Situada na orla nascente e fronteiriça do concelho, distante 23 km de Bragança, contornada pelo ribeiro do Escuredo, a aldeia da Réfega pertence à freguesia de Quintanilha, juntamente com a localidade de Veigas. O povoado é de origens pré-romanas, referenciando o Abade de Baçal um pequeno castro “adiante da povoação, ao lado esquerdo da Espanha”. Na Idade Média teve presença dos Templários, instalados durante os séculos XII-XIII em comenda fortificada na vila leonesa de Alcañices. No mesmo período, sentiu a influência religiosa dos Cistercienses a partir do mosteiro de Santa Maria de Moreruela, sito 40km a Norte de Zamora, também com bens e usufrutos nos termos da Réfega. Como o próprio Mosteiro de Castro de Avelãs detinha terras e mercês no povoado o controlo régio era reduzido, à semelhança de localidades vizinhas. Situação que começou a mudar com D. Afonso III e D. Dinis e respetivas Inquirições!
Com a criação da Diocese de Miranda em 1545, o cabido da Sé “herda” os bens e dízimos dos monges do Mosteiro do Castro, a quem também era pago, em 1691, conforme transcreve o Abade de Baçal, “duzentos alqueires de pão meado e vinte e quatro galinhas” em reconhecimento da assistência religiosa e sociais prestadas. A pequena Igreja seiscentista de Santa Maria Madalena da Réfega é um templo com aspetos diferenciadores, nomeadamente não possuir portal principal no frontispício, ter piso interior revestido a lajes de lousa e ser única no concelho com duas naves! Igreja orientada para a rua do Calvário, com cobertura telhada de duas águas e beirada dupla, o frontispício, sem portal e com pequeno óculo circular, termina em empena truncada. O Campanário, de duplo vão em arco de volta perfeita a acolher os sinos, termina em empena coroado por Cruz latina sobre acrotério e pináculos piramidais nas extremidades. O acesso é feito por escadas de pedra adossadas. A fachada lateral esquerda apresenta o portal de acesso, com dintel em gola sobre pilastras, coberto por alpendre de triplo beiral. No lado direito situa-se o cemitério. O interior, pintado de branco, com chão em lajes de lousa e cobertura de madeira em empena, apresenta duas naves. São definidas por uma única coluna, de fuste ornado por esferas e triângulos no topo superior, capitel de ábaco simples e tabuleiro de decoração relevada onde assenta a cobertura. A nave do evangelho é de acrescento posterior, sendo mais curta em relação ao arco triunfal e à cabeceira. Nela constam, à direita de quem entra, pia batismal e, à esquerda, pia de água benta galbada e confessionário de madeira.
Na nave principal, encostados à parede do arco triunfal, estão dois retábulos confrontantes: o do lado do evangelho, do acrescento da nave, policromado em tons rosa, verde e laranja, é dedicado a Nossa Senhora do Carmo, com imagem em nicho ladeada por pequenas imagens molduradas de Santa Eufémia e o Menino a segurar o Mundo; o do lado da epístola, em talha dourada, é dedicado a São Sebastião inserto em tribuna concheada, com ático coroado por anjos alados a segurar coroa mariana. Destaque para o altar-mor rocaille, de três eixos, policromado e dourado, datado de 1794 conforme inscrição no ático. Assente em plataforma de granito polido, substituiu pintura mural alusiva ao Orago Santa Maria Madalena. O retábulo, que intercala, a verde marmoreado, quatro pilastras molduradas de decoração dourada a acantos e concheados, e quatro colunas de fuste liso com ornatos dourados e capitel coríntio, expõe ao centro imagem da Padroeira. É ladeada, entre as colunas, por imagens do Evangelista São Marcos e Santo António. O ático, seccionado por painéis, com volutas lateralizadas, é coroado por cartela com acantos enrolados. O acesso à sacristia faz-se por porta do lado do evangelho, do lado da epístola consta janela a garantir luminosidade. Santa Maria Madalena, a “Apóstola” a quem Cristo Ressuscitado apareceu em primeiro lugar!
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