lhe ter pedido que lhe desse ou lhe vendesse uma e o seu tio “nem lha deu nem lha vendeu”, pôs mãos à obra e de um pau de amieiro fez a sua primeira “careta”.
Desde então nunca mais parou e tem mais de 40 máscaras que expõe no museu particular em sua casa, na aldeia de Vila Boa de Carçãozinho. Durante 45 anos trabalhou em França na construção civil. Já há alguns anos que se reformou, passando temporadas cá e lá, pois tem em França uma filha e uma neta que o fazem andar a saltar. Quando está em França aproveita o seu tempo livre da reforma para fazer máscaras, que depois traz para Portugal.
Nos último cinco anos, quando está em Portugal, também se veste de careto e acompanha o Grupo de Caretos de Salsas, de que faz parte. Que Deus lhe dê muita saúde para continuar a fazer mais “caretas”.
Tio João
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