Por: Maria dos Reis Gomes
(colaboradora do Memórias...e outras coisas...)
Há frases feitas e repetidas até há exaustão, usadas para transmitir estados de alma, “dar recados” e até vender produtos. Uma das últimas que li associada a práticas que pretendem ser “escolas de cortesia e respeito pelo próximo” deu o mote a este texto.
A afirmação até pode ter algo de verdade, mas usada desde logo por educadores ou pseudo-educadores em contextos de Jardim de Infância e escolas de Ensino Básico, e exacerbando, até, a “graciosidade” de algumas criancinhas, atiçam a minha “pulga atrás da orelha”.
A escola obrigatória e gratuita é de todos e para todos como reza a Lei. A partir deste pressuposto temos todo o tipo de crianças na nossa escola, ricos e pobres, de diferentes cores e etnias portadores de défices físicos e cognitivos e outras singularidades como serem moradores em bairros desqualificados, com barracos a que chamam casas, aposentos diminutos para famílias grandes e disfuncionais, privados de tudo, até de afetos o que compromete logo à partida o seu desenvolvimento dentro dos parâmetros ditos “normais” e por essa via são etiquetados depreciativamente.
Mas isto são contas de outro rosário a pedir outras escritas. Hoje interessa-me convocar as aptidões dos professores motivados e capacitados para trabalhar em ambientes que desafiam a sua criatividade, abertos à virilização das múltiplas inteligências que cada um detém.
Howard Gardner refere o conceito de Inteligências Múltiplas e, a partir deste, desenvolve um modelo de concepção da mente que as integra [inteligência linguística, logico matemática, espacial, musical, corporal cinestésica, intra e interpessoal e naturalista], com o objectivo de ampliar o alcance do potencial humano.
Não são inteligências isoladas, e algumas delas sobrepõem-se a outras, o que permite, a partir da aptidão que mais se destaca, completar outras que estejam menos estimuladas. Só assim se pode explicar o aparecimento de craques em diferentes áreas, como a música, o desporto; os poetas do povo que fazem versos sem saber ler nem escrever; os pintores e artesãos, que manifestam e perpetuam as suas competências e aptidões, sem nunca terem frequentado a escola ou, tendo frequentado, a abandonaram sem tirar qualquer proveito de um modelo sem sentido para eles.
São muitas as histórias de vida que nos são contadas por “génios” em algumas artes para quem a escola foi um tormento, mas sobreviveram graças às capacidades que desenvolveram porque alguém identificou o seu potencial, os ajudou a “crescer” felizes e realizados. Alguns estão por cá a dar conta do que viveram e como sobreviveram. Outros abandonaram a escola porque não se sentiram acolhidos, desejados e ou aproveitados em algum sentido. Desapareceram optando tantas vezes por caminhos que os levaram à sua destruição, à insegurança e sofrimento da sua família e da sociedade em geral.
Voltando a questão inicial “Os mais aptos são os mais gentis”. Quando o são ou tiveram oportunidade de o ser. Ninguém será capaz de ser gentil se não houver gentileza na sua vida, logo desde a infância, se forem apenas confrontados com repreensões, castigos e críticas que diminuem.
A gentileza não é coisa que se aprende de ouvido. A gentileza desenvolve-se pelo exemplo dos que nos rodeiam.
A afirmação até pode ter algo de verdade, mas usada desde logo por educadores ou pseudo-educadores em contextos de Jardim de Infância e escolas de Ensino Básico, e exacerbando, até, a “graciosidade” de algumas criancinhas, atiçam a minha “pulga atrás da orelha”.
A escola obrigatória e gratuita é de todos e para todos como reza a Lei. A partir deste pressuposto temos todo o tipo de crianças na nossa escola, ricos e pobres, de diferentes cores e etnias portadores de défices físicos e cognitivos e outras singularidades como serem moradores em bairros desqualificados, com barracos a que chamam casas, aposentos diminutos para famílias grandes e disfuncionais, privados de tudo, até de afetos o que compromete logo à partida o seu desenvolvimento dentro dos parâmetros ditos “normais” e por essa via são etiquetados depreciativamente.
Mas isto são contas de outro rosário a pedir outras escritas. Hoje interessa-me convocar as aptidões dos professores motivados e capacitados para trabalhar em ambientes que desafiam a sua criatividade, abertos à virilização das múltiplas inteligências que cada um detém.
Howard Gardner refere o conceito de Inteligências Múltiplas e, a partir deste, desenvolve um modelo de concepção da mente que as integra [inteligência linguística, logico matemática, espacial, musical, corporal cinestésica, intra e interpessoal e naturalista], com o objectivo de ampliar o alcance do potencial humano.
Não são inteligências isoladas, e algumas delas sobrepõem-se a outras, o que permite, a partir da aptidão que mais se destaca, completar outras que estejam menos estimuladas. Só assim se pode explicar o aparecimento de craques em diferentes áreas, como a música, o desporto; os poetas do povo que fazem versos sem saber ler nem escrever; os pintores e artesãos, que manifestam e perpetuam as suas competências e aptidões, sem nunca terem frequentado a escola ou, tendo frequentado, a abandonaram sem tirar qualquer proveito de um modelo sem sentido para eles.
São muitas as histórias de vida que nos são contadas por “génios” em algumas artes para quem a escola foi um tormento, mas sobreviveram graças às capacidades que desenvolveram porque alguém identificou o seu potencial, os ajudou a “crescer” felizes e realizados. Alguns estão por cá a dar conta do que viveram e como sobreviveram. Outros abandonaram a escola porque não se sentiram acolhidos, desejados e ou aproveitados em algum sentido. Desapareceram optando tantas vezes por caminhos que os levaram à sua destruição, à insegurança e sofrimento da sua família e da sociedade em geral.
Voltando a questão inicial “Os mais aptos são os mais gentis”. Quando o são ou tiveram oportunidade de o ser. Ninguém será capaz de ser gentil se não houver gentileza na sua vida, logo desde a infância, se forem apenas confrontados com repreensões, castigos e críticas que diminuem.
A gentileza não é coisa que se aprende de ouvido. A gentileza desenvolve-se pelo exemplo dos que nos rodeiam.
Maria dos Reis – 26, Novembro, 2022
Estudou na Escola do Magistério Primário em Bragança, no Instituto António Aurélio da Costa Ferreira em Lisboa e na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação no Porto, onde reside.
Sempre focada no ensino e na aprendizagem de crianças com NEE (Necessidades Educativas Específicas) leccionou no CEE (Centro de Educação Especial em Bragança). Já no Porto integrou o Departamento de Educação Especial da DREN trabalhando numa perspetiva de “ escola para todos, com todos na escola). Deu aulas na ESE Jean Piaget e ESE Paula Frassinetti no Porto.
A escola, a educação e a qualidade destas realidades, são os mundos que me fazem gravitar. Acredito que, tal como afirmou Epicteto “ Só a educação liberta”. Os meus escritos procuram reflectir esta ideia filosófica.
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