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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 7 de março de 2023

Famílias de acolhimento de idosos e pessoas adultas com deficiência queixam-se de não receber o suficiente para manter quem acolhem

 Reclamam que o valor que lhes é pago pela Segurança Social não é actualizado desde 2009


Por cada pessoa acolhida, há 14 anos que as famílias recebem 225 euros destinados à prestação de serviços. O valor passa para o dobro se a pessoa for dependente. Recebem ainda 222,27 euros para a manutenção de cada uma das três pessoas que podem ter em casa.

Segundo os Censos 2021, há 182 idosos por cada 100 jovens, e num distrito ainda mais amargurado nestes termos, as famílias de acolhimento consideram que deviam receber mais. É o caso de Luísa Pires, que vive em Sortes, no concelho de Bragança. Feitas as contas, no que toca ao valor pago para manutenção, são sete euros por dia... e o valor não chega. “Está muito longe de ganharmos o ordenado mínimo. O dinheiro que eu ganho gasto-o com eles e não me chega. Quando fiquei de família de acolhimento valia a pena mas agora não. Com aquilo que ganho… comemos. Temos um X pelo trabalho e o outro é para manutenção deles, para comida, água, luz, que, supostamente, suportaria isso, mas fica muito aquém. Estou a fazer isto contra a vontade de toda a gente. Em qualquer sítio ganhava o ordenado mínimo, tinha férias e final da tarde livre. Aqui não tenho liberdade”.

Margarida Pinto vive em Bragança. Tal como Luísa Pires, acolhe três idosos e diz que é incomportável ganhar o mesmo que em 2009, sendo que os alimentos, a água, luz e gás têm vindo a encarecer. “Da maneira que não actualizam os salários, uma pessoa anda mesmo desanimada. Vemos tudo a subir, a reforma dos idosos, pouco ou muito, todos os anos é aumentada, a prestação que lhes dão à Segurança Social também é aumentada, todos os anos, em Janeiro, fazem uma actualização, mas connosco não. Antigamente compensava. Agora não. Eu fiquei sozinha com dois filhos e desenrasquei-me. Dava para os gastos e sobrava. Agora não chega ao fim do mês”, referiu a mulher, que diz que era justo estarem a receber, “pelo menos, 800 euros”, até porque nestas famílias “estão melhor que num lar”.

Sónia Xavier, de Macedo de Cavaleiros, considera que o que lhes é pago devia ser actualizado mas também reclama que estas famílias tenham outras condições, uma vez que trabalham a recibos verdes, 24 horas por dia, sete dias por semana e para terem férias têm que esperar que os utentes sejam temporariamente encaminhados para lares ou unidades de cuidados continuados, o que nem sempre é nada fácil. “Nós ficamos doentes e não temos direito a nada. Eu consegui férias porque pedi descanso de cuidador. Tenho pessoas completamente acamadas e elas foram inseridas em unidades de cuidados continuados mas naquele mês que tive férias não recebi nada e ainda tive que pagar a minha contribuição à Segurança Social. Eu mantenho-me porque as pessoas que acolho já estão comigo há muitos anos e abandoná-las está praticamente fora de questão”.

Isabel Bernardo, coordenadora das Famílias de Acolhimento de Idosos e Adultos com Deficiência do Centro Distrital de Bragança da Segurança Social, mostrou-se disponível para responder a algumas questões, por e-mail, mas aguardamos a resposta há mais de uma semana. Fica assim por se saber quantas famílias de acolhimento há no distrito, se o número tem vindo a reduzir e se entende que o valor pago é justo.

Ainda assim, o director do Centro Distrital de Bragança da Segurança Social, falou desta matéria, em Janeiro, no âmbito da “Academia Familiar”, um projecto entre a Fundação Caixa CA - Caixa de Crédito Agrícola Mútuo do Alto Douro e a Unidade Local de Saúde do Nordeste, para dar formação a estas famílias. Orlando Vaqueiro confirmou que o número estará a diminuir. “São importantes, pena é que tenham vindo a diminuir. As pessoas que eram famílias de acolhimento, que vão adquirindo uma determinada idade, deixam de o ser, talvez o montante que é pago às famílias de acolhimento deixa de ser tão aliciante e para ser família de acolhimento também tem que se ter sensibilidade. Estes são os três factores que terão contribuído para esta diminuição”.

Segundo avançou o Expresso, 665 pessoas estavam internadas, no final de Janeiro, nos hospitais portugueses sem estarem doentes. O motivo é apenas um: não terem condições de sair. Os chamados “doentes sociais” já tiveram alta mas aguardam um lugar num lar ou numa unidade de cuidados continuados para reabilitação.

Idosos, isolados e dependentes é o perfil dos que ficaram nas unidades de saúde por não terem familiares ou estrutura social que os receba.

Escrito por Brigantia
Jornalista: Carina Alves

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