No fim-de-semana de 19 e 20 de outubro, a II Feira do Mel e Produtos da Terra, em Angueira, iniciou-se com a montaria ao javali, uma atividade que contou com a participação de uma centena de caçadores, que aproveitaram a visita à aldeia para comprar alguns dos produtos da região como o mel, os produtos hortícolas, a castanha, o pão ou o fumeiro.
O certame iniciou-se na manhã de sábado, dia 19 de outubro, com a montaria ao javali, uma atividade que reuniu em Angueira, uma centena de caçadores, muitos deles vindos de outras regiões do país.
O presidente da Associação de Caçadores de Angueira, Álvaro Moreira, caçador há mais de 50 anos e um dos fundadores desta associação em 1992, sublinhou a importância da caça na dinamização económica e social do interior do país.
“A caça é um fator de desenvolvimento do interior do país. E para pequenas localidades como Angueira, atividades como as montarias ao javali conseguem atrair a vinda de centenas de pessoas. Simultaneamente, a realização de feiras dedicadas aos produtos locais como o mel, o fumeiro, os produtos hortícolas (batatas, cebolas, etc.), ajudam a dinamizar a economia local”, disse.
Um dos caçadores vindos de outras regiões, foi Abílio Baia, natural de Baião, no distrito de Porto, que há 20 anos visita regularmente a região de Trás-os-Montes para caçar.
“Gosto muito desta região e em particular da cidade de Miranda do Douro. Atualmente, há pouca caça, pelo que deveriam ser tomadas medidas para proteger e dinamizar esta atividade, que afinal é uma riqueza para a região transmontana”, disse.
Dado que a montaria ao javali estava inserida no programa da II Feira do Mel e Produtos da Terra, os caçadores aproveitaram para visitar o certame e comprar alguns dos produtos locais.
“Felicito a freguesia de Angueira, pela organização deste certame que dá a conhecer alguns dos produtos caraterísticos deste território. Pessoalmente, sou um apreciador do pão, das alheiras e do mel”, disse.
De Macedo de Cavaleiros, Paulo Vilares, que também veio até Angueira para participar na montaria ao javali, afirmou que estes certames são importantes para promover os produtos e tradições locais.
“No concelho de Macedo de Cavaleiros, quase todas as freguesias organizam estas feiras temáticas dedicadas aos produtos locais. Simultaneamente, são eventos onde se dão a conhecer as coletividades e tradições de cada localidade”, indicou.
Em Angueira, entre os 130 caçadores inscritos na montaria ao javali, havia também dois irlandeses, Turlough Nolan e Jack Nolan, pai e filho, que são uns aficionados da caça.
“Na Irlanda não existem javalis, pelo que viemos até Portugal para participar nesta montaria, a convite de um amigo português. Apesar de não falarmos português, estes encontros são também oportunidades de convívio e confraternização entre os participantes”, revelaram.
Sobre a II Feira do Mel e Produtos da Terra, os caçadores irlandeses expressaram grande satisfação pela variedade de produtos locais, destacando a sua preferência pela navalhas artesanais e os produtos hortícolas.
Na montaria ao javali, participaram também algumas senhoras, entre elas Lia João, que veio de Bragança. A jovem disse que é caçadora há dois anos e nesta atividade cinegética aprecia sobretudo o contato com a natureza e o convívio que se estabelece entre os caçadores.
«Em Bragança, temos um grupo de amigos que se chama “Tropa de Elite” e que junta caçadores também de Braga e que vêm todos os fins-de-semana à nossa região, para caçar. Eles gostam muito de Trás-os-Montes”, disse.
Em Trás-os Montes, a caça é considerada um fator de desenvolvimento económico, dado que promove a valorização dos recursos endógenos. Consequentemente, esta atividade fomenta a criação de postos de trabalho no interior do país (alojamento, restauração, turismo, comércio), contribuindo assim para a coesão territorial. No ambiente, a atividade cinegética contribui para a sustentabilidade da biodiversidade e a valorização dos habitats.
O primeiro dia do certame encerrou com o concerto musical do grupo “7 Saias”.
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