Em comunicado, a Câmara Municipal disse que este é o maior projeto do género em todo o país a usar o LoRa (comunicação sem fios de longo alcance), para otimizar a gestão da rede pública, visando a diminuição do volume de água consumido e não faturado.
Ao longo de meio ano foram instalados na quase totalidade do perímetro urbano contadores mais modernos, que são ultrassónicos e com sistema telemétrico, “que permitem medir em tempo real o consumo doméstico e detetar anomalias no fluxo de fornecimento”, explicou o município.
Isso significa que, caso seja detetado um consumo fora do normal, é ativada uma equipa de técnicos para o local para averiguar se aconteceu uma rotura na rede ou um furto de água.
À Lusa, o presidente da autarquia, Benjamim Rodrigues, explicou que o investimento para reduzir as perdas de água começou há cerca de seis anos. Depois de um “compasso de espera”, porque havia a intenção de associar municípios numa solução comum que não se concretizou, Macedo de Cavaleiros resolveu avançar.
Este novo sistema permitiu, por exemplo, detetar situações em que os munícipes estavam a ter “prejuízos avultados”, que se revelaram situações sociais graves, segundo o presidente da câmara.
“Constantemente nos deparamos com situações dessas, de aglomerados familiares grandes em que, sem estarem a contar, estas pessoas que têm os dinheiros contados durante o mês, têm faturas saídas do nada na ordem dos 1.000 euros”, disse Benjamim Rodrigues, que acrescentou que o município vai gerindo cada caso “de forma razoável e equilibrada”.
Agora, com estes contadores inteligentes concentrados onde está a maioria dos clientes, com a monitorização em tempo real a intervenção de reparação pode ser feita de forma célere.
Em 2017, segundo dados do Relatório Anual dos Serviços de Águas e Resíduos em Portugal da Entidade Reguladora dos Serviços de Água e Resíduos (ERSAR) mencionados no comunicado da autarquia, as perdas na rede pública em Macedo de Cavaleiros rondavam os 81%.
De acordo com os mesmos dados, em 2021 as perdas caíram para 66,57% e em 2022 voltaram a descer, para 57,60%, o que permitiu à autarquia poupar nesse ano 313.531 euros e um valor semelhante no ano seguinte.
No entanto, segundo Benjamim Rodrigues, os prejuízos anuais da autarquia com a água andam ainda entre “um milhão e os dois milhões de euros”, entre água não fatura ou que se perde nos ramais.
“O problema maior que temos são os 470 quilómetros de condutas que estão obsoletas, com mais de 30 anos e com materiais degradados, (…) o que nos obriga a ter duas equipas para reparações imediatas, para evitar perdas de água”, disse.
Benjamim Rodrigues avançou que, por isso, não está previsto para já a instalação de contadores inteligentes em meio rural, porque a maior preocupação é substituir as condutas danificadas antes desse passo.
“Faz mais sentido fazer a reparação da rede de abastecimento e depois fazer esse investimento”, afirmou, dizendo que as obras nas aldeias, com prioridade para as que têm as redes mais degradadas, vão continuar nos próximos anos, dentro das capacidades financeiras do município.
Apesar de reconhecer que a despesa com a água continua a ser “uma pesada fatura”, Benjamim Rodrigues salientou a redução dos desperdícios, a rondar os 25% menos desde 2017.
“Estamos a fazer um caminho que nos enche de orgulho. Tínhamos perdas acima dos 81%, agora vamos na ordem dos 57% e temos indicativos de que irá passar para os 50%, à volta disso”, referiu Benjamim Rodrigues.
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