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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira..
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

sexta-feira, 17 de setembro de 2021

... quase poema... ou em boa companhia

Por: Fernando Calado
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)

Pouco me dói o Inverno... e esta noite ficarei aqui...sentado ao lume acreditando que o mundo termina bem perto da Senhora da Serra. A minha avó nunca viu o mar...nem andou de comboio, mas esperou durante uma vida, pacientemente que chegassem os almocreves... a quem era preciso dar de comer, aquecer ao lume e fazer a cama no amanho da palha nova. 
Ouviu dizer que o comboio chegava ao Porto em 8 horas e não entendia porque os homens tinham tanta pressa se ela tinha o tempo todo do mundo para viver e ser feliz! Se ela tinha um ano inteiro para criar os filhos, semear a horta, fiar o linho, tecer a colcha, matar o porco, fazer o fumeiro, aturar o Soto, guardar o Sábado e ser feliz!
Por isso regressei a casa minha amada e quando sinto frio aconchego-me no teu xaile e espero que cheguem outros almocreves que também descobriram o segredo de viver sem tempo.
És tao linda, Maria Oliveira minha avó... hoje vamos passar o serão só nos dois... tu bordas uma toalha em ponto de crivo...talvez uma vizinha se encante e queira comprar... judia antiga...que nasceu no ritual maior do negócio...enquanto tu bordas eu escrevo coisas que não servem para nada e assim passamos a noite!
...ouvi dizer que agora já se vai de Milhão ao Porto em 2 horas... como os homens tem pressa! 
... Mas isso é bom minha avó... um serão destes explico-te porquê para que a ingratidão não ensombre a nossa alma e possamos sonhar com outros mundos que ouvi dizer que se perdem de vista lá para os lados da Terra Quente....
... vamos fazer uma torrada e café no pote, não te esqueças de lhe deitar uma brasa para que assente!
...és tão bonita!


Fernando Calado
nasceu em 1951, em Milhão, Bragança. É licenciado em Filosofia pela Universidade do Porto e foi professor de Filosofia na Escola Secundária Abade de Baçal em Bragança. Curriculares do doutoramento na Universidade de Valladolid. Foi ainda professor na Escola Superior de Saúde de Bragança e no Instituto Jean Piaget de Macedo de Cavaleiros. Exerceu os cargos de Delegado dos Assuntos Consulares, Coordenador do Centro da Área Educativa e de Diretor do Centro de Formação Profissional do IEFP em Bragança. 
Publicou com assiduidade artigos de opinião e literários em vários Jornais. Foi diretor da revista cultural e etnográfica “Amigos de Bragança”.

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