O amanhecer trouxe uma névoa espessa sobre Bragança, cobrindo a cidade e as florestas vizinhas. Afonso reuniu Lídia, Baltasar, Miguel e alguns outros jovens corajosos antes do sol romper totalmente o horizonte.
- Hoje, enfrentaremos algo diferente, disse ele, a voz firme, mas carregada de tensão.
- Não nos bastará a força. Precisaremos de inteligência, coragem e discernimento.
Seguindo os símbolos que Lídia estudou, o grupo avançou para a clareira na floresta, onde os seres tinham dado o aviso. A névoa tornava as árvores indistintas, e as sombras em possíveis armadilhas. O silêncio era absoluto, apenas cortado pelos passos cuidadosos sobre a neve húmida.
De repente, uma voz ecoou pela floresta:
- Apenas aqueles que provarem compreensão poderão avançar.
Antes que pudessem reagir, a névoa condensou-se em formas vagamente humanas, criando obstáculos ilusórios, caminhos que pareciam levar ao centro da clareira, mas que levavam de volta à beira da floresta, árvores que mudavam de posição, como se a floresta tivesse vida própria.
- É um labirinto, murmurou Miguel, olhando ao redor com os olhos arregalados. - Mas… parece testar os nossos sentidos e não a nossa força.
Lídia estudou os símbolos gravados nas árvores e nas pedras próximas:
- Precisamos de decifrar o padrão. Observem as marcas e ouçam os sussurros do vento. Os gestos deles são pistas.
Afonso liderou o grupo com calma, analisando todos os detalhes. As flechas não seriam necessárias, a prova era de percepção, estratégia e coragem silenciosa. Um passo em falso e o labirinto parecia reorganizar-se, confundindo os exploradores.
Baltasar, apoiando-se no bordão, percebeu uma sequência:
- Sigam a direção do vento e o ritmo das sombras. Eles indicam o caminho certo.
Com cuidado, passo a passo, chegaram ao centro da clareira. Ali, os seres materializaram-se, revelando-se mais claramente. Pareciam guerreiros antigos, com armaduras desgastadas pelo tempo, mas com olhos vivos e conscientes.
- Vocês compreenderam a prova, disse um deles. - Força sem entendimento leva à destruição. Sabedoria sem coragem leva à paralisia.
Lídia aproximou-se, emocionada:
- Então… podemos aprender convosco? Podemos proteger Bragança e, ao mesmo tempo, respeitar o que guardam?
O ser acenou lentamente.
- Haverá mais provas. E nem todas serão simples. Mas aqueles que aprendem a ouvir antes de agir estarão prontos.
Afonso respirou fundo, olhando para a floresta enevoada:
- Bragança sobreviverá. Não apenas porque lutamos, mas porque aprendemos a ouvir, a entender e a agir com sabedoria.
Enquanto regressavam à cidade, a névoa começou a dissipar-se, revelando o contorno das muralhas cobertas de neve. Mas a sensação de que algo maior se aproximava persistia. O teste tinha terminado, mas o desafio real ainda estava para vir. Bragança precisaria de unir coragem, inteligência e confiança para enfrentar o que a floresta escondia.
Continua...
N.B.: A narrativa e os personagens fazem parte do mundo da ficção. Qualquer semelhança com acontecimentos ou pessoas reais, não passa de mera coincidência.

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