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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sexta-feira, 29 de novembro de 2024

Igreja de São Pedro, Babe. “Sancti Petri de Babi – Varanda da cidade”!

 Após o matrimónio do rei D. João I de Portugal com D. Filipa de Lencastre, filha do duque inglês John de Gaunt (Porto, 2 de fevereiro de 1387), os dois estadistas e respetivas comitivas reencontram-se em Bragança, instalando-se no Castelo e no Mosteiro de Castro de Avelãs. Dali partiram para a Lombada, assinando em Babe um tratado de amizade perpétua e de cooperação militar contra o reino de Castela. Um facto notável gravado na memória das gentes da terra e na História de Portugal.


A escolha da então vila de Babe para celebração do Tratado de 26 de março de 1387 resulta da proximidade a Bragança, ter rede estradal e constituir, a Nordeste, um ponto central na guerra contra Castela, cuja implantação num planalto garantia observação e segurança. Estava-se no rescaldo da feliz vitória de Aljubarrota. Ponto de estação da romanização na região, regista-se a existência de dois castros: no alto da Sapeira, 2,5km a Sudoeste do povoado; e o castro do Cercado, 2km a Sudeste, implantando-se no vale a primitiva Igreja de São Pedro Velho. Pelas Inquirições de 1258, metade do povoado de «Sancti Petri de Babi» pertencia ao Mosteiro do Castro de Avelãs, em copropriedade com os Hospitalários. Decorrente dos levantamentos paroquiais feitos por D. Dinis em 1320-21, Babe foi taxada durante três anos em 100 libras anuais para custear a guerra contra os mouros. Em 1517, a Igreja paroquial, pertença da Casa de Bragança, passa a constituir uma das 15 comendas da Ordem de Cristo, subdividida em 1551 com a de Gimonde, face ao aumento dos rendimentos.
A edificação da atual Igreja data do século XVII, com intervenções de restauro e requalificação no seguinte. As «Memórias Paroquiais de 1758» informam que tinha como anexas as igrejas de Nossa Senhora da Assunção de Gimonde e de Laviados. No seu interior constava o altar-mor, dedicado ao Apóstolo São Pedro, e os laterais de Nossa Senhora do Rosário e Das Almas do Purgatório, este com irmandade. Aponte-se a existência na aldeia de uma tulha das Almas que servia de armazém para as oferendas de cereal. Atualmente sede de freguesia, que agrega a aldeia de Laviados, Babe tem por templos católicos a Igreja matriz de São Pedro, a Capela de São Sebastião e a Capela particular de São José. A Igreja situa-se no extremo Oriental do povoado, em lugar elevado, frontalmente precedida por escadas e delimitada por adro murado. O frontispício é de dois corpos: o inferior tem placa evocativa do Tratado e portal de verga reta moldurada, encimado por frontão interrompido no vértice por cruz e pináculos nas extremidades; o superior, com óculo circular, é de empena truncada por campanário de dupla sineira, coroado por cruz. O interior, de nave espaçosa, é sobrelevado na área do presbitério, delimitado por arco triunfal abatido e apainelado. Tem coro-alto, batistério, púlpito, sacristia e variadas evocações hagiográficas. Os anteriores altares laterais em arcossólio, entretanto vazados, deram lugar a altares colaterais adossados às paredes do arco triunfal, dedicados a Nossa Senhora do Rosário e a Cristo Crucificado. São gémeos, em talha policromada do barroco joanino, com colunas salomónicas de capitel coríntio prolongadas em arquivoltas na direção do ático, decoradas por pâmpanos, fénices e putti. A alusão às Almas do Purgatório consta de pintura no teto em dossel aparente, sobranceira ao altar crístico; sobre o altar da Virgem expõe simbologia mariana. O altar-mor, do barroco tardio e três eixos, tem mesa em forma de urna, bonito sacrário e embasamento com anjos atlantes nas extremidades. O retábulo é definido por três colunas salomónicas azuis de cada lado, com vegetalismos nas espiras e capitéis compósitos, com duas arquivoltas a dar continuidade para o ático. Em tribuna profunda e assente em trono escalonado expõe-se o Sagrado Coração de Jesus. Nos eixos laterais estão imagens de Nossa Senhora de Fátima e do Orago São Pedro, do lado do evangelho e da epístola, respetivamente. O ático apresenta Escudo das Armas Nacionais, ‘amparado’ por anjos alados.

Susana Cipriano e Abílio Lousada

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