Por: José Mário Leite
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)
Finalmente!
Quando passam cento e quarenta anos sobre o anúncio “urbi et orbi” de José Leite de Vasconcelos revelando a existência da Lhéngua Mirandesa, foi criado, no âmbito do Orçamento de Estado para 2023, com dotação anual de 100.000 euros, o Instituto de Promoção da Língua Mirandesa, dez anos depois de ter sido reclamado por Amadeu Ferreira, na TVI, em entrevista conduzida por Victor Bandarra.
Justo e urgente.
A língua falada (e escrita) nas Terras de Miranda, caso não sejam tomadas, rapidamente, medidas eficazes que contrariem a tendência dos últimos anos, segundo o estudo “PRESENTE E FUTURO DA LÍNGUA MIRANDESA- estudo dos usos, atitudes e competências linguísticas da população mirandesa”, feito por uma equipa da Universidade de Vigo e pela Associaçon de la Lhéngua i Cultura Mirandesa, apresentado recentemente em Miranda, corre o sério risco de entrar num processo de extinção, sem retorno, a partir de 2032. A exiguidade do tempo que nos separa dessa linha dramática não permite qualquer compasso de espera, qualquer atraso, qualquer desleixo, qualquer facilitismo. É imprescindível implementar já uma estratégia de preservação do património linguístico. Poderá haver quem ache que, antes disso, é necessário encontrar e planear as ações mais adequadas à prossecução dos objetivos. Não me parece. Há, sem dúvida que se estabelecer uma acertada e profícuo coordenação entre o novo Instituto, a ALTM e a Câmara Municipal, mas, mais nada que isso. O diagnóstico está feito, há muito, e estão identificadas as medidas que urge levar ao terreno. Quem tiver dúvidas, que revisite a já referida entrevista feita pelo jornalista Victor Bandarra ao poeta Fracisco Niebro:
Urge dar dignidade ao ensino do mirandês, integrá-lo no programa regular das escolas do nordeste em igualdade com outras disciplinas, com manuais oficiais adequados e não apenas como opção (essa deve ser adotada apenas nos grandes centros, como Lisboa e Porto, onde se encontram agrupamentos razoáveis de mirandeses da diáspora); assumi-la como língua oficial em toda a sua dimensão, com primazia nas comunicações e demais documentos produzidos pela autarquia (com caráter bilingue se, e só se, necessário); instituir a sua divulgação obrigatória nos meios oficiais de comunicação de serviço público (rádio e televisão estatais); e, claro, patrocinar e premiar a escrita do mirandês.
Mas, antes de mais nada, recolher e classificar o enormíssimo património oral dos mais velhos.
Quando o caminho é estreito e se desenrola à beira do precipício, e quando o dia começa a chegar ao fim, é vital atiçar a mecha e por petróleo na lanterna... antes que anoiteça!
Quando passam cento e quarenta anos sobre o anúncio “urbi et orbi” de José Leite de Vasconcelos revelando a existência da Lhéngua Mirandesa, foi criado, no âmbito do Orçamento de Estado para 2023, com dotação anual de 100.000 euros, o Instituto de Promoção da Língua Mirandesa, dez anos depois de ter sido reclamado por Amadeu Ferreira, na TVI, em entrevista conduzida por Victor Bandarra.
Justo e urgente.
A língua falada (e escrita) nas Terras de Miranda, caso não sejam tomadas, rapidamente, medidas eficazes que contrariem a tendência dos últimos anos, segundo o estudo “PRESENTE E FUTURO DA LÍNGUA MIRANDESA- estudo dos usos, atitudes e competências linguísticas da população mirandesa”, feito por uma equipa da Universidade de Vigo e pela Associaçon de la Lhéngua i Cultura Mirandesa, apresentado recentemente em Miranda, corre o sério risco de entrar num processo de extinção, sem retorno, a partir de 2032. A exiguidade do tempo que nos separa dessa linha dramática não permite qualquer compasso de espera, qualquer atraso, qualquer desleixo, qualquer facilitismo. É imprescindível implementar já uma estratégia de preservação do património linguístico. Poderá haver quem ache que, antes disso, é necessário encontrar e planear as ações mais adequadas à prossecução dos objetivos. Não me parece. Há, sem dúvida que se estabelecer uma acertada e profícuo coordenação entre o novo Instituto, a ALTM e a Câmara Municipal, mas, mais nada que isso. O diagnóstico está feito, há muito, e estão identificadas as medidas que urge levar ao terreno. Quem tiver dúvidas, que revisite a já referida entrevista feita pelo jornalista Victor Bandarra ao poeta Fracisco Niebro:
Urge dar dignidade ao ensino do mirandês, integrá-lo no programa regular das escolas do nordeste em igualdade com outras disciplinas, com manuais oficiais adequados e não apenas como opção (essa deve ser adotada apenas nos grandes centros, como Lisboa e Porto, onde se encontram agrupamentos razoáveis de mirandeses da diáspora); assumi-la como língua oficial em toda a sua dimensão, com primazia nas comunicações e demais documentos produzidos pela autarquia (com caráter bilingue se, e só se, necessário); instituir a sua divulgação obrigatória nos meios oficiais de comunicação de serviço público (rádio e televisão estatais); e, claro, patrocinar e premiar a escrita do mirandês.
Mas, antes de mais nada, recolher e classificar o enormíssimo património oral dos mais velhos.
Quando o caminho é estreito e se desenrola à beira do precipício, e quando o dia começa a chegar ao fim, é vital atiçar a mecha e por petróleo na lanterna... antes que anoiteça!
José Mário Leite, Nasceu na Junqueira da Vilariça, Torre de Moncorvo, estudou em Bragança e no Porto e casou em Brunhoso, Mogadouro.
Colaborador regular de jornais e revistas do nordeste, (Voz do Nordeste, Mensageiro de Bragança, MAS, Nordeste e CEPIHS) publicou Cravo na Boca (Teatro), Pedra Flor (Poesia) e A Morte de Germano Trancoso (Romance), Canto d'Encantos (Contos) tendo sido coautor nas seguintes antologias; Terra de Duas Línguas I e II; 40 Poetas Transmontanos de Hoje; Liderança, Desenvolvimento Empresarial; Gestão de Talentos (a editar brevemente).
Foi Administrador Delegado da Associação de Municípios da Terra Quente Transmontana, vereador na Câmara e Presidente da Assembleia Municipal de Torre de Moncorvo.
Foi vice-presidente da Academia de Letras de Trás-os-Montes.
É Diretor-Adjunto na Fundação Calouste Gulbenkian, Gestor de Ciência e Consultor do Conselho de Administração na Fundação Champalimaud.
É membro da Direção do PEN Clube Português.
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