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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

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COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira..
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

sexta-feira, 24 de setembro de 2021

The grapes of wrath

Por: António Orlando dos Santos (Bombadas)
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")

As vinhas da ira de John Steinbeck é dos livros, pertencentes à literatura americana, de que mais gostei. Perguntar-me-ão: porquê? E eu direi que é um autêntico libelo acusatório, que publicado em 1939 é para mim a obra-prima de Steinbeck.
Vem a propósito que eu o releia de novo e faça as comparações que se me apresentarem como possíveis com aquilo que se passa em Portugal no momento em que se elegerão os homens e mulheres que ocuparão as cadeiras do poder autárquico, que nos condicionarão na nossa vida e como na história de 1939 o poder de alguns se transforma em abuso e o Zé Povinho se vê confrontado com o facto de lhes ser retirado o direito ao trabalho devido aos interesses de alguns, por preconceito e perfídia.
E antes de outra razão que aponte para explicar o facto de eu estar a chamar à liça tal exemplo digo que vi ontem na RTP, Canal 2 um apontamento sobre tal história que me pareceu de alta qualidade. Com imagens do filme feito a partir do livro e a opinião crítica de duas senhoras que estudaram a obra de Steinbeck profundamente, foi um momento de grande regozijo ouvir a apreciação de ambas, sem preconceito ou distorção.
Sumariamente é um conto que fala da depressão (Grande Depressão) e do movimento de fuga à miséria que grassava particularmente no Estado de Oklahoma de uma família que se dirige como milhares de outros à Califórnia, onde os grandes pomares esperavam que lhes fosse colhida a fruta pois era tempo para tal. A filosofia dos grandes latifundiários e donos dos pomares queriam que estes imigrantes trabalhassem como escravos e nas piores condições sanitárias que faziam lembrar as condições dos escravos nos Estados do Sul. A luta por um salário digno e condições de descanso e saúde pública são narrados pelo escritor duma forma em que a técnica é descrever o tempo e o espaço com um vocabulário fluido e que nos prende ao livro e a ação dos personagem levando a descrição de atitudes do mais pérfido egoísmo por parte dos fazendeiros e de uma insubmissão inata do lado dos imigrantes que partindo de uma xenofobia vinda do fundo do tempo e sempre usada pelas classes altas para com o homem humilde, este responde com alguma astúcia e perseverança nos confrontos com os fazendeiros e a polícia que era por eles  manobrada.
Os Okies, como eram chamados os de Oklahoma, haviam perdido as suas terras porque o clima havia sofrido mudanças drásticas nos últimos anos, levando a que as colheitas fossem paupérrimas e os lavradores não conseguissem ganhar o suficiente para pagarem as hipotecas aos bancos que sem dó nem piedade os desalojavam das suas propriedades deixando-os assim na mais humilhante miséria.
E aí a sua corrida para Oeste começou até se tornar numa aventura épica que Steinbeck descreveu de forma fenomenal.
Disse o poeta: -mudam-se os tempos e as vontades, mas a verdade é que isto é poesia mas as condições de vida são lentas a melhorarem, tanto na América como entre nós que continuamos a depender de muitas coisas que nos são negadas por uma outra elite que com o poder que lhe foi conferido democraticamente faz conluio com empresas e grupos que usam o seu poder financeiro para praticarem atos de pura desonestidade, fazendo com que a riqueza do país desapareça e continuemos na cauda da Europa e o povo seja obrigado a emigrar neste caso para o estrangeiro onde o racismo e a xenofobia estão em alta e o esbulhar dos direitos dos trabalhadores são de novo postos em prática e o capital subjuga os que tentam manter em vigor, direitos liberdades e garantias devido à prática corrente de mandar o dinheiro para a Suíça ou outros paraísos fiscais como Off Shores & On Shores onde o escondem tão bem que algum nunca mais sai de lá porque têm tanto cá que até se esquecem do que lá põem.
Alguns outros acabam por fugirem à Justiça e retirarem-se para onde ninguém os incomoda e podem usar plenamente o Euros que desviaram.
Claro que aqui como em todo o mundo há gente da alta que são cidadãos honestos e há que dizê-lo alguns tentam remar contra a maré e porfiam para que haja mais equilíbrio e a distribuição seja mais justa e clara.
Bom, deveria eu explanar mais esta história fantástica que como explicou ontem a Senhora que comentava a ideia cimeira de Steinbeck que era primeiramente dar realce à atividade do grupo e não caprichar tanto na individual.
A verdade é que para mim a história e a forma narrativa é ainda hoje uma obra-prima da literatura não só americana, como mundial.
Por fim aconselho a leitura desta obra, agora, em tempo de eleições e digam-me se o meu conselho tem de facto o interesse que lhe atribuo.
Compartilhei hoje convosco algo que sinto há muito tempo e que me foi relembrado pelo Canal 2 que passa coisas fantásticas, tais que comparadas com as das outras Estações as deixa a anos-luz pela oportunidade e valia.



Bragança, 23/09/2021
A. O. dos Santos
(Bombadas)

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