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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Restituição de Roubo

Local: Castrelos, BRAGANÇA, BRAGANÇA
Informante: Joana Maria Alves (F), 74 anos

Uma vez também (mas isto foi realidade, não foi mentira), um senhor morreu. Tinha um sobrinho, tinha filhos, mas tinha aquele sobrinho. Passado tempos, ele, apareceu ao sobrinho, mas o sobrinho não lhe quis falar porque os filhos eram... não queriam crer em nada e o sobrinho disse assim: 
 - Anda que deixa lá, vai aparecer aos filhos, não vou dizer nada, não te ligo e pronto. O homem desapareceu, pronto... Ele chegou a casa dos primos e disse-lhe: 
 - Olhai, vi o vosso pai. 
 - Ah! és um mentiroso! 
 O irmão mais velho disse assim: 
 - Não é mentiroso nada, porque eu também já vi mas também não quis falar porque já sei como é que vocês são. 
 Pronto, o rapaz saiu e foi falar com o senhor padre, contou-lhe o assucedido. O senhor padre disse-lhe assim: 
 - Olha, quando voltares a sair, tu dizes-lhe: “em nome de... da parte de Deus te recreio” e benzes-te, porque se for ele, ele responde-te logo, nem te deixa acabar de falar. 
 Pronto, o rapaz saiu. Dali a uns tempinhos foi levar então um carro de estrume. Tinha uns bois muito bons e levou um carro de estrume lá para uns terrenos. Mas eram muito ao cimo e ele ia atrás do carro. Nisto, os bois pararam. Oh! O homem ficou admirado: 
 - Mas o que é que se passa! 
 Picou-os lá, mas com aguilhada, mas não andavam. Ele foi à frente e lá estava o tio com a mão em cima do jugo. 
 (- Diz, bó que) Ele ia para dizer: “da parte de Deus te recreio”, como o senhor padre lhe tinha dito, e ele diz: 
 - Não te assustes que sou o teu tio. 
 - Que é o meu tio vejo eu, o que é que o senhor quer? 
 - (Diz: ) Olha, quero que vás ao S. Gêze, a Baçal, e que lhe leves uma telha roubada. Fazes-me isso? 
 - (Diz: ) Eu faço.
 O rapaz assim foi, veio dali a dois ou três dias, foi então a Baçal, levou uma telha roubada, entregou-a ao S. Gêze. Uma promessa simples. Mas isso foi mesmo realidade, foi mesmo aqui.


Fonte: Arquivo do CEAO (Recolhas Inéditas)

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