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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 20 de setembro de 2022

A Complexidade da Mente Humana

Por: António Pires 
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")

A todo o momento somos confrontados com notícias do género: “fulano tal fez um desfalque na empresa onde trabalha”. Em situações destas, o alegado prevaricador conta sempre com a benevolência cristã e o benefício da dúvida de quem por si põe incondicionalmente as mãos no lume, dizendo: “Não, ele seria incapaz de fazer uma coisa dessas”. A pessoa acusada, formalmente ou na praça pública, aos olhos de quem o conhece e com ele priva e convive, não tem perfil psicológico para cometer actos socialmente reprováveis.
Apurados os factos em “sede própria”, e depois de se ter confirmado, para grande desgosto e desilusão de todos quantos julgavam tratar-se duma cabala, com motivações que podem ser de vária ordem, orquestrada por certas forças do Mal, o sujeito que, até então, tinha a folha limpa, foi mesmo tentado pelo vil metal.
Como que numa espécie de justificação/atenuante para aqueles que são tomados por tais momentos de fraqueza (um generoso eufemismo), é costume recorrer-se ao ditado popular “a ocasião faz o ladrão”.  Totalmente em desacordo com o adágio, ou do ensinamento que lhe está associado, e não muito distante da opinião de Machado de Assis (provavelmente, o maior vulto da literatura brasileira), segundo a qual “a ocasião faz o furto; o ladrão nasce feito”, inclino-me mais para a ideia de que o ladrão faz a ocasião.
Numa interpretação/análise grosseira (própria de quem, como eu, está longe de dominar com propriedade o tema em apreço), acerca da conduta humana e sua complexidade, tenho p´ra mim que os nossos comportamentos, desviantes ou não, são irreversivelmente determinados pelos genes. Quando, com alguma frequência, dizemos “aquele individuo bem me enganou!”, ou “quem diria!”, ficamos, incrédulos, a tentar perceber o porquê desta ou daquela pessoa nos deixar de boca aberta, porque se transfigurou.
Correndo o risco duma “comprometedora” teoria sobre o assunto, direi que nós, enquanto seres gregários e inevitavelmente sociais, comportamo-nos não segundo a nossa vontade e desejos, mas de acordo com as regras que a sociedade nos impõe. Pretendo com isto dizer que, por exemplo, há pessoas que vivem infelizes uma vida inteira, com a sexualidade reprimida, em casamentos de fachada, por nunca terem tido a coragem de sair do penoso calvário a que foram “condenados”.
À semelhança do que acontece com a sexualidade, existe também o fenómeno da personalidade reprimida, precisamente pelos mesmos motivos da primeira, em que, mais tarde ou mais cedo, o grito do Ipiranga, a revelação definitiva e transformadora, devolve o verdadeiro eu/identidade ao sujeito que se revela. Nestes casos, o espanto de quem assiste à abrupta e inimaginável transformação da personalidade, colhe o comentário: “esta não é a pessoa que eu conheci!”. Sim, pode não ser, pode parecer estranho, mas esta é a sua verdadeira essência.
E porque, ao contrário do que se pensa, os ditos populares, essa “riqueza imaterial intangível”, não encerram verdades absolutas, é seguro dizer que, no perfeito juízo, os genes, o garante do nosso “eu”, “jamais permitirão que bebamos de certas águas”.  Como alternativa, há sempre um bom vinho na garrafeira.
 Acreditemos ou não, e por maiores que possam ser os mistérios da mente humana, nada fica sem resposta.  O verniz não estala como que por magia.

António Pires


António Pires
, natural de Vale de Frades/S. Joanico, Vimioso.
Residente em Bragança.
Liceu Nacional de Bragança, FLUP, DRAPN.

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