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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

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COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 28 de novembro de 2024

Cuidadores informais aumentam mas há muitas pessoas na região que não beneficiam do estatuto

 De acordo com os dados da Segurança Social, relativos a Julho deste ano, 15 mil pessoas em Portugal são consideradas cuidadoras


A grande maioria dos cuidadores informais nem sabe que o é. Tratam dos que lhes são próximos e anulam-se, num acto de sacrifício e amor, para o outro continuar a viver. Transformam as casas em hospitais e as vidas num turno sem fim, onde descansar não é opção. Perante tanto esforço, lamentam que o Estado não ajude como deveria.

Isabel Garcia, de Alfândega da Fé, cuida do filho, que é tetraplégico, mas não beneficia do Estatuto de Cuidador. A burocracia foi um entrave ao pedido e, além disso, esta e o marido são pensionistas. “Pediam muitos papéis e eu não aceitei. Vim da Suíça, mas pedi a minha pré-reforma para cuidar do meu filho. Sou pensionista, o meu marido também e o meu filho tem a pensão dele e, por isso, disseram-me logo que não ia receber apoio. Cheguei a pagar muitas vezes a ambulância para ir ao Porto, há medicamentos que o meu filho paga por conta dele”, contou.

A vida desta mulher sofreu uma reviravolta radical quando o filho, Bruno Garcia, de 46 anos, teve um acidente de moto. Actualmente come através de uma sonda, move-se em cadeira de rodas e precisa de cuidados constantes. Apesar de “não ser uma vida fácil”, a mãe afirma que vai cuidar do filho “até à morte”.

Isabel Garcia estava emigrada na Suíça. Com o acidente, decidiu reformar-se e regressou a Portugal com o marido. Lamenta a falta de ajudas monetárias mas também assume que era necessário outro tipo de apoio a nível de assistência médica. “A médica vem de dois em dois meses visitar o meu filho, tenho uma enfermeira que vem de vez em quando, só que às vezes telefono porque estava em aflição e não estavam ou estavam ocupadas”, disse.

Elvira Martins, também é de Alfândega da Fé, mas, ao contrário de Isabel Garcia, tem o Estatuto. Apesar de cuidar do marido há mais de quatro anos, só beneficia dele há alguns meses e garante que foi um processo longo. Apesar de receber ajudas, tanto a nível financeiro como na medicação, garante que a mais cara tem de a “pagar do próprio bolso”. “É muito sofrimento. Ele nunca quis que eu trabalhasse e agora tenho de trabalhar e cuidar dele. É o único sustento. A casa é da câmara, pago a renda. A medicação é muito cara, tenho um cartão que me deram, mas só paga a medicação mais barata, a mais cara não me pagam”, contou.

Já a pensar na altura em que se aposentará, disse, convictamente, que vai “com uma mão à frente e outra atrás”.

O Estatuto de Cuidador Informal foi aprovado e reconhecido pelo Governo português em 2019. Este ano sofreu alterações como os cuidadores informais não terem de partilhar o domicílio fiscal com a pessoa cuidada.

Segundo os dados do Instituto da Segurança Social, relativos a Julho, que a Agência Lusa avançou, em Portugal há cerca de 15 mil cuidadores informais, sendo que cerca de 9200 eram cuidadores principais e mais de 5700 eram cuidadores não principais. No entanto, apenas 5340 cuidadores principais receberam a prestação no valor de 351,30 euros.

O Jornal Nordeste tentou ainda obter dados sobre os cuidadores informais da região, tendo contactado o Centro Distrital da Segurança Social de Bragança. Aguardámos a resposta mais de duas semanas, mas não chegou.

Escrito por Brigantia
Jornalista: Cindy Tomé

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