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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sexta-feira, 20 de julho de 2012

O Forno do concelho e o fabrico do pão

O único forno existente na aldeia era o forno comunitário, chamado o forno do concelho, ainda hoje operacional, mas agora com pouco uso.
É uma construção simples de granito, durante muitos anos coberta de colmo, de há umas décadas para cá com cobertura de telha vã, sem outra luz natural que a fornecida pela porta.
Habituados os olhos ao escuro, pode ver-se, em frente, o forno propriamente dito, com uma cruz esculpida no exterior da cúpula; à esquerda, o estendal de fingir e tender o pão; na parede oposta à boca do forno, a masseira de madeira; e do lado direito, a bancada de granito, coberta de palha, que servia de banco para a tagarelice das noites de Inverno e de catre para os pobres dormitarem misérias. Embutido na parede, ao lado direito da porta, um nicho para expor as senhas da marcação de vez.
Embora cada fornada de centeio durasse cerca de uma semana numa família média, o forno tinha poucos dias de paragem. De Segunda a Sábado, desde manhã até noite dentro, a laboração era contínua, excepção feita para a Semana Santa e o Natal.
As regras de funcionamento eram conhecidas de todas as vizinhas e cumpriam-se escrupulosamente:

- A vez de utilização do forno era marcada pela pá da massa, ou outro sinal conhecido, no nicho à entrada da porta;
- Cada forneira tinha a seu cargo deixar a masseira limpa e preparar o fermento para quem se lhe seguisse;
- A lenha para aquecimento do forno era da responsabilidade de cada utilizador, a menos que a paragem do forno, no Inverno, fosse de dois ou mais dias, circunstância em que o aquecimento inicial era partilhado pelas forneiras em lista de espera;
- O forno dispunha dos utensílios necessários, como a pá de enfornar, os lareiros de rapar e varrer, cabendo a cada utilizador mudar o varredouro de giesta no fim da fornada. Era frequente, todavia, que estes utensílios fossem trazidos de casa.
- As roupas necessárias à confecção do pão - lençol da massa, cobertores e mantas de levedar e fingir, bem como a pá da massa - eram da responsabilidade de cada forneira;
- Os trabalhos de conservação ou reparação do forno eram da responsabilidade de todos os vizinhos.


(...)
in Quem me dera naqueles montes...
in:jornal.netbila.net

1 comentário:

  1. Em Lagoaça não existiam fornos do concelho. Existiam cinco fornos (décadas de 60/70) de utilização comunitária que eram propriedade privada. O dono do forno contratava uma forneira, que geralmente era paga com bens de consumo (pão,cordas,sapatos, saias,...) e ultimamente em dinheiro. Os utilizadores pagavam um pão com 3kg(a póia)e duas peneiraduras de farelos, por cada saco de farinha (50kg)que coziam. Estavam associados em grupos, de familiares ou vizinhos (por ruas)que coziam alternadamente e dividiam o pão pelo grupo. Desta forma o pão mantinha-se mais fresco e não se estragava. Cada pão tinha um peso obrigatório de três kg.

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