Por: Paula Freire
(colaboradora do Memórias...e outras coisas...)
Há nele a linguagem dos abismos. O Mar.
E um corpo que respira a origem do silêncio
nascido no gesto maternal da infância.
Tão ardente de memória!
Talvez me sonhe saudade…
.
Mas só o rubor da brisa
e o ouro das velhas nuvens que cheiram a casa
no outono
e ao sal de um sabor quente,
acorda aquela confissão de quem se descobre
dentro da lágrima incerta
na paisagem escondida do rosto.
Como o adormecer das águas frias
num céu de asas curvas.
.
O movimento inocente das ondas
corre-me na sede dos olhos.
Uma cisma de ilusão feita de futuros distraídos.
Uma promessa milagrosa
erguida
entre duas marés.
.
O mar…
Essa transparência de azul
e de vida
que cabe, tão livre e nu,
num intervalo
de ternura e humanidade.
- Paula Freire -
Paula Freire - Natural de Lourenço Marques, Moçambique, reside atualmente em Vila Nova de Gaia, Portugal.
Com formação académica em Psicologia e especialização em Psicoterapia, dedicou vários anos do seu percurso profissional à formação de adultos, nas áreas do Desenvolvimento Pessoal e do Autoconhecimento, bem como à prática de clínica privada.
Filha de gentes e terras alentejanas por parte materna e com o coração em Trás-os-Montes pelo elo matrimonial, desde muito cedo desenvolveu o gosto pela leitura e pela escrita, onde se descobre nas vivências sugeridas pelos olhares daqueles com quem se cruza nos caminhos da vida, e onde se arrisca a descobrir mistérios escondidos e silenciosas confissões. Um manancial de emoções e sentimentos tão humanos, que lhe foram permitindo colaborar em meios de comunicação da imprensa local com publicações de textos, crónicas e poesias.
O desenho foi sempre outra das suas paixões, sendo autora das imagens de capa de duas obras lançadas pela Editora Imagem e Publicações em 2021, “Cultura Sem Fronteiras” (coletânea de literatura e artes) e “Nunca é Tarde” (poesia), e da obra solidária “Anima Verbi” (coletânea de prosa e poesia) editada pela Comendadoria Templária D. João IV de Vila Viçosa, em 2023. Prefaciadora dos romances “Amor Pecador”, de Tchiza (Mar Morto Editora, Angola, 2021), “As Lágrimas da Poesia”, de Tchiza (Katongonoxi HQ, Angola, 2023), “Amar Perdidamente”, de Mary Foles (Punto Rojo Libros, 2023) e das obras poéticas “Pedaços de Mim”, de Reis Silva (Editora Imagem e Publicações, 2021) e “Grito de Mulher”, de Maria Fernanda Moreira (Editora Imagem e Publicações, 2023). Autora dos livros de poesia: Lírio: Flor-de-Lis (Editora Imagem e Publicações, 2022) e As Dúvidas da Existência - na heteronímia de nós (Farol Lusitano Editora, 2024, em coautoria com Rui Fonseca).
Em setembro de 2022, a convite da Casa da Beira Alta, realizou, na cidade do Porto, uma exposição de fotografia sob o título: "Um Outono no Feminino: de Amor e de Ser Mulher".
Atualmente, é colaboradora regular do blogue "Memórias... e outras coisas..."- Bragança e da Revista Vicejar (Brasil).
Há alguns anos, descobriu-se no seu amor pela arte da fotografia onde, de forma autodidata, aprecia retratar, em particular, a beleza feminina e a dimensão artística dos elementos da natureza.


Excelente poema, onde a natureza humana é evidenciada de modo marcante, numa intermitência que demonstra a significância de uma vida.
ResponderEliminarAgradeço pelas suas palavras e pela atenção na leitura. É nela que um poema encontra, também, uma razão de existir.
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