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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 2 de outubro de 2024

Capela de Santa Marinha, Quintas de Rio Frio! Marinha ou Margarida de Antioquia!

 Quintas de Rio Frio é um pequeno povoado pertencente à freguesia de Carragosa, juntamente com a aldeia de Soutelo da Gamoeda. Situado 11 km a Nordeste de Bragança e a 1 km a Sudeste de Carragosa – desvio da EN308-3. Existe como freguesia desde os alvores da nacionalidade, de onde emerge, curiosamente, a primitiva paróquia de Carragosa. Em verdade, no «Catálogo de todas as igrejas, comendas e mosteiros (…)», elencadas por Dinis em 1320-21 para taxação destinada a custear a guerra contra os mouros, a de Santa Marinha contribuía com 125 libras, enquanto a de Santa Maria de Carragosa com apenas 15 libras. Esta chegou a ser sufragânea daquela.


O mosteiro leonês de Moreruela administrava casais no povoado. Em 1517, a instâncias do rei D. Manuel I, o Papa Leão X concedeu ao Duque de Bragança, D. Jaime I, a conversão de 15 paróquias em comendas da Ordem de Cristo, das quais fazia parte a denominada Rio Frio de Carragosa. Com a instalação dos Jesuítas em Bragança, o lugar de Vale de Salgueiro, nos termos da localidade, passou para usufruto do Colégio do Bom Jesus, garantindo-lhe rendimentos de 860 reis. As «Memórias Paroquiais de 1758» apontam a ermida de Santa Marinha “fora do lugar” (de Carragosa). Situava-se então a 1 km da atual capela, hoje área de souto! Registe-se ainda que o General Francisco da Silveira, 1.º Conde de Amarante, herói nacional da Guerra contra os franceses e sucessor do General Manuel Sepúlveda como Governador de armas de Trás-os-Montes, foi seu comendador. Santa Marinha é orago único em templos católicos do concelho de Bragança. Mas de qual se trata? A de Braga e Águas Santas/Orense, séc. II; Antioquia, séc. III; da Bitínia, séc. VI-VII! Por ser mártir, atendendo a devoção peninsular antiga e à iconografia da imagem exposta no altar da Capela de Quintas de Rio Frio, depreendemos tratar-se de Santa Marinha de Antioquia.
A imagem, que se diz recuperada da antiga ermida, está coroada e tem como atributos a palma do martírio, o Livro Sagrado e um dragão aos pés. Conta-se que a donzela foi entregue pelo pai, um pagão socialmente relevante, aos cuidados de uma ama que, sem o saber, era cristã e assim a educou na fé. Mais tarde, o governador local Oliario pretendeu desposá-la. Recusou, assumindo-se cristã e virgem. Foi presa junto com um dragão, que afastou fazendo o sinal da cruz. Depois foi sujeita a humilhante interrogatório público e torturada, aparecendo um pomba que lhe colocou uma coroa na cabeça enquanto citava os santos Evangelhos. Por fim, foi degolada a 20 de julho de 290, aos 15 anos de idade. A capela, com adro em pedra datado de 1920, foi requalificada entre 2011 e 2017, altura em que as paredes em pedra rústica se sobrepuseram à alvenaria pintada de branco, com exceção do pequeno campanário. O pano frontal, em empena truncada, sobrelevado relativamente à cobertura da nave, tem portal de verga reta. A fachada direita rasga janela encaixilhada de vitral com imagem de Santa Marinha em tons de azul. Do lado esquerdo subsistem vestígios de porta entaipada.
O interior apresenta cobertura de madeira em masseira, pia de água benta adossada à parede fundeira e um reposteiro a cobrir a referida porta tapada. O altar eleva-se por supedâneo de madeira, com avançada mesa das celebrações em granito. Com retábulo de três eixos de estilo indistinto, policromado e decoração a dourado, tem mesa em forma de urna com frontal vegetalista e embasamento definido por gavetões a rosa. Centraliza o Orago Santa Marinha, com tela azul e floreados a rosa, de moldura recortada. Os eixos laterais, com imagens da Virgem Maria, são definidos por pilastras exteriores brancas e colunas interiores azuis de fuste liso com marca vegetalista, unidos por cornija. As colunas apresentam capitéis de simplificação coríntia e jónica. O ático, a branco, é de bordo recortado, com cartela cimeira e pilastras laterais sobrepujadas com vasos e volutas adossadas. “Pretendes que renuncie ao Céu e escolha em vez disso o pó da terra?”

Susana Cipriano e Abílio Lousada

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