No concelho de Carrazeda de Ansiães, no distrito de Bragança há um padre que também é bombeiro. Para além de auxiliar na salvação das almas cristãs, socorre os crentes dos males da vida. Para alargar o campo de ajuda, comprou um desfibrilhador, licenciado pelo INEM, que traz consigo na mala do carro. O padre Humberto Coelho nasceu para defender os que mais precisam.
"Sempre foi assim", diz a mãe Fernanda Carneiro que queria que o filho se chamasse Ricardo, mas o pai, por causa do jogador e defesa central do Benfica quis que se chamasse Humberto Coelho. "Cá em casa somos todos do Benfica, graças a Deus", acrescenta Fernanda Carneiro.
E foi Deus que o levou para a igreja e para os bombeiros. "Durante o dia cuido das paróquias, e, à noite, quando sou escalado, nos bombeiros faço os turnos da noite, só porque para mim é mais simples", afirma o padre.
Humberto Coelho tem 42 anos. É padre há 12. Tem 18 paróquias a seu cargo nos concelhos de Carrazeda de Ansiães e Mirandela. É bombeiro há quatro na corporação de Mirandela, e há seis meses que anda com um desfibrilhador no carro. "Onde existem grandes concentrações de pessoas, nas festas e nos funerais... eu acabo por estar sempre lá. Vi muita gente partir por causa da demora do socorro. Eu posso sepultá-los mas não sem luta, e hei de lutar por elas até ao fim. E num interior tão distante dos grandes centros um desfibrilhador aqui na proximidade pode fazer a diferença", salienta.
Na mala do carro traz tudo o que é necessário para o eventual socorro, "como se fosse uma ambulância".
Nestes seis meses ainda não foi necessário utilizá-lo mas já parou missas para ajudar pessoas: "Pelo menos duas. Uma que se sentiu mal e desmaiou por causa da glicemia, e outra que também desmaiou. Parei a celebração e fui socorre-las até chegarem os bombeiros."
O padre quer salvar as almas e as pessoas. "Foi assim que Jesus me ensinou com a parábola do Bom Samaritano. A história termina com: vai e faz o mesmo! Curar e salvar. São coisas diferentes mas complementam-se."
O padre Humberto Coelho não traz só aquele aparelho na mala do carro para socorrer pessoas. "Fiz uma formação em primeiros socorros em animais de companhia, e nós pela estrada passamos por muitos animais atropelados, e, orientado pelo meu instrutor, criei também um saco de socorros veterinários."
Nas estradas dum interior tão disperso, tem socorrido vários animais, alguns improváveis. "Uma raposa. Alimentei-a e ele deixou-se tratar. Trago comigo um açaimezinho, coloquei-lho e ela esteve sempre serena".
E é assim que o padre, bombeiro e meio veterinário quer continuar a ajudar pessoas e animais num nordeste profundo e velho, com novas respostas para o corpo e para a alma...assim Deus o ajude!
Afonso de Sousa
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