Criada em 2001, a AEPGA- Associação Para o Estudo e Proteção do Gado Asinino é a coordenadora desta iniciativa. O trabalho feito pela associação tem sido sobretudo orientado para a preservação do Burro de Miranda e para a sua promoção e dignificação, não só enquanto património genético, mas também como importante património cultural.
A AEPGA tem à sua disposição cerca de duas dezenas de burros mirandeses, que, atualmente, estão instalados na aldeia de Vila Chã de Braciosa, no concelho de Miranda do Douro.
Em declarações à agência Lusa, Miguel Nóvoa, secretário técnico da AEPGA mencionou que através deste projeto-piloto “pretendemos demonstrar o grande potencial que os burros mirandeses podem ter na gestão da paisagem”, e, ao mesmo tempo, contribuir para a diminuição da carga combustível existente nos lameiros abandonados.
A bióloga Sara Pinto, membro da iniciativa, indica que “os burros são bons gestores de paisagens” justificando que “podem criar descontinuidade nas áreas florestais e ajudar a travar o avanço dos incêndios rurais”.
Os lameiros são um habitat que “foi construído pelo homem, sendo zona de pasto de alto valor natural”, menciona o também veterinário, Miguel Nóvoa, e, em cada sete hectares de terreno, são dispostos seis a doze animais para a sua limpeza.
Os lameiros ao longo dos tempos têm vindo a ser abandonados e ocupados pelo mato, no entanto, “se conseguirmos reverter esta situação de abandono, e criar valor nestes espaços naturais, poderemos obter resultados importantes para a conservação destes espaços agrícolas”, explica Miguel, tendo, o burro, um “grande potencial” para este tipo de trabalhos de limpeza.
O bem-estar do animal é outra das precauções a ter com o efetivo da Brigada Florestal Animal, sendo que este se encontra em vias de extinção. Cada animal dispõe de um sistema GPS a fim de controlar os seus movimentos e todas as semanas os burros são visitados por técnicos que verificam o seu estado de saúde, avaliam o índice de massa corporal e ajustam a sua alimentação.
Segundo o veterinário, esta iniciativa tem demonstrado resultados visíveis nos últimos anos, e, de acordo com os seus mentores, poderá ser alargado e dotado de mais animais para controlar a vegetação espontânea a fim de criar as tais zonas tampão, que irão ajudar a controlar os incêndios florestais e a diminuir a utilização de combustível.
Sara Pinto compara o burro a meios mecânicos e conclui que a utilização dos animais é mais vantajosa. “A erosão dos terrenos, é mais suave e progressiva com a utilização de animais na limpeza de lameiros e mato e, ao mesmo tempo, existe uma menor compactação dos solos, em relação à utilização de meios mecânicos”, indicou a bióloga.
Para além da redução da erosão dos solos e da pegada de carbono, este processo de limpeza, recorrendo aos burros, torna-se também mais económico para os proprietários face à atualização de maquinaria.
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