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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 24 de novembro de 2022

... quase poema... ou de nós

Por: Fernando Calado
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)

Ainda estamos todos, tão próximos como no dia em que nos vestimos de novo, na alegria do estar e na surpresa da fotografia… para ficarmos para sempre.
A mãe, o pai e o meu Manuel já foram descansar, depois da longa viagem… mas ainda estamos todos… sempre!.
…meu pai tire o chapéu para o retrato!
… mãe ficas mais bonita sem o lenço … que fato tão lindo!... A Maria Teresa e a tia Isabel são boas costureiras!
Fica-te bem a gravata Serafim Calado… tu que gostavas tanto de atar ao pescoço o lenço tabaqueiro, pôr o chapéu,  vestir a camisa de cotim e fazeres-te ao negócio… às vezes levavas o colete.
… só nos dias nomeados é que vestias o fato… e punhas a corrente de ouro, presa no colete,  para ires à festa da Senhora das Graças de Carção… 
… seis irmãos ainda… ainda somos seis irmãos… seremos sempre seis irmãos…
… e eu serei sempre o menino… junto da mãe e do pai… como no dia em que o tio Cândido alfaiate trouxe o casaco novo e as calças… um casaco como o dos meus irmãos…um casaco como o do meu pai… já sou grande!
… e sorria!
Penduro o quadro da família na parede… e todos são tão reais como o vento que assobia no descampado… enquanto o pisco canta na oliveira… chove no serro que se vestiu de ouro…
… vou acender o lume… para que todos regressem para o serão… e fiquem!
…há dias assim em que o serão fica mais longo!
… não chores!

Fernando Calado
nasceu em 1951, em Milhão, Bragança. É licenciado em Filosofia pela Universidade do Porto e foi professor de Filosofia na Escola Secundária Abade de Baçal em Bragança. Curriculares do doutoramento na Universidade de Valladolid. Foi ainda professor na Escola Superior de Saúde de Bragança e no Instituto Jean Piaget de Macedo de Cavaleiros. Exerceu os cargos de Delegado dos Assuntos Consulares, Coordenador do Centro da Área Educativa e de Diretor do Centro de Formação Profissional do IEFP em Bragança. 
Publicou com assiduidade artigos de opinião e literários em vários Jornais. Foi diretor da revista cultural e etnográfica “Amigos de Bragança”.

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