Por isso, os estudantes de medicina do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto percorreram as localidades de Mogadouro para disponibilizar rastreios de medição de tensão, glicémia e perímetro abdominal. Em Tó, Alzira Bastos não quis desperdiçar a oportunidade, uma vez que nem tem médico de família.
“As tensões estavam bem, os diabetes também, fiquei contente. São muito importantes estes rastreios, porque alerta para muitas coisas. A falta de médicos também é um problema e isto ajuda. Não tenho médico de família, por isso é que é importante vir a estes rastreios”, frisou.
Lurdes Ubaldo é hipertensa e quis perceber se as tensões estavam controladas. Recebeu ainda alguns conselhos dos cuidados a ter na alimentação. Numa localidade a 100 km do hospital de Bragança, acredita que estes rastreios são importantes, mas não são suficientes.
“É muito importante, porque aqui no nordeste transmontano estamos longe de tudo e de todos, temos os hospitais muito longe. Temos o centro de saúde de Mogadouro, que é uma mais-valia, mas quando há uma situação grave temos que ir de ambulância, 100 Km, e eu acho que o nordeste transmontano está um pouco esquecido. Estes rastreios não são suficientes, devia haver muitos mais rastreios, muitas mais coisas”, afirmou.
De localidade em localidade, ao longo deste fim-de-semana, os futuros médicos perceberam que a falta de médico de família é um problema e os mais velhos ainda têm falta de conhecimento sobre algumas doenças.
“Já apanhámos muitas pessoas que nem sequer têm médico de família atribuído, isso é um bocado grave, porque é um cuidado de saúde básico que as pessoas devem ter. E as pessoas não têm literacia suficiente em saúde, ou seja, há muitas coisas que devem ser ensinadas a esta população, que elas não sabem e que se nota nas doenças que têm. Apanhámos pessoas com valores completamente descompensados e são realmente preocupantes”, contou a estudante Francisca Oliveira.
Na freguesia de Tó, mais de 20 pessoas aproveitaram a vinda dos estudantes de medicina. Para o presidente da junta, Ricardo Marcos, estas acções fazem falta à população.
“Infelizmente na nossa região é uma realidade a falta de acesso aos cuidados primários de saúde e acho que estas acções de sensibilização e de rastreio de doenças crónicas são muito importantes para a população. A população aderiu em massa, principalmente pessoas com mais idosas, com dificuldades de se deslocar aos centros de saúde”, disse.
Os estudantes de medicina do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto estiveram ainda a fazer rastreios nos concelhos de Alfândega da Fé e Macedo de Cavaleiros.
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