No total foram realizadas 25 sessões públicas nas várias aldeias abrangidas. A última decorreu sexta-feira na União de Freguesias de Castrelos e Carrazedo e a população mostrou-se insatisfeita e pouco esclarecida com as ideias apresentadas pelos agentes da empresa. Alexandra Vaz é uma das que se assume contra a realização desta prospecção devido ao “impacto negativo” que uma futura “exploração mineira” trará para “a zona protegido” que é a Serra da Nogueira. Afirma ainda que tem “acompanhado este processo, participando em várias sessões de esclarecimento” de modo a “garantir que as pessoas têm mesmo a informação correcta e são bem informadas em relação a este assunto que é muito importante”, disse.
Já Paulo Trigo afirmou que a sessão pública foi “pouco esclarecedora” e acredita que “já foi feita uma sondagem” e por isso “é que eles têm interesse nesta área”.
Alexandra Pires, foi outra das habitantes que se pronunciou. Admite que é contra a prospeção e que foi até à sessão de esclarecimento público “para saber o que é que querem fazer nos terrenos”, no entanto “a sessão de esclarecimento não serviu para nada”, vincou.
Os presidentes de junta também se reuniram sábado, na aldeia de Formil, para discutir a posição que iriam adoptar em relação ao que foi apresentado nas sessões públicas e o que ouviram da população. Nesta reunião ficou definido, por unanimidade, que vai “haver uma moção das juntas de freguesia do Conselho de Bragança”. Quem o diz é Rui Gonçalves, presidente da aldeia de Gostei, na qualidade de porta voz.
“Ficou definido que vai haver uma moção das juntas de freguesia do Conselho de Bragança, porque já fizeram as suas assembleias, as suas reuniões, e que será levada à Assembleia Municipal de Bragança, no sentido de ser contra o pedido de prospecção. Ficou ainda decidido que as juntas de Vinhais, que ainda não concluíram o processo ao nível das assembleias, que, em princípio, farão uma assinatura conjuncta do mesmo documento para também levar à Assembleia de Vinhais. Portanto, os dois concelhos em uníssono e, sobretudo, as freguesias que, de certa maneira, estão directamente implicadas no polígono da “Valongo 2”, estão contra o pedido de prospecção”, frisou.
Nestas reuniões foram ainda discutidas as “várias razões” que levaram ao parecer desfavorável dos presidentes.
“Em primeiro lugar, a consciência de que nada, ao nível da exploração mineira, pode trazer coisas positivas a esta região, que já é uma região de interior, uma região menos privilegiada que o litoral e se este território, onde há uma mais-valia ecológica e ambiental bastante significativa, se isso se perder, então não há atractivo nenhum nesta região e, portanto, do ponto de vista económico, do ponto de vista social e ambiental, será o fim deste espaço. Por outro lado, também achamos que está na altura do país deixar de ser um país altamente centralizado, acho que as regiões devem aparecer, porque cada região tem o direito de pensar aquilo que quer do ponto de vista estratégico para o seu futuro e isso não está a acontecer”, rematou.
O presidente admite ainda que esta posição pública tem um caracter simbólico uma vez que decorreu após a consulta pública e lamenta que a empresa tenha tido uma atitude “pouco nobre”. Já a título pessoal, Rui Gonçalves, admite que espera agora que os presidentes das câmaras de Bragança e Vinhais tenham uma postura “bastante vincada contra o projecto”.
Da reunião dos presidentes de junta, foi elaborada uma ata que dá conta à população, à Câmara Municipal de Bragança, ao Ministério do Ambiente e à Direção-Geral de Energia e Geologia, a posição unânime e desfavorável dos autarcas em relação ao ‘Valongo 2’, com o objectivo claro de impedir o avanço deste projecto.
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