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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 2 de outubro de 2024

Igreja de Santa Maria Madalena, Réfega. “Itinerário Jacobeu: Via de La Plata”!

 Situada na orla nascente e fronteiriça do concelho, distante 23 km de Bragança, contornada pelo ribeiro do Escuredo, a aldeia da Réfega pertence à freguesia de Quintanilha, juntamente com a localidade de Veigas. O povoado é de origens pré-romanas, referenciando o Abade de Baçal um pequeno castro “adiante da povoação, ao lado esquerdo da Espanha”. Na Idade Média teve presença dos Templários, instalados durante os séculos XII-XIII em comenda fortificada na vila leonesa de Alcañices. No mesmo período, sentiu a influência religiosa dos Cistercienses a partir do mosteiro de Santa Maria de Moreruela, sito 40km a Norte de Zamora, também com bens e usufrutos nos termos da Réfega. Como o próprio Mosteiro de Castro de Avelãs detinha terras e mercês no povoado o controlo régio era reduzido, à semelhança de localidades vizinhas. Situação que começou a mudar com D. Afonso III e D. Dinis e respetivas Inquirições!


Com a criação da Diocese de Miranda em 1545, o cabido da Sé “herda” os bens e dízimos dos monges do Mosteiro do Castro, a quem também era pago, em 1691, conforme transcreve o Abade de Baçal, “duzentos alqueires de pão meado e vinte e quatro galinhas” em reconhecimento da assistência religiosa e sociais prestadas. A pequena Igreja seiscentista de Santa Maria Madalena da Réfega é um templo com aspetos diferenciadores, nomeadamente não possuir portal principal no frontispício, ter piso interior revestido a lajes de lousa e ser única no concelho com duas naves! Igreja orientada para a rua do Calvário, com cobertura telhada de duas águas e beirada dupla, o frontispício, sem portal e com pequeno óculo circular, termina em empena truncada. O Campanário, de duplo vão em arco de volta perfeita a acolher os sinos, termina em empena coroado por Cruz latina sobre acrotério e pináculos piramidais nas extremidades. O acesso é feito por escadas de pedra adossadas. A fachada lateral esquerda apresenta o portal de acesso, com dintel em gola sobre pilastras, coberto por alpendre de triplo beiral. No lado direito situa-se o cemitério. O interior, pintado de branco, com chão em lajes de lousa e cobertura de madeira em empena, apresenta duas naves. São definidas por uma única coluna, de fuste ornado por esferas e triângulos no topo superior, capitel de ábaco simples e tabuleiro de decoração relevada onde assenta a cobertura. A nave do evangelho é de acrescento posterior, sendo mais curta em relação ao arco triunfal e à cabeceira. Nela constam, à direita de quem entra, pia batismal e, à esquerda, pia de água benta galbada e confessionário de madeira.
Na nave principal, encostados à parede do arco triunfal, estão dois retábulos confrontantes: o do lado do evangelho, do acrescento da nave, policromado em tons rosa, verde e laranja, é dedicado a Nossa Senhora do Carmo, com imagem em nicho ladeada por pequenas imagens molduradas de Santa Eufémia e o Menino a segurar o Mundo; o do lado da epístola, em talha dourada, é dedicado a São Sebastião inserto em tribuna concheada, com ático coroado por anjos alados a segurar coroa mariana. Destaque para o altar-mor rocaille, de três eixos, policromado e dourado, datado de 1794 conforme inscrição no ático. Assente em plataforma de granito polido, substituiu pintura mural alusiva ao Orago Santa Maria Madalena. O retábulo, que intercala, a verde marmoreado, quatro pilastras molduradas de decoração dourada a acantos e concheados, e quatro colunas de fuste liso com ornatos dourados e capitel coríntio, expõe ao centro imagem da Padroeira. É ladeada, entre as colunas, por imagens do Evangelista São Marcos e Santo António. O ático, seccionado por painéis, com volutas lateralizadas, é coroado por cartela com acantos enrolados. O acesso à sacristia faz-se por porta do lado do evangelho, do lado da epístola consta janela a garantir luminosidade. Santa Maria Madalena, a “Apóstola” a quem Cristo Ressuscitado apareceu em primeiro lugar!

Susana Cipriano e Abílio Lousada

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