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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

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COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira..
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

segunda-feira, 2 de novembro de 2020

ENTENDENDO MACUNAÍMA; - MACUNAÍMA, CEM ANOS DEPOIS

Por: Antônio Carlos Affonso dos Santos – ACAS
São Paulo (Brasil)
(colaborador do Memórias...e outras coisas)

N.A: esta é uma obra de ficção. Qualquer semelhança com personagens ou fatos novos ou antigos, trata-se de mera coincidência. 

Canto Primeiro( e único):

Macunaíma, "herói de nossa gente" nasceu à margem de um rio seco, em pleno agreste. Descendia de uma tribo Niilista. Desde a primeira infância revelava-se como um sujeito tido por preguiçoso. Ainda menino, buscou a companhia dos meninos maus que se reuniam semanalmente entre os canaviais, para cobrar propina dos outros garotos. Certo dia, um dos seus líderes deu-lhe a cauda de um calango para comer. Objetivo: provar sua coragem e lealdade perante os pitizinhos, nome com que sua turma era chamada. 
O calango havia sido caçado pelo próprio Macunaíma; a mando do chefe, sem saber o porquê. Já os pitizinhos tinham para comer somente as tripas de uma anta dilmal, caçada pelo amigo pessoal de Macunaíma, sem que este o soubesse, numa armadilha esperta. (Havia muitas antas naqueles e outros canaviais. Macunaíma saberia disso depois de algum tempo). 
De tanto aprontar, foi abandonado pela mãe tapuia no meio do mato. Deixaram-no numa canoinha feita de casca de ipê, porém logo que conheceu o Abecedário, novos rios formaram-se, então ele teve que abandonar a canoa e morar por trinta e poucos anos na casa dos pitizinhos, agora com uma das maiores redes para se deitar. Nessa rede cabia todos eles! Tremelicando, com suas perninhas em arco, Macunaíma botou o pé na estrada, até que topou com o Curupira Ceudir e perguntou-lhe como faria para voltar pra casa. Maliciosamente, o Curupira ensina-lhe um caminho errado que Macunaíma, por preguiça, não seguiu, escapando de um monstro. 
No entanto, o Curupira fez feitiço e cortou-lhe um dedo em sonhos. Escapando do monstro, nosso (anti) herói topou com uma voz que cantava uma toada lenta: era um preá, que depois de ouvi-lo contar como enganara o Curupira, jogou-lhe em cima calda fermentada de mandioca. Isto fez Macunaíma crescer, atingindo o tamanho dum homem taludo; no entanto jamais ficou livre do álcool que o preá lhe jogou. 
Numa das muitas vezes que Macunaíma fez transas ("brincadeiras de bobices") com uma tapuia germânica, transformou-se num príncipe lindo perante os índios. Então, nosso (anti) herói, é iniciado num processo constante de metamorfoses: de índio negro, vira branco, depois vira inseto, vira peixe e transforma-se até mesmo num pato e num cordeiro. Tudo para não ter que trabalhar. Consegue uma oca de graça para ficar por oito anos; porém ele a abandona constantemente e os pitizinhos aproveitam-se de sua ausência para apossarem-se dos bens da tribo. 
Em toda a selva os tambores anunciam que Macunaíma sabe dos roubos, porém ele permanece com os olhos e ouvidos fechados. Só mantém sua afiada língua falante. Ninguém percebe, porém sua língua transforma-se em língua de tamanduá. Agora, pode meter a língua nos mais terríveis formigueiros, empanturrar-se de içás e mesmo assim dizer que daquela formiga ele não come. Sua língua rude, áspera, de verniz barato, arranjava tantas desculpas quanto fossem necessárias para manter-se fora de suspeitas, como imóveis comprados por terceiros, mas que ele desfrutava. Também não perdia a chance de ganhar percentagens, quando ainda não havia sido preso na República das Araucárias, com comissões na compra de aviões, quando a Anta Maior estava presidente da Terra Brasilis. 
Há quem diga que 100 anos depois, Macunaíma mantêm-se vivo, mais do que nunca! Ele é e está vivo! Brasileiros e brasileiras; tomem cuidado!

Publicado em: 24/02/2006

Antônio Carlos Affonso dos Santos
– ACAS. É natural de Cravinhos-SP. É Físico, poeta e contista. Tem textos publicados em 8 livros, sendo 4 “solos e entre eles, o Pequeno Dicionário de Caipirês e o livro infantil “A Sementinha” além de quatro outros publicados em antologias junto a outros escritores.

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