Como pode alguém, com muitos anos de dedicação a uma escola, “emalar as malas e zarpar” como se não fosse gente com sentimentos, esperanças, dignidade e direito a um futuro?
Como pode a tutela dizer-nos que quer baixar o insucesso escolar aumentando o número de alunos para 26 (mínimo) por turma? Massificar é o Remédio para o sucesso?
Como pode alguém “vestir a camisola” de uma instituição que o descarta para depois lhe prometer repescá-lo para actividades que visam a diminuição do abandono escolar?
... Como pode um professor motivar jovens que vêem à sua frente um futuro sem o ser, uma negação de esperança, um sonho que é um pesadelo e cuja luz ao fundo do túnel é ficar RICO de repente (não interessa como)? Os alunos de hoje não são os dos anos 60, os alunos do profissional não são os alunos dos cursos científicos ou artísticos que têm como meta a entrada em faculdades com médias altíssimas.
Como pode alguém que é PESSOA (não o ilustre poeta, mas todos os que prezam a sua dignidade e a dos outros) aceitar pacificamente todo este desnorte economicista que “poupa na farinha para gastar no farelo”? Isto, meus senhores, isto vai dar “raia”. Os professores vão sentir-se cada vez mais desmotivados (e não há avaliação que lhes valha) e os alunos cada vez mais “nem nem “ (nem estudar, que é uma seca, nem trabalhar porque não há onde nem vale a pena: enfermeiros a 4.80€ e médicos a 11€…
Como pode ficar indiferente ao MEDO instalado alguém que foi educado para a coragem, para a veneração dos Heróis do Mar, alguém que se sente parte do nobre povo?
Como pode alguém ficar indiferente ao ver colegas que, como RATOS, se apressam a ir dizer à comissão de horários Eu sou o primeiro ou o quarto do grupo e quero as turmas tais e tais ou as disciplinas tais e tais? Como vamos olhá-los nos olhos, como lhes vamos confiar a EDUCAÇÃO dos nossos jovens? Que Mestres vão ser eles? Que exemplos vão dar?
Eu não estou em perigo. Sou demasiado velha.
Tão velha que me lembro dos professores que me marcaram pelo exemplo.
Tão velha que me lembro do respeito pelos outros, pela sua dignidade.
Tão velha que sou do tempo dos lenços e dos guardanapos de pano, das pessoas que não se deitavam fora, dos empregados que se mantinham e acarinhavam até ao fim da vida, que se traziam para nossas casas quando doentes.
Vi os meus colegas da Direcção empenhados, esforçados, revoltados, impotentes a “salvarem” um a um os colegas conforme o número de alunos. Vi-os sofrer por serem coagidos a atitudes com que não concordam, por os saber VERDADEIRAMENTE solidários.
Vamos fazer vigílias? Vamos escrever cartas? Vamos fazer textos de desabafo como este?
NÓS PODEMOS, NÓS TEMOS DE FAZER ALGUMA COISA!
Ana Fontes
Escola Secundária de Monserrate em 18 de Julho do ano da Desgraça e da Vergonha de 2012
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A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)
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Henrique, já estou a sem palavras para poder mostrar a revolta... E olha que a minha vida profissional não tem sido fácil. Mas compensada pelo gosto e pelo prazer da profissão!
ResponderEliminarAos 42 anos pegar na ‘trouxa’ toda, apenas porque quero fazer a coisa que mais gosto de fazer, não foi (é) uma decisão simples e muito menos fácil...
Mas que se desenganem todos: lurdes, alçadas, cratos... Já todos foram ou em vias de, e eu continuo cá. Nenhum deles me rouba os meus sonhos e os meus ideais. Eu não deixo!
Bjis :)
Sim, como pode?!
ResponderEliminarComo pode estar uma classe tão desunida, onde cada um só olha para o seu próprio umbigo!?
Onde está a coragem e resistência dos 150.000 Professores e Educadores, que não há muito tempo e oriundos de todos os cantos do país conseguiram unir esforços e manifestar-se contra situações bem menos graves que esta? ONDE?
Em defesa de uma Educação Pública de qualidade, por favor MEXAM-SE
Minhas Amigas.
ResponderEliminarSabeis bem que vos compreendo, tal como sabeis perfeitamente que entendo a vossa "revolta".
Pouco me resta fazer a não ser demonstrar a minha solidariedade para com as Vossas causas e prometer-vos, solenemente, que serei sempre e em todos os areópagos, onde tenha assento, mais uma voz a defender a justeza da Vossa luta.
bjs